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Templos de contemplação e harmonia

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Por Redação
Atualização:

1- Kiyomizu-deraDeste patrimônio da Unesco se tem a vista mais bonita da cidade. Construído no ano 780 (e modificado ao longo dos séculos), é tão antigo quanto a cidade de Kyoto. Fica no alto de uma montanha, rodeado de cerejeiras - visitá-lo durante a florada, de março a abril, é programa obrigatório. Assim como beber água das fontes de Otowa, cada uma com um benefício diferente. No dia da minha visita, chovia e uma névoa espessa encobria as montanhas, mas nem por isso a visita se tornou menos interessante.2 - Sanjusangen-doO Templo dos Mil e um Budas, não permite que se façam imagens internas - uma pena. No centro da sala, uma imagem gigantesca de buda é cercada de milhares de outras, em menor escala, esculpidas em madeira e folhadas a ouro. Observá-las é um exercício divertido, uma espécie de "brincadeira zen" dos sete erros. Ao longe, parecem todos iguais, mas são peças únicas, esculpidas por diferentes artesãos - 124 delas foram salvas do templo original, erguido em 1164 e incendiado em 1249. 3 - Ryoan-jiMuitos templos em Kyoto possuem jardins zen. Este, contudo, é o mais famoso. Se por aqui temos como referência miniaturas, presentes em recepções de escritório e lojinhas da Liberdade, no Japão esses jardins são enormes. Minimalista, o Ryoan-ji tem três pedras maiores, rodeadas de musgo, e dispostas harmonicamente em meio aos pedregulhos que se movem com o movimento do rastelo puxado pelos monges. Uma sensação de bem-estar permeia a visão - é possível contemplá-lo por horas. 4 - Kinkaku-ji O Templo Dourado é o mais "pop" de Kyoto. Inadvertidamente, fui visitá-lo em um fim de semana e a fila já na entrada era caótica. Todo o frisson causado por ele se explica ao adentrar o jardim. O espelho d'água reflete as cores do templo, cujas paredes externas são folhadas a ouro. Não raro há pássaros, como o esguio tsuru (sim, aquele das dobraduras de origami), que pousam em ilhotas no meio do laguinho e deixam a foto ainda mais especial. E a visita acaba aí: não é permitido entrar no Kinkaku-ji. Ainda assim, não deixe de colocá-lo em seu roteiro.5 - Fushimi InariNão há dúvidas de que se trata de um dos mais impressionantes templos de Kyoto. Nem tanto pela construção em si, considerada a mais importante dedicada a Inari, o deus do arroz no xintoísmo, mas pelo Senbon Torii, o "caminho dos milhares de portais". É impossível contar, mas certamente há mais de mil torii alinhados, feitos de madeira e pintados de vermelho, dispostos um em frente ao outro, formando um túnel. A trilha leva ao Monte Inari, considerado sagrado e dentro da área do templo. Para chegar ao cume, leva-se de 2 a 3 horas, mas os visitantes podem retornar a qualquer momento. Na trilha, os caminhos se subdividem. Cada um dos portais ali colocados foi doado por um indivíduo ou empresa (o nome do doador está escrito na parte de trás), como forma de agradecimento. Por toda parte, há raposinhas esculpidas em pedra - acredita-se que elas auxiliem na fertilidade das plantações de arroz. Mais para frente, um lago e lojinhas (ótimas para garantir um souvenir). Na hora da fome, aproveite os restaurantes espalhados por ali - em um deles comi um dos mais saborosos ebi tempurá da viagem (camarões empanados com sopa de missô e macarrão de sobá, feito de trigo sarraceno). Uma delícia que ajudou a aquecer um dia nublado e de chuva fina que, apesar de prejudicar um pouco a caminhada, permitiu fotos lindas dos visitantes com seus guarda-chuvas coloridos nos portais vermelhos.6 - Caminho do FilósofoOk, não se trata de um templo, mas a função meditativa do Tetsugaku-no-michi é incontestável. A trilha de pedras, que segue o curso de um riacho, é rodeada de casas, pequenos templos e belas árvores. Pura contemplação: o programa ali é ouvir o canto dos passarinhos, o farfalhar do vento nas folhas, o cair de flores e filosofar sobre a viagem, meditar sobre a vida. Fica próximo de Ginkaku-ji, o Templo de Prata, cujo jardim de pedra potencializa a luz da lua, criando um belo efeito. / TIAGO QUEIROZ

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