Roteiros de fé: descubra Aparecida, Fátima e Nova Jerusalém

Das celebrações em Aparecida e Fátima ao teatro da Paixão de Cristo, 2017 está cheio de efemérides cristãs – e razões para embarcar em um tour temático

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Por Bruna Toni
Atualização:
Fiéis seguem pela Passarela da Fé no Santuário Nacional de Aparecida Foto: Thiago Leon/Santuário Nacional

APARECIDA - Meu olhar perdia-se em cada pessoa sentada em silêncio ao meu redor. Seus pensamentos, seus pedidos e agradecimentos, suas razões para caminhar em romaria escapavam à minha tão constante materialidade e fé na vida. Mas ali, dentro daquela imensidão da Basílica de Nossa Senhora Aparecida, a verdade é que as ânsias e desejos de seus visitantes pareciam mesmo circular invisíveis e encontrar, de alguma forma, acalento. 

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A imersão espiritual a que convida o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, o maior do mundo dedicado a uma das imagens de Virgem Maria, ganha ainda mais força este ano, durante as celebrações de 300 anos da estátua da santa ter sido encontrada nas águas do Rio Paraíba, considerado um milagre para seus devotos e um sinal de Deus à Igreja. Por isso, a festa da Padroeira do Brasil, celebrada todo 12 de outubro, será ainda maior, com duração de três dias e inauguração de novos espaços ao público.

Enquanto isso, do outro lado do oceano, celebra-se o centenário das aparições de outra imagem de Maria, Nossa Senhora do Rosário de Fátima, cujo santuário fica na cidade de Fátima, em Portugal. Lá, o ápice das festividades ocorre em 13 de maio, quando seu convidado mais ilustre, o Papa Francisco, comandará a missa e a peregrinação.

Para fechar o ano de efemérides cristãs ou que nos remetem a elas, 2017 também é especial para a Paixão de Cristo, o espetáculo teatral pernambucano que completa 50 anos contando a (mesma) história dos últimos dias de Jesus a milhares de pessoas, sem perder a atratividade e visibilidade nacional.

Se é fato que o número de católicos tem diminuído – de acordo com o último censo do IBGE, de 2010, houve uma queda no porcentual de católicos no Brasil – de 73,6% da população em 1991 para 64,6% –, por outro o turismo religioso tem conquistado cada vez mais adeptos.

Em números. Segundo dados levantados pela Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) junto ao Ministério do Turismo, cerca de 17,7 milhões de brasileiros viajaram pelo País levados pela fé em 2015, movimentando R$ 15 bilhões. Vide o próprio Santuário Nacional, que bateu recorde de visitas no ano passado (12 milhões) e, neste, com a passagem da imagem de Nossa Senhora Aparecida por dioceses de todo o Brasil divulgando os 300 anos, deverá receber ainda mais devotos.

É certo que uma das explicações está no despertar de um olhar, digamos, mais mundano de setores da Igreja, que têm investido em ações de marketing e comunicação tanto para reforçar o peso da tradição, como é o caso do Santuário de Fátima, quanto para dar outra cara a instituições historicamente sisudas, mas queprecisam dialogar com as novas gerações – qualquer sintonia com as ideias menos ortodoxas do Papa Francisco não é mera coincidência. 

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O Santuário de Aparecida, por exemplo, no último ano inaugurou dois espaços: uma sala de cinema 3D e um Museu de Cera. Sem contar a participação, pela primeira vez, da confecção de um samba-enredo – o da escola Unidos de Vila Maria, sobre os 300 anos da aparição. 

A outra talvez tenha a ver com o despertar dos próprios viajantes, que, mesmo sem serem católicos, podem aproveitar o ladocultural, histórico e artístico desse tipo de roteiro. Afinal, a quem não sabe rezar, os versos de Romaria, de Renato Teixeira, também fazem sentido: “só queria mostrar meu olhar, meu olhar, meu olhar”.

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