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Trilhas, cerâmica e lavanda em um fim de semana em Cunha

A santíssima trindade do turismo local convida ao descanso e à contemplação

Por Eduardo Vessoni
Atualização:
Vista do Contemplário de Cunha. Foto: Eduardo Vessoni

Do lado paulista, uma estrada cruza colinas da área rural do interior do Estado. Do outro, a famosa Cunha-Paraty, caminho cenográfico do período colonial, traz quem vem do Rio de Janeiro. No meio do trajeto, um destino serrano, a 230 km de São Paulo, que cabe bem num fim de semana e fez da cerâmica, dos campos de lavanda e do turismo de aventura seus principais atrativos.

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Reinaugurada no ano passado, a Cunha-Paraty leva motoristas aos tempos em que o ouro mineiro seguia até o litoral fluminense, no século 17. A antiga Estrada-Parque é uma via com menos de 10 km de extensão, com pavimentação de paralelepípedos sobre o Caminho Velho da Estrada Real, no Parque Nacional da Serra da Bocaina. Para se aventurar por ela, é preciso ter em mente que se trata de uma via de contemplação, e não velocidade. O bate-volta até Paraty já vale pelo cenário que se abre sob alguns mirantes locais. Fique atento aos horários: a circulação de carros é permitida apenas até as 18 horas. 

Para ter acesso às principais atrações de Cunha, no entanto, siga pela SP-171, que sai de Guaratinguetá e coloca o visitante cara a cara com os grandes destaques da cidade, afastados do centro. É o caso dos campos de lavanda. Escolha um período sem chuvas para visitá-los (o excesso de água tira a beleza das plantações). Solo alcalino e bem drenado, noites frias e temperaturas amenas são condições ideias para o cultivo das plantas, que florescem o ano todo graças à poda em rodízio.

Veja a galeria de fotos de Cunha.

Aromas provençais. O mais famoso, digno de cenário de novela, é o Lavandário (km 54,7 da SP-171; lavandario.com.br), que funciona em uma construção de estilo provençal. Ali, os corredores de lavandas têm vista para as montanhas do Vale do Paraíba, por onde o visitante pode circular entre caminhos delimitados. Procure chegar no final da tarde, quando o sol ilumina os campos e dá ainda mais destaque para as matizes lilases. 

Outra opção é o Contemplário (km 61,5 da SP-171; contemplario.com.br), com mais de três hectares equipados com deques em meio a campos de lavandas, e um café suspenso com produtos feitos com a planta, como creme hidratante, aromatizadores e biscoitos.

Mãos à obra. A cerâmica também deu fama à cidade. Desde que recebeu seu primeiro forno Noborigama, introduzido nos anos 1970 pelos primeiros artesãos orientais que chegaram à cidade, o destino se tornou referência na produção ceramista, considerado um dos polos mais importantes da América do Sul.

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Os ateliês costumam abrir suas portas para visita turística e contam com eventos como a abertura de fornada do Suenaga & Jardineiro (ateliesj.com.br), quando uma peça vem a público pela primeira vez – a próxima está marcada para 1.º de julho. No Gaia Arte Cerâmica (Rua Alcides Barbeta, 250; 12- 3111-3126), a atração são as peças de autor que saem do forno ainda em brasa, técnica conhecida como raku e apresentada em encontros esporádicos, em que os visitantes aprendem sobre o processo, acompanham a queima por uma hora e são recebidos com petiscos e vinhos.

Trilha das Cachoeiras, no Parque Estadual da Serra do Mar. Foto: Eduardo Vessoni

Natureza. As principais atrações naturais estão mais afastadas. No Parque Nacional da Serra da Bocaina, a Pedra da Macela oferece uma vista panorâmica, a 1.840 metros de altitude, de onde se vê Cunha, Angra dos Reis e Paraty. Para chegar ao local (cujo nome se refere à perfumada flor de mesmo nome, abundante na região), a caminhada é exigente. O acesso se dá pelo km 66 da SP-171, e é preciso andar ao longo de 2 quilômetros por terreno elevado e sem sombra.

Já o Parque Estadual da Serra do Mar é mais amigável e abriga trilhas mais leves, em meio à Mata Atlântica. Todas as rotas do Núcleo Cunha (km 56,2 da SP-171; parqueestadualserradomar.sp.gov.br) são gratuitas, como a das Cachoeiras, de 14 km de extensão (ida e volta) até seis quedas d’água e com trechos que podem ser feitos de carro. Quem procura algo mais leve conta com a tranquila Trilha do Rio Paraibuna, uma caminhada autoguiada de 1,7 km, onde o visitante pode fazer paradas em diferentes piscinas naturais – talvez para esta seja caso de esperar por dias mais quentes, não é mesmo?

Para matar a fome. Não faltam bons restaurantes para aplacar sua fome depois de se aventurar pela cidade. No melhor estilo comida de roça, o Do Gnomo Restaurante (Estrada Municipal do Ribeirão, 2.300; 12-99734-8869), que o proprietário Caio chama de “regional criativo”, oferece trutas preparadas de diferentes modos – como a “à moda do Gnomo”, que serve duas pessoas e acompanha arroz negro e purê de banana prata (R$ 138). 

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Outro endereço é o Veríssima Bistrô (Rua Manoel Prudente de Toledo, 584; 12-99634-7919), sob o comando cuidadoso da paulista Vera, cujas referências vêm da casa com fogão à lenha onde morou com a família. Entre as especialidades está o risoto de miniarroz, produzido ali mesmo no Vale, acompanhado de truta com crosta de castanhas de caju e do Pará.  Depois de se fartar, descanse bem. Afinal, no dia seguinte tem muito mais...

Como ir a Cunha. De São Paulo, siga pela rodovia Presidente Dutra até Guaratinguetá. Pegue a  saída 65 e continue pela SP-171. Serão cerca de três horas de viagem e R$ 30 em pedágios. Também é possível ir pelo sistema Ayrton Senna/Carvalho Pinto. Onde ficar em Cunha. Em uma área de floresta de pinheiros, a Pousada Candeias fica a 13 km do centro de Cunha e se destaca pelo farto café da manhã. Diárias a partir de R$ 400 o casal; pousadacandeias.com.br. Para quem prefere ficar no centro, a Cheiro da Terra (bit.ly/cheirodaterra) tem atividades de cerâmica para hóspedes. Diárias a partir de R$ 300 o casal. 

Site: cunha.sp.gov.br.

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