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Turismo de luxo, hotelaria e novas tendências do mercado de viagens e turismo

A volta do agente de viagens

Por Mari Campos
Atualização:

Crédito: imagem divulgação Four Seasons  

Passagens emitidas e hotéis reservados em poucos minutos, em poucos cliques. Depois de tantos anos presos a roteiros pre-estabelecidos e engessados, nada mais natural que adotássemos como regra salvadora da pátria a liberdade de reservarmos nós mesmos nossas viagens através de plataformas online. A popularização da internet rápida nas casas e celulares, o amplo acesso a informações sobre hotéis, companhias aéreas e destinos e a facilidade de reservarmos nós mesmos nossa viagem afastou parte significativa dos viajantes das agências de viagens na última década.

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Entretanto, desde o ano passado as coisas começam a mudar em ritmo igualmente acelerado neste cenário: estamos vivendo hoje (no Brasil e em boa parte do mundo) o processo inverso, com cada vez mais viajantes voltando a reservar suas viagens com suas agencias de confiança, mesmo que apenas para viagens mais específicas - ou especiais - para que sejam customizadas em cada detalhe.

Em primeiro lugar, enganou-se redondamente quem acreditava que os agentes de viagem estivessem em extinção: o universo de viagens, sobretudo no mercado de luxo, continua com espaço e demanda para agentes, travel planners e consultores - inclusive novos, que são recrutados anualmente por algumas associações.  E isso se aplica até para os millennials, que estão valorizando serviços muito mais do que se imaginava e se tornando cada vez mais "heavy users" das agencias de viagem.

Para se ter uma ideia do tamanho e do potencial deste mercado, a Virtuoso (principal rede internacional de agências de viagem especializadas em turismo de luxo) sozinha tem aumentado o número de agências membros nos últimos anos. Seus travel specialists fazem parte de uma rede que movimenta mais de 21 bilhões de dólares por ano, com top sellers que chegam a ganhar mais de cem mil dólares anuais. "Nós acreditamos que luxo não é mais sinônimo de ostentação, de ver e ser visto, mas sim de ter experiências transformadoras customizadas. O tempo livre do cliente é seu recurso mais valioso e não é renovável, caso seja perdido. A conexão humana é algo que não pode ser substituído por uma plataforma online - ter alguém para quem se possa ligar ou chamar pelo WhatsApp para tirar sua duvida durante a viagem é parte deste novo luxo", diz Robbert Van Rijsbergen, gerente de desenvolvimento de novos negócios da Virtuoso na América Latina.

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Crédito: imagem divulgação Four Seasons Serengeti  

Tomas Perez, presidente da Teresa Perez Tours (referência no mercado do turismo de experiência e de viagens de luxo), concorda: "É ótimo que o conhecimento tenha ficado muito mais acessível a todos e dado um maior poder de escolha. Mas, ao mesmo tempo em que a internet facilita, por exemplo, a reserva de um hotel, ela envolve o viajante em um mar de informações que muitas vezes torna difícil a seleção e a montagem de um roteiro. A tecnologia sempre deve ser aliada, mas as pessoas já sentem a falta do contato humano nessa era de hiperconectividade. A curadoria de um agente proporciona experiências personalizadas".  A customização dos roteiros e experiências de viagem de acordo com o perfil de cada viajante é um dos principais fatores responsáveis por esse revival do setor - afinal, nem sempre a viagem que seu amigo ou conhecido fez tem a sua cara, o seu jeito, o seu gosto.

Porque reservar voos e hotéis em poucos cliques é fácil mas, em plena era do tempo ultra escasso e do excesso de informações, ter alguém com conhecimento de causa que saiba filtra-las, organiza-las e cuidar das burocracias pode fazer toda a diferença - sobretudo em viagens mais ~especiais~, como lua-de-mel. "Os clientes se sentem confusos diante de tantos estímulos e a lua de mel é uma viagem única na vida de um casal. Há um investimento muito alto nos preparativos do casamento e o casal não quer correr nenhum tipo de risco. A consultoria e a expertise, desde a escolha do destino até a elaboração de um roteiro customizado, com assistência local durante toda a viagem e mimos especiais, contam muitos pontos", diz Jacque Dallal, CEO da Be Happy Viagens, especializada em roteiros de lua-de-mel.

Por mais experiência que a gente tenha em viajar, por mais que gostemos de ler sobre os destinos visitados e por mais gostosa que seja mesmo a fase do planejamento de uma viagem (eu adoro!), tem horas que o tempo é escasso demais, que a paciência é pouca ou em que simplesmente é preciso reconhecer a habilidade de quem entende mais que a gente do negócio - e delegar."Um agente vai desenhar o roteiro de acordo com os interesses do cliente. Em contato direto com os hotéis, é mais fácil conseguir amenidades que os sites de reservas não conseguem. Sem falar na garantia de que em qualquer incidente o agente estará à disposição", completa Tomas Perez.

Voltei a engrossar este caldo nos últimos anos e boa parte dos meus amigos também. Nada contra reservar sozinho, pelo contrário; principalmente quando estamos bem familiarizados com um destino. Ainda faço bastante isso e realmente não acho que vamos deixar esse comportamento definitivamente de lado no futuro. Mas do mesmo jeitinho que me viro muito bem na cozinha e às vezes quero comer a comida preparada por um bom chef, há vezes em que peço socorro à agência porque sei que eles serão mais capazes que eu de garantir uma viagem bem redondinha, do jeito que eu quero e sem stress - sobretudo quando se trata de viajar a destinos que ainda não conheço e cujos macetes locais não domino. E posso dizer com segurança que vem dando bem certo.

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