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Intercâmbio de duas semanas no Canadá que valeram por mais

O intercâmbio no Canadá durou só duas semanas, mas o curso de francês em Montreal valeu mais: venci a vergonha e entrei no idioma. Aproveitei todas as situações, na escola e nas ruas, para aprender a outra língua oficial do país

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Foto do author Nathalia Molina
Por Nathalia Molina
Atualização:

Antes de viajar para meu intercâmbio de francês no Canadá, quando chegava a Montreal, eu buscava logo a versão em inglês de sinalizações ou de tudo que visse escrito. Na hora de me comunicar com as pessoas, ficava tranquila porque sabia que nessa cidade da província francesa de Quebec é bem fácil encontrar quem seja bilíngue.

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Ao receber o convite para essa experiência de interação com a segunda língua oficial do Canadá, eu decidi que iria viver ao máximo situações em francês para aprender tudo o que pudesse em tão pouco tempo. Afinal, eram só duas semanas de intercâmbio, não dava para considerar ficar com vergonha de me expor.

Deixar que os professores do curso me corrigissem tanto na escrita quanto na fala me fez de fato memorizar os erros que eu havia cometido. E, no fim, não só eles, mas eu mesma, ficaram impressionados com tamanha disponibilidade da minha parte.

Eu fazendo curso de francês em Montreal - Fotos: Nathalia Molina Foto: Estadão

 

Meus exercícios do intercâmbio na escola EC Montreal, corrigidos pela professora de francês Foto: Estadão

Quando conhecia alguém em Montreal durante esse intercâmbio, eu tentava falar em francês com a pessoa. Conseguia dizer que sou jornalista de viagem, mas na hora de contar que escreveria sobre meu aprendizado da língua saía algo como 'Eu escrever sobre esta experiência', já que eu não sabia como conjugar o verbo no tempo certo.

Na rua, em lojas, cafés ou restaurantes, eu fazia a mesma coisa. E olha que a tentação de começar logo em inglês era grande, pois saberia dizer aquilo com muito mais facilidade. Em algumas vezes, as pessoas me respondiam em inglês, por gentileza, ao ver meu esforço por tentar me comunicar em francês, imaginando que o outro idioma seria mais fácil (e era). Aí eu mesclava as duas línguas ou seguia me fazendo de louca como se não falasse também inglês.

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(Aliás, quer me ver engasgando no francês para comprar um café com torta de mirtilo? Vai lá e curta a página do Como Viaja no Facebook)

Se eu não tinha vergonha? Às vezes tinha ué! Por mais que eu sorrisse meio constrangida, enquanto falava aquelas palavras de francês em sequência, muitas vezes sem nexo ou a conexão adequada, eu não deixava de tentar me comunicar com as pessoas na nova língua. Seguia falando errado, tentando gastar o parco francês que eu já havia assimilado.

Um mantra durante o intercâmbio no Canadá Foto: Estadão

Me lembrava de como meu filho de 8 anos sorri envergonhado quando fala um verbo errado ou usa fora de contexto uma palavra nova que ouviu. Ele ainda está aprendendo. E eu também estava. De um modo equivalente a uma criança menor que ele.

Meus sobrinhos pequenos, de 5 e 7 anos, me ensinaram o significado e a pronúncia de palavras das histórias infantis que lemos juntos antes de eles irem para a cama. Francês é a língua materna deles. Sim, falam bem o português com sotaque afrancesado e com frequência adaptando estruturas do francês, o que me fazia entender um pouquinho mais a conexão entre as duas línguas.

Posso dizer que minha estratégia de mergulhar no idioma durante o intercâmbio em Montreal deu muito certo. Em duas semanas saí do 'bonjour' à compreensão de frases simples em francês. No outro dia, quando meu sobrinho mais velho escreveu em francês no Instagram 'Roupa cinza para um dia cinza', eu entendi sem precisar recorrer ao Google Tradutor.

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Grande coisa!, pode dizer um estraga-prazer. Pois que diga. É uma grande coisa sim. Para mim. E é para quem realmente importa ser uma grande coisa. Não vai aqui nenhuma arrogância, somente a consciência de que aprender importa e de que qualquer aprendizado é feito de etapas. Esse intercâmbio de francês em Montreal já me fez avançar na comunicação numa língua nova e só me deu vontade de seguir adiante. Dei alguns passos, saí da etapa zero.

Sonhe, acredite, ame e viva Foto: Estadão

Viagem feita a convite da Experimento Intercâmbio Cultural, da Air Canada e da EC Montreal


* Nathalia Molina é jornalista de viagem e especialista em Canadá. Também escreve o Como Viaja, com dicas e experiências no Brasil e no exterior. Acompanhe pelo instagram ComoViaja

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