Refúgios para ioga no Nepal

Região de Pokhara, aos pés do Himalaia, vem se transformando em destino ideal para quem quer investir na prática

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Por James Nestor e NYT
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A leve bruma da manhã cobria a superfície cinza do Lago Phewa, que reflete os picos do Himalaia. "Respirar corretamente eleva a mente e o espírito", sussurrava Amar Puri, o guru, enquanto pingava água salgada nas narinas. "Agora, estou pronto para a ioga." Os 12 alunos do Sadhana Yoga, um retiro humilde na região, começaram a fazer o mesmo. Por um momento, muitos pensavam em quão longe estavam de casa só para praticar ioga na sombra das montanhas mais altas do mundo. Pokhara, 900 metros acima do nível do mar e muito distante dele, é uma cidade com 200 mil habitantes no meio do Nepal. Tem um centro movimentado onde alpinistas e mochileiros costumam se abastecer antes da conquista do Circuito Annapurna. Mas, atualmente, o principal atrativo da região é o silêncio. Uma dezena de retiros para ioga se instalou nos arredores de Pokhara, transformando o trecho num dos principais destinos de ioga do Nepal. Após anos ensinando as técnicas no centro da cidade, Puri abriu seu estúdio, o Sadhana Yoga, na vilinha de Sedi Bagar. "Buscava um lugar calmo para meditar", ele explica. O retiro inclui um prédio de quatro andares pintado de laranja fluorescente. São nove quartos, onde podem dormir até 17 pessoas. A natureza está em cada canto: pássaros costumam voar na cozinha e um bebê leopardo foi visto por ali. O dia começa com meditação, às 6 horas, seguida por uma caminhada e por uma limpeza nasal, para facilitar a respiração, tão importante na prática. Depois, uma hora de hatha yoga, que enfatiza a purificação mental e corporal. Tudo isso antes do café. As refeições são vegetarianas - cafeína e álcool estão banidos. Mas os alunos parecem satisfeitos com a vida monástica. "Esta foi a primeira vez em que realmente pratiquei ioga", disse o americano Matt Smith. Na turma também havia chilenos, russos e australianos. O estúdio de ioga de Rishay Pokhel (na foto abaixo), também nos arredores de Pokhara, é ainda menor. Inaugurado em fevereiro, pode receber só seis alunos. As práticas - feitas perto do pomar - duram duas horas e mesclam posições de hatha ioga com alongamentos inimagináveis. Dez dias de retiro custam cerca de 6.500 rupias (R$ 157). Apesar de a maioria dos centros de ioga da região serem rústicos, estão surgindo opções para turistas mais exigentes. O Begnas Lake Resort, por exemplo, tem chalés que lembram uma estação de esqui suíça. As Montanhas Annapurna estão no cenário da prática matinal, feito num bem arranjado pavilhão. Num dia de março, um instrutor tentava ensinar a um grupo de senhoras europeias as posições mais rudimentares do ioga e alguns exercícios de respiração. Quem tinha mais experiência mal conseguia disfarçar os bocejos. Mas aí o visual fez a diferença. O instrutor pediu que todos se virassem para o leste. O sol estava nascendo por trás dos picos nevados do Himalaia.

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