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Reserva de Huilo Huilo: para quem gosta de adrenalina ou calmaria

Considerada reserva da biosfera pela Unesco, parque no sul do Chile guarda paisagens intocadas e atividades no meio da natureza

Por Everton Oliveira
Atualização:
Para os corajosos, esporte na neve Foto: Divulgação

HUILO HUILO - No sul do Chile, o que um dia foi área de extração de madeira deu lugar a uma reserva perfeita para quem gosta de turismo ecológico. Rios, lagos, trilhas e cachoeiras fazem de Huilo Huilo um oásis de pura contemplação. A beleza do local – não por acaso, declarado reserva da biosfera pela Unesco – é proporcional à dificuldade de chegar a este pequeno ponto da região de Los Rios: são 2h30 desde o aeroporto de Valdívia, a 1h30 de voo de Santiago. 

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Se precisar de um estímulo extra para desembarcar ali, é só ter em mente que Pablo Neruda a mencionou em seus poemas. Che Guevara também andou por essas paradas de moto, na aventura retratada por Walter Salles em Diários de Motocicleta (2004). 

É verdade que muito pouco mudou no cenário local desde que ambos passaram por lá. Apenas foram adicionadas trilhas, cabos, barcos e possibilidades múltiplas para o turista entrar em contato direto com a natureza. 

Você pode, por exemplo, começar a explorar a região pelas cachoeiras – o som das quedas d’água, que chegam a 40 metros de altura, ecoa pela reserva. A fama dos saltos Huilo Huilo e del Puma é justificada – para chegar, é preciso encarar uma caminhada ao longo do Rio Fuy. No caminho, a diversidade da flora do Bosque Úmido. Nada muito desgastante: são apenas 2 quilômetros, ida e volta, percorridos em quase 2 horas de passeio. Cada queda d’água tem três níveis de mirante – vá até onde seu fôlego permitir.

Outra aventura é percorrer o bosque do alto, no Canopy XL, conhecido também como Voo do Condor: um conjunto de cinco tirolesas a 90 metros de altura. No trajeto de 2h30, uma panorâmica de vales verdes, cursos d’água e vulcões. Muito radical para você? Há outras duas opções de canopy, uma exclusiva para crianças e outra, de 1h30 de duração, para corajosos em geral.

Mas o mais imponente monumento é o Lago Pirihueico, um gigante de 30 quilômetros quadrados, que alcança até o lado argentino. Uma boa forma de explorá-lo é na Travessia Selva Patagônica (travesiaselvapatagonica.com), um passeio de quatro horas que tem no itinerário Porto Fuy e a cidade argentina de San Martín de Los Andes. No caminho, aproveite para ficar em silêncio por alguns momentos para absorver a paz emanada pela paisagem. 

A entrada no parque é gratuita e as atividades, pagas à parte. É possível fazer a reserva diretamente nos quatro hotéis instalados dentro do parque ou pelo site huilohuilo.com.

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Por dentro dos vulcões. Não só de atividades físicas é feito o turismo ecológico. O Museu dos Vulcões de Huilo Huilo oferece um bom panorama sobre a geologia e a cultura local. Uma mostra arqueológica apresenta os diferentes povos que habitaram o Chile – ali, está exposta a segunda maior coleção de objetos da cultura mapuche do país. No centro do museu, uma grande cúpula em forma de diamante compõe a sala que funciona como observatório de estrelas.

 

 

 

Pucón

Lago Pirihueico alcança até o lado argentino Foto: Divulgação

A primeira impressão não é nada acolhedora. Pelo contrário: a vista da janela se mostra até apavorante, com um imponente vulcão expelindo fumaça. Penso em correr, em gritar, mas escolho manter a calma e ir à recepção do hotel. Uma sorridente atendente me tranquiliza: “Que bom, espero que continue assim. As grandes erupções acontecem quando a cratera fica tampada, sem espaço para respirar, e bum! Explode”. 

O Vulcão Villarrica, em Pucón, a 785 quilômetros de Santiago, é um dos mais ativos da América do Sul. Para o povo nativo, os mapuches, é conhecido como Rucappillán, ou “casa do demônio”. A última erupção data de 1984 e, passados 30 anos, ainda é possível ver as marcas deixadas pela lava escorrida. Para minha sorte, durante a estadia, a fumaça não cessou nem um minuto.

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Pucón está a apenas 2 horas de Huilo Huilo e pode ser um bom complemento para quem tem mais tempo na região. O próprio Villarrica é uma de suas atrações: quem tem fôlego pode chegar ao seu topo em uma subida que, embora não seja radical, tem lá seus percalços. 

Para começo de conversa, é preciso caminhar por uma espessa camada de neve, com raquetes de neve nos pés e bastões para dar apoio. É cansativo, mas fácil de acostumar. Bom preparo físico e roupas apropriadas são importantes – afinal, a subida leva cerca de 5 horas. Em meio ao percurso, a impressionante mistura da neve com a vegetação me fez esquecer da fumaça do vulcão. 

O maior desafio, contudo, foi o tempo. Com a previsão meteorológica desfavorável, não pudemos chegar ao topo, a 2.847 metros de altitude. Não vi, mas soube que lá do alto é possível observar a impressionante cratera com lava em ebulição e desfrutar de uma vista repleta de outros vulcões no horizonte, como o Lanín e o Osorno, além dos lagos que abundam pela região. Como diz o ditado, para descer todo santo ajuda: são duas horas de descida.

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Além de caminhar, também é possível deslizar pelo vulcão abaixo. Na encosta funciona uma estação de esqui com boa infraestrutura e 20 pistas para esquiadores de todos os níveis. Outra vantagem é a baixa altitude: o ponto mais alto da estação está 2.400 metros acima do nível do mar. As pistas abrem de julho a setembro; mais em skipucon.cl

Às águas. Saindo da neve, mas sem diminuir o ritmo, a região tem também opções para os meses mais quentes, como canyoning, escalada e mountain bike. O rafting no Rio Trancura tem duas opções de descida: uma pela parte alta, com maior duração, e outra pela parte baixa, menos radical. Se você prefere mais contemplação e menos adrenalina, há ainda a opção de trekking e cavalgada. 

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Seja qual for sua atividade escolhida, no fim do dia a pedida é relaxar nas águas quentes de origem vulcânica. A região é repleta de termas de diferentes estilos e preços. Visitei as Termas Geométricas (termasgeometricas.cl), cercadas por montanhas e cachoeiras. Com estilo rústico, as instalações contam com vestiários e armários próximo às piscinas. O fluxo de água quente e fria é controlado para que as piscinas se mantenham com uma temperatura entre 25 e 45 graus. Passarelas de madeira e vapor transformam o ambiente em uma grande sauna, evitando o choque térmico entre uma piscina e outra. Para os mais corajosos, há uma piscina natural que pode chegar aos 6 graus de temperatura. Brrrrr!

 

 

 

Onde ficamos

Montaña Magica Lodge Foto: Divulgação

l. Huilo Huilo: Se o filme O Senhor dos Anéis não tivesse sido gravado na Nova Zelândia, certamente encontraria o cenário perfeito no Chile. Não tem como entrar no Montaña Magica Lodge sem associar o local ao universo criado por J.R.R. Tolkien. Parte dos quartos ficam em uma estrutura rústica que, vista de fora, parece um casulo de fadas. Todas as acomodações e móveis são feitos de madeira de reflorestamento por artesãos das comunidades locais.

A ideia foi do empresário Don Victor Petermann, que, em 2004, construiu uma espécie de montanha, coberta por vegetação nativa, que jorra água constantemente – como um gêiser. Sua intenção era simbolizar a força vital daquelas terras, consideradas sagradas pelos mapuches. Diárias a partir de R$ 595 para dois, com café.

O “irmão” mais luxuoso do Montaña Mágica, o Nothofagus Hotel & SPA, não é menos encantador. Com corredores em espiral, oferece vista privilegiada de todas as 55 habitações. Para chegar aos quartos, é possível usar o elevador panorâmico, que leva até o quinto andar. Suba mais dois de escada para alcançar o terraço e apreciar a vista em 360° – repare no vulcão Mocho-Choshuenco. O complexo oferece ainda campos de minigolfe, piscinas climatizadas, spa, massagens e pacotes para Huilo Huilo. O valor da diária é o mesmo do Montaña Magica: desde R$ 595 para dois, com café.

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2. Pucón: Construído em uma fazenda às margens do Rio Licura, o Vira-Vira (www.hotelviravira.com) é para quem busca exclusividade. A cerca de 15 quilômetros do centro da cidade, o hotel fica em uma propriedade de 40 hectares, com horta, cavalos, cabras, galinhas e até uma queijaria. Assim, parte dos ingredientes servidos nas refeições é produzida ali mesmo. Os quartos mais simples, de 45 metros quadrados, ficam no edifício central, próximos à recepção, ao restaurante e ao bar. Já as luxuosas suítes de 75 metros quadrados têm vista para o rio e para as montanhas. O pacote all-inclusive para 3 noites começa em US$ 1.475.

 

 

Leões-marinhos fazem fila em mercado fluvial

Um mercado fluvial frequentado por visitantes peculiares, que rosnam, comem até 15 quilos de peixe por dia e chegam a pesar 250 quilos. Uma das atrações do Mercado Fluvial de Valdivia, capital da Região de Los Rios, são os leões-marinhos, que ficam por ali à espera de sobras. Os vendedores do mercado, acostumados com a presença deles, sempre que limpam um peixe agradam os bichinhos. Além dos leões-marinhos, algumas espécies de aves também entram na briga pela presa fácil. Localizado às margens do Rio Calle-Calle, o mercado atende também humanos, que compram peixes, crustáceos, caranguejos, ouriços, camarões e hortaliças. Tudo fresquinho. 

Menos inusitado e mais cultural, o passeio pelo Rio Calle-Calle leva os passageiros por uma rota de belas paisagens até o Santuário da Natureza Calos Anwandter, criado após o maremoto que atingiu a região na década de 1960 depois de um terremoto de 9.5 pontos na escala Richter. O maior abalo sísmico registrado cientificamente pela humanidade destruiu Valdívia. Estima-se que a cidade tenha afundado aproximadamente 2 metros após o fenômeno. 

 

 

 

 

SERVIÇO

Sul do Chile reserva muita emoção Foto: Divulgação

Aéreo: SP–Valdívia–SP, com conexão em Santiago, custa a partir de R$ 1.355 na TAM (tam.com.br) Terrestre: de Valdívia a Panguipuli, próxima a Huilo Huilo, são 2h30 de ônibus (10.700 pesos chilenos ou R$ 50) pela Pullman (pullman.cl)Site: chile.travel 

O repórter viajou a convite do Turismo do Chile e das companhias aéreas TAM e LAN.

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