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Viagem é tabu?

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Por Adriana Moreira
Atualização:

‘O Brasil desse jeito e vocês falando em viagem?” Cada vez que a página do Estadão nas redes sociais compartilha uma reportagem do Viagem, não demora muito para alguém comentar com a frase acima. Parece que, em tempos de instabilidade política e econômica, a simples ideia de sonhar, de buscar assuntos mais amenos tivesse se transformado em tabu. Algo permitido apenas na penumbra da noite, quando todos já foram dormir e é possível abrir o Google sem medo de olhares indiscretos, que podem nos flagrar enquanto digitamos a polêmica frase: “o que fazer em Porto de Galinhas”. Pra quê refrear esse sentimento, esse desejo de viajar, de conhecer o mundo além de sua rotina, de sua cultura, de suas certezas? Afinal, estamos em 2017, não há motivos para censurar esses desejos. A sociedade evoluiu – e a maneira de viajar também. Se no passado o simples ato de pegar um avião era um acontecimento que deslocava a família inteira para despedidas ( como lembrou Ricardo Freire em sua última coluna, semana passada), hoje dá para parcelar a viagem em 10 vezes sem juros no cartão, passar a noite buscando promoções de passagens baratas online, conseguir uma carona para o litoral com o auxílio de um aplicativo, encontrar com facilidade via Facebook aquele amigo que mudou há anos para a Europa, mas ficaria feliz em recebê-lo em casa. Por um lado, as viagens ficaram mais burocráticas, com longos procedimentos de segurança, raio X e outras formalidades. Mas é inegável também que, em certos aspectos, há menos limitações. A tecnologia ampliou as possibilidades de hospedagem e transporte, mudou a maneira de reservar os ingressos para os museus, transformou a comunicação com as pessoas amadas que ficaram em casa. Sua viagem é cada vez mais personalizada, moldada para caber em suas possibilidades (e realidade) – orçamentária, física ou familiar. Eis o propósito desta coluna: mostrar que sempre é possível viajar, qualquer que seja o agente deflagrador de sua insegurança – finanças, limitações motoras, filhos pequenos, falta de companhia. Nada de culpa. Talvez o seu roteiro precise apenas de algumas adaptações, um planejamento diferenciado ou uma outra perspectiva. Em caso de emergência, ou melhor, dúvidas, quebre o vidro – ou seja, a barreira leitor/jornalista – e escreva para o mesmo e-mail anotadinho aí no alto. Não estarei sozinha nessa missão. Terei o apoio de um grupo de colunistas afiados: além de nosso viajante inglês Mr. Miles, que continua com sua coluna semanal na página 2, irei revezar este espaço com Mônica Nobrega, que trará seu olhar de mãe viajante para dar dicas de como cair na estrada com as crianças. Bruna Toni vai mostrar as ligações entre atrações e costumes mundo afora com fatos do passado e o cronista Gilberto Amêndola colocará um pouco de poesia em fatos cotidianos na vida de um viajante.  Por que transformar o sonho de viajar em tabu? Aquelas histórias de que sonhar em conhecer um país desconhecido faz crescer pelos nas mãos ou é tão venenoso quanto misturar manga com leite não passam de crendices.  Viajar é terapia para esquecer de uma demissão, esquecer um amor não correspondido, esquecer que o Brasil está “desse jeito”. Esquecer por um tempo, claro, para relaxar a mente, colocar a vida no lugar e recomeçar renovado. E se você não acredita nem em duendes nem em viagem como agente transformador de estado de espírito, acredite nos números.  Será preciso esquecer por alguns momentos o romantismo do ato de viajar. Mas saber que turistar por aí implica movimentar uma indústria responsável por 3,2% do PIB nacional em 2016 e a criação de mais de 2,5 milhões de empregos diretos no País (segundo dados do World Travel Tourism Council) pode trazer paz a corações viciados em números.  Chega de desculpas para ficar em casa. Nem mesmo por aquela série viciante, que você pode baixar no computador ou assistir online aonde você for. Parafraseando o poeta, viajar é preciso – e possível. 

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