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Turismo de luxo, hotelaria e novas tendências do mercado de viagens e turismo

O boom das viagens solo na pandemia

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Por Mari Campos
Atualização:

A retomada das viagens em tempos de pandemia tem trazido mudanças significativas no comportamento dos viajantes. Afinal, com tantas mudanças no nosso cotidiano neste anos pandêmicos,e tantas necessárias transformações na indústria turística para zelar pela segurança dos viajantes, era mesmo natural que novos comportamentos se estabelecessem entre distintos perfis de turistas. Dentre tantas e distintas alterações, uma vem chamando bastante a atenção do mercado: o boom das viagens solo na pandemia.

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Os viajantes solo compõem hoje 11% do mercado total das viagens, segundo dados divulgados por plataformas como Travelzoo e Booking.com. Algumas plataformas de reservas divulgaram um aumento de até 42% nas reservas de viagens e estadias "solo" nos últimos dois anos. As próprias buscas pela expressão "solo travel" no Google cresceram cerca de impressionantes 131%.

Dados da Agoda.com divulgados em 2020 já mostravam que 59% dos turistas que escolhiam viajar sozinhos tinham tomado a decisão para evitar frustrações ou esperar por um companheiro ideal de viagem. Além disso, o mesmo relatório mostrava que 55% deles viam as solo travels como algo muito mais "socialmente aceito" (oi?!) que antigamente; e que 45% dos entrevistados amavam sobretudo a liberdade e a habilidade de se conectar melhor com moradores locais e outros turistas ao viajarem sozinhos.

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 Foto: Mari Campos

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Liderança feminina

São as mulheres que estão liderando esse movimento, respondendo por cerca de 84% das reservas de viagens e hospedagens solo mundo afora. E mais: 59% das entrevistadas que já tinham viajado sozinhas responderam que planejavam fazê-lo novamente nos próximos 12 meses.

Como uma grande entusiasta desse estilo de viagem há muito tempo, preciso deixar claro que a ascensão do viajante solo não é exatamente surpresa para o mercado. Afinal, os lares comandados por solteiros, viúvos ou divorciados são os que mais crescem no mundo inteiro, há muito tempo; e nada mais natural que isso se reflita também no mercado turístico.

Além disso, o nicho dos viajantes solo já vinha apresentando interessante crescimento nos últimos anos, desde bem antes do início da pandemia. Eu mesma já viajei sozinha pelos chamados "7 continentes" (segundo os gringos...) e em todas essas viagens encontrei outros solo travellers de diferentes estilos e perfis.

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 Foto: Mari Campos

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Solo travel impulsionado pelas mudanças comportamentais

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A Covid-19 fez muitos de nós reavaliarmos nossos objetivos e nossos desejos. A quarentena em 2o20 e a necessidade do isolamento social na fase pré-vacinação fizeram com que muito mais gente acabasse se acostumando com a sua própria companhia, e encontrasse prazer em fazer diferentes atividades corriqueiras sozinho.

Afinal, gostar de estar consigo mesmo também é fundamental para viajar bem sozinho, sobretudo nesses tempos em que ainda não estamos liberados para socializar muito por aí. E serve bem DEMAIS como exercício para viajar acompanhado com sucesso por aí.

Com essas alterações todas no nosso cotidiano e na maneira como passamos a lidar com o "estar sozinho" na pandemia, mesmo quem tinha muito receio em sair solo por aí começou a rever os seus conceitos e se aventurar mais nesse sentido também. Segundo um relatório da Booking.com, as viagens solo já respondem por cerca de 40% das viagens de clientes entre 55 e 64 anos.

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Crédito: Pixabay  

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Público heterogêneo e altamente rentável

Há o desejo imenso e generalizado de poder voltar a socializar, é claro, mas é importante lembrar que estas atividades não são - nem nunca foram, de forma alguma - excludentes. Viajar sozinho sempre foi muito, muito diferente de estar sozinho. Ou, como eu dizia por aí nos tempos pré-pandêmicos: a gente só fica sozinho nas viagens solo SE e QUANDO quiser.

A demanda por viagens individuais cresceu para os mais diferentes perfis de viajantes. A escapada para o imóvel de temporada isolado, o café charmoso do bairro, a mostra no museu favorito, a pousada-desejo. Tudo virou um pequeno exercício de viagem também.

Em alguns setores do turismo, o crescimento das chamadas solo travels tem sido tão significativo que há prestadores revendo suas operações para se adaptarem de maneira satisfatória a esse público tão heterogêneo - e geralmente bastante rentável. O ticket médio de gastos de viajantes solo cresceu bastante nos últimos anos, no mundo todo.

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 Foto: Mari Campos

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O boom das viagens solo na pandemia

Foi escapando sozinho por alguns dias para um hotel ou imóvel de temporada durante o isolamento imposto pela pandemia que muita gente experimentou viajar sozinho pela primeira vez. E tem sido especialmente em meio a esse período em que as viagens são mais complexas do que nunca, com tantas regras e protocolos diferentes, que o setor do turismo vem testemunhando um crescimento constante e extremamente expressivo do nicho.

Diferentes hoteleiros e proprietários de imóveis de temporada me comentam frequentemente como passaram a receber mais hóspedes viajando sozinhos. Para algumas propriedades, o aumento chegou a 200% em 2021. Um aumento tão constante no mercado que alguns estudos apostam que 2022 deve testemunhar um aumento ainda maior nas viagens individuais, nacional e internacionalmente, para diferentes perfis de viajantes.

E importante: foi-se o tempo em que viagens solo eram associadas apenas a mochileiros ou viajantes super econômicos. Hoje, o crescimento na procura por viagens solo se dá em todos os segmentos do turismo, inclusive de maneira muito consistente no mercado de luxo.

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O turismo de luxo já está (em geral) tão acostumado com viajantes solo que alguns hotéis deste segmento há muito tempo já estão plenamente adaptados para os solo travellers. Bons exemplos são as ótimas propriedades das redes Explora e Tierra, na América do Sul, que serviram de inspiração para tantas outras iniciativas similares.

LEIA TAMBÉM: A quarentena e nossas viagens solo

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Parte do mercado turístico precisa se adaptar

Hoje são imóveis de temporada, pousadas, hotéis e resorts testemunhando esse crescimento constante do nicho. No setor de cruzeiros de pequeno e médio porte ele já vinha crescendo enormemente na última década inteira, inclusive com diferentes armadoras até retirando os single supplements em diversas saídas.

Esse movimento, obviamente, requer adaptações do mercado. Enquanto cada vez mais viajantes buscam sossego absoluto, ou simplesmente aventura à sua própria maneira, ao viajar sozinhos por aí, a indústria da hospitalidade precisa adaptar seu funcionamento e ampliar suas ofertas também para esse público - sem cair nos suplementos single abusivos, de preferência!

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Em tempos de hiperpersonalização de serviços no turismo em geral, isso não é exatamente difícil. Mas é fundamental entender a imensa diferença de perfis de viajantes dentro do chamado solo travel (etárias, sociais, econômicas, e mesmo estilos de viajar bastante distintos) para que todo "solo guest" se sinta realmente confortável em suas diferentes experiências de viagem.

É importante destacar que existem, sem dúvidas, bons exemplos de negócios do turismo bem adaptados a quem viaja sozinho, espalhados tanto pelo Brasil como em diversos outros países, contemplando os mais diversos segmentos econômicos do turismo.

Eu sempre dou dicas de várias propriedades e experiências boas para aproveitar sozinho também, seja no meu instagram @maricampos ou nos posts do MariCampos.com (ali tem até uma seção inteirinha dedicada a isso). Um dos meus livros, o Sozinha Mundo Afora, reúne dicas para quem ainda está inseguro em viajar sozinho por aí. Vai ser um imenso prazer compartilhar mais dicas e sugestões desse nicho - incluindo obviamente recomendações para viajar sozinho EM SEGURANÇA em tempos pandêmicos - com quem tiver interesse. Sempre.

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