PILSEN - A palavra boêmio define tanto a pessoa festeira quanto os povos de uma região específica na Europa central, que assim costumavam ser chamados em referência ao estilo de vida dos ciganos que habitavam a área no século 15. Na República Checa, porém, os dois significados da palavra se cruzam há pelo menos oito séculos.
Além de ser o coração do então Reino da Boêmia, que existiu do século 13 ao 20, antes de dar lugar à Checoslováquia, o país sempre investiu na produção de cervejas, desde os antigos mosteiros até as fábricas atuais. E bebe tanto quanto produz: os checos são os maiores consumidores da bebida no mundo. Cada habitante “enxuga”, em média, 143 litros por ano. Uma marca de respeito que já foi maior, de 165 litros.
“
(A cerveja)
ficou mais cara”, justifica Magda Callerova, nossa guia pelas ruas da capital, Praga. Na verdade, o custo de vida nessa parte da Europa subiu. Ainda assim, trata-se de um dos destinos mais em conta para brasileiros no continente em tempos de real desvalorizado.
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Para se ter ideia, o tour guiado pela
, cervejaria em Praga que fabrica a bebida há mais de 500 anos, sai por 200 coroas checas, com degustação ilimitada. Sim, são cerca de R$ 27 para beber quanto
pivo
, o nome local da cerveja, você quiser ou aguentar. Foi a melhor que provei na cidade.
Encontrar cerveja boa e barata jamais será uma dificuldade na República Checa, e algumas, pela tradição de séculos que carregam, merecem atenção especial. Aos bons bebedores, o nome Pilsen vai soar familiar. Ele batiza uma cidade a 100 quilômetros de Praga e o tipo de cerveja, leve e clara, que foi inventada lá.
É na fábrica da Pilsner Urquell que você experimentará a mais autêntica de todas as pilsens que já tomou na vida. Sem filtragem, sem pasteurização, tirada direto de tonéis para a caneca. Se vale a pena? Vale a viagem inteira, na verdade.
Maltados.
O passeio por Pilsen começa nas dependências antigas da fábrica da Pilsner Urquell e segue por sua área mais moderna, onde hoje é produzida a bebida que nasceu na Idade Média, quando era feita em pequenas quantidades nas casas dos moradores, e hoje é exportada ao mundo inteiro. Os tours de duas horas custam 200 coroas (R$ 27;
).
Para saber ainda mais sobre a história e o preparo do “pão líquido” dos checos, vale passar depois no Museu da Cerveja, que fica em um prédio do século 15 também de propriedade da Pilsner Urquell – embora com localização independente. Ali, a viagem pela longa trajetória da bebida, desde a Mesopotâmia até os dias atuais, provoca o olfato e o paladar: além de objetos profissionais e curiosos, o forte cheiro de lúpulo e o sabor da cerveja servida para degustação fazem parte do programa (120 coroas; R$ 16). Por mais 90 coroas (R$ 12), visite os tonéis subterrâneos da cidade, onde provamos a já citada cerveja retirada diretamente do tonel.
Chegamos até aqui e você não gosta de cerveja? Então saiba que em Karlovy Vary, a 200 quilômetros de Praga, há como mergulhar na bebida, literalmente, sem precisar experimentá-la. Famoso por suas águas termais (leia mais na página 8), o balneário também tem spas que usam a cerveja nos tratamentos estéticos, como o
(1.600 coroas ou R$ 215 a hora). Na banheira, a bebida é misturada com a água naturalmente quente. Verdade seja dita: ficamos, eu e o maiô, cheirando a lúpulo depois. Mas a sensação de relaxamento valeu a pena.
Seja deitada na jacuzzi aquecida a 37 graus, ao lado de uma torneira de onde a cerveja escorre gelada e à vontade para a caneca, ou sentada à mesa de um antigo mosteiro agostiniano, atualmente um hotel, onde a receita criada por monges do século 13 é mantida e servida até hoje, não há dúvidas: a boemia é mesmo a vocação desse pedaço do mundo. Vá em frente, com direito a brinde. Saúde, ou melhor,
n zdraví!
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DICAS DE COMPRAS E SABORES NA REPÚBLICA CHECA
Comer na rua.
Em Praga, é praticamente irresistível não parar para experimentar um prato com salsichas no centro da Torre Astronômica ou o famoso trdlo (ou trdelnik), uma espécie de rosca doce que, recheada com doce de leite, fica ainda melhor (67 coroas; R$ 9). Para levar para casa, caixas com waffles redondos de sabores diversos são boas pedidas (27 coroas ou R$ 3,63 o pacote com meia dúzia).
Rua do luxo.
A Cidade Velha de Praga tem uma Paris para chamar de sua, pelo menos quando o assunto é moda. A Rua Parizka é uma concentração de lojas de grife como Prada, Hermés, Gucci e Ermenegildo Zegna.
Festivais líquidos.
Setembro e outubro são meses de festa na República Checa. Além do Dia de São Venceslau, patrono do país, no dia 28 de setembro, festivais como o Pilsen Fest, em outubro, reúnem música local, concursos de bartender, artesanato, comidinhas e muita cerveja aos visitantes.
SAIBA MAIS Aéreo:
Para outubro, a
tem ida e volta com parada em Amsterdã por R$ 3.123; na
o trecho custa R$ 4.692 e na
, R$ 5.8834, ambas com conexão em Frankfurt. Já na
, a parada é em Dubai e sai por R$ 4.143.
Moeda:
R$ 1 vale 7,50 coroas checas; muitos lugares aceitam euro também.
Site:
*A repórter viajou a convite de Cezech Tourism e KLM.