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Termas de Gravatal: calorzinho bom entre o mar e a serra

No sul de Santa Catarina, a pequena cidade tem um público fiel graças às águas termais. E é uma base conveniente para desfrutar das belas paisagens e do turismo rural na região

Por Monica Nobrega
Atualização:
Gravatal vista do mirante Tata Yware (ou Fogo no Céu). Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Gravatal é uma cidade pequenina do Estado de Santa Catarina. Dessas que os moradores explicam contando que o centro tem apenas uma rua, entre risos de um alívio que celebra a manutenção do estilo pacato de viver. Uma vida moldada pelos ensinamentos dos colonos italianos, entre o horizonte ondulado de montanhas e as roças no quintal. 

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Os 11 mil habitantes de Gravatal, no entanto, estão acostumados a uma avalanche de forasteiros. Foram 400 mil visitantes no ano de 2016, dos quais 200 mil pernoitaram nos 1.800 leitos. Dá mais de 1 mil pessoas por dia. E o que esse povo todo vai buscar em Gravatal são as propriedades terapêuticas das águas quentes naturais, que brotam da terra a 36 graus.

Veja galeria de fotos de Gravatal:

As águas naturalmente aquecidas abastecem não apenas as piscinas, mas também os copos. E com honraria: em setembro, a água mineral da cidade foi escolhida uma das três melhores do mundo em sua categoria, sem gás e com mineralização média, na Feira Internacional de Turismo Termal (Termatalia), na Espanha. Concorreram mais de 120 marcas. A edição 2018 da Termatalia será no Brasil, em Foz do Iguaçu. 

Em torno da fonte gravatalense, a 4 quilômetros do centro, cresceu um bairro todo dedicado ao turismo. Ao longo de uma avenida principal, a Pedro Zapelini, que tem 1 quilômetro de extensão, estão os três hotéis que fazem das águas termais o seu principal atrativo. O Termas do Gravatal é o mais antigo, fundado em 1958, praticamente ao mesmo tempo em que começou a exploração comercial das águas termais. Tem um estilo mais clássico, afrancesado. O Cabanas tem o jardim mais gostoso, por onde se espalham chalés para hospedagem. 

O Internacional Gravatal, onde me hospedei, é o maior deles. Tem jeito de hotel fazenda, móveis de madeira rústica e quartos grandes com varanda. Há trilha em torno de um lago em meio à vegetação. O principal atrativo do hotel, no entanto, é a área chamada de balneário: saletas privativas com enormes banheiras e torneiras de onde jorra, com força, a água quente que vem direto da fonte. Depois de 20 minutos de jato nas costas, você sai dali desejando intensamente um cochilo. 

Essa parte de curtir a água quente se completa no Aquativo Parque Aquático. O gostoso do lugar, além dos três toboáguas, é que ele é a praia dos gravatalenses: as famílias o usam como se fosse um clube. A experiência de se misturar aos locais está garantida. Custa R$ 37 para adulto e R$ 27 para criança; hóspedes dos hotéis têm desconto ou gratuidade (consulte).

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Nas piscinas de Gravatal falam-se o gauchês e o curitibano, “idiomas” nativos da maior parte dos visitantes, o que se explica, claro, pela proximidade. Paulistas têm uma facilidade: o aeroporto de Jaguaruna/Criciúma, que recebe voos regulares da Azul e da Latam desde a capital paulista, está a 50 quilômetros.

Como atrativo a mais, Gravatal está aos pés da Serra Catarinense, e serve como base para desbravar o turismo rural do seu entorno, as lindas praias de Laguna e a Serra do Rio do Rastro – dá uma horinha de carro para qualquer lado. Depois, você ainda volta para relaxar o corpo nas águas termais da cidade.

Como ir a Gravatal: Voos: Latam (latam. com/pt_br) voa SP-Jaguaruna-SP desde R$ 340; Azul (voeazul.com.br), desde R$ 415. Onde ficar: com pensão completa, valores para duas pessoas: Cabanas Termas Hotel, desde R$ 465; Internacional Gravatal, desde R$ 624; Termas de Gravatal, desde R$ 629 (inclui chá da tarde). Passeios: a LM Turismo opera os passeios desta reportagem. Site: www.gravatal.sc.gov.br/turismo.

Roteiro rural: natureza em destaque

“A gente atende a qualquer horário. Se a loja estiver fechada, é só bater ali em casa”, diz Cibele Lunardi, dona, junto com a família, da Casa do Mel Bioápis. Com produção orgânica, a propriedade fica no verde bairro de São Miguel, formado por estradas de terra em meio à floresta e habitado por descendentes de antigos colonos italianos.

Trecho da Rota Caminhos e Sabores, que inclui 20 empreendimentos ligados ao turismo rural em cinco municípios da região. Este é o caminha para a Casa do Mel, em Gravatal. Foto: Mônica Nobrega/Estadão

A Casa do Mel integra a rota turística Acolhida na Colônia, que reúne dezenas de propriedades rurais com programação turística e hospedagem em várias cidades catarinenses. Também faz parte da Agreco, associação de produtores de comidas orgânicas. A lojinha é pequena e irresistível. 

Saí de lá com dois potes de mel e um quilo de arroz vermelho, também da região. Próxima parada: o Mirante Tatayware, para fotos panorâmicas de Gravatal. Além da beleza da vista, é uma delícia caminhar no entorno do mirante para descobrir cavernas formadas por rochas sobrepostas. 

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No bairro de São Miguel fica ainda a Gruta Nossa Senhora da Saúde, uma caverna usada como altar por antigos moradores. Mais um lugar que vale tanto por sua própria beleza quanto pelo caminho até lá. E tudo a minutos do centrinho turístico de Gravatal.

Praia à vista: aos pés do farol

Depois de cruzar o centro de Jaguaruna, a rodovia SC-100 vira um fiozinho de terra espremido entre águas: à direita está o mar, à esquerda, a Lagoa Jaguaruna. É um pedaço belíssimo de litoral, com faixa de areia extensa e clara e mar agitado. Mas nosso destino estava pouco adiante: o Farol de Santa Marta.

Vista a partir doFarol de Santa Marta. Ao fundo, a comunidade de mesmo nome, cheia de pousadas, casas de fim de semana e pequenos restaurantes familiares. Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Aos pés do farol, que é do ano de 1891, formou-se uma vila de casas coloridas entre ladeiras suaves. Há imóveis e quartos para alugar, restaurantes familiares e algumas pousadas. Ao sul está a Praia do Cardoso, a mais bonita. No centrinho da vila, a Prainha tem mar tranquilo. Seguindo para o norte, é possível fazer uma trilha até a deserta Praia Grande.

Laguna é a cidade de Anita Garibaldi, figura importante na Guerra dos Farrapos – há museu dedicado a ela. À beira do canal que liga o oceano à Lagoa do Imaruí, restaurantes servem boa comida do mar – no Geraldo, a porção de peixe, lula, batatas fritas e bolinhos de bacalhau custa cerca de R$ 90 e serve três pessoas. Aos restaurantes se chega atravessando num barquinho (R$ 2,50 por pessoa), depois de assistir, à beira d’água, ao balé dos botos que cercam cardumes de peixes para se alimentar e acabam por levá-los direto para as redes dos pescadores. É o que chamam por aqui de pesca com botos.

Rumo ao alto: curvas da estrada

Caminhei devagar para prolongar a expectativa. Depois do vaivém do carro pela subida íngreme – que vi muita gente na região encarar de bicicleta e correndo –, estava no mirante da Serra do Rio do Rastro, prestes a realizar o sonho turístico de ver lá do alto as centenas de curvas (são mais de duzentas!) que a rodovia SC-390 desenha pela encosta, por cerca de 30 km.

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Vista do alto do mirante na Serra do Rio do Rastro: a subida até lá, que serpenteia a encosta da serra,é um dos trechos de estrada mais bonitos do Brasil. Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Dá para ficar ali por horas observando as sombras que a luz do sol, filtrada pelas nuvens, imprime na encosta rochosa de mais de 1.420 metros de altitude. Dali, é possível seguir viagem para Bom Jardim da Serra, São Joaquim e as outras cidades da Serra Catarinense. Ou, apenas 6 km à frente, almoçar a deliciosa costela de chão da Churrascaria Tropeiro (R$ 60 por pessoa).

Casa alemã: fartura do café colonial

“O purê de maçã, o struddel de coalhada, o salame e a cuca, que é uma coisa muito tradicional das casas alemãs”, respondeu o funcionário, quando perguntei quais pratos do bufê eu não deveria perder. “Ah, claro, e as salsichas.”

Eis o motivo número 1 para se visitar São Martinho: a Fluss Hauss. A propriedadetem restaurante, fábrica de bolachas artesanais decoradas e um belo jardim. Serve um delicioso café colonial com receitas tradicionais alemãs, com 55 opções de pratos (nos dias de semana) e 115 (nos fins de semana). Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Era fim de tarde na Fluss Haus. A propriedade fica na área rural do município de São Martinho. Toda hora alguém em Gravatal me falava dela: uma casa com um rio dentro do terreno (Fluss Haus significa casa do rio), e que serve comida alemã em formato de café colonial. Nos fins de semana, são mais de 100 pratos (R$ 38 por pessoa, das 15 às 19 horas). Em dias de semana, a versão reduzida tem metade das opções (R$ 28 por pessoa, das 13h30 às 18 horas). Reserve. E vá com fome.

A Fluss Haus é também fábrica e loja de bolachas artesanais – lindas lembranças para levar da temporada nesse trecho de Santa Catarina.

*VIAGEM A CONVITE DA SECRETARIA DE TURISMO DE GRAVATAL

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