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Turismo de luxo, hotelaria e novas tendências do mercado de viagens e turismo

WTM reforça que diversidade e inclusão são essenciais ao turismo sustentável

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Por Mari Campos
Atualização:

Na semana passada, aconteceu a primeira edição 100% virtual da WTM Latin America, um dos principais eventos internacionais (e nacionais também, pois sediado no Brasil) da indústria turística. Com conteúdo em geral bem mais interessante que nas edições anteriores, foi um sucesso tão grande entre profissionais do turismo que ganhou até um dia extra de evento - algo até então absolutamente inédito. E a WTM reforçou que diversidade e inclusão são essenciais ao turismo sustentável.

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O turismo realmente sustentável é urgente. Não se trata de "modismo", como vergonhosamente afirmou um certo secretário estadual de turismo brasileiro durante o evento. Shame, shame, shame! O turismo sustentável é urgente e inadiável, como deixou claro o relatório do IPCC da ONU divulgado no começo deste mês. O próprio aquecimento global ameaça terrivelmente a atividade turística como conhecemos. 

E o turismo sustentável, a gente já sabe, não diz respeito apenas à preservação do meio ambiente, mas também à regeneração social, econômica e cultural dos destinos. E é aí que entra a necessidade de batalharmos também por uma cadeia turística verdadeiramente diversa e inclusiva. 

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Sustentabilidade está no DNA dos hotéis Soneva. Crédito: Soneva Fushi  

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SUSTENTABILIDADE FOI O TEMA MAIS RECORRENTE DO EVENTO

Embora a "retomada do turismo" e a recuperação econômica de hotéis e destinos tenham sido abordados todos os dias, assim como o empoderamento feminino no turismo e a importância da digitalização de serviços e novas tecnologias, sustentabilidade foi o tema mais recorrente nos painéis e palestras que aconteceram ao longo desta edição da WTM Latin America. 

Na abordagem de destinos que já iniciaram a recuperação pós-pandemia, a boa surpresa de ver Rita Marques, Secretária de Estado de Viagens de Portugal, afirmar que o país não pretende retomar a atividade turística da pré-pandemia. Rita deixou claro que Portugal já vem trabalhando bastante para que o turismo promova cada vez mais equilíbrio e sustentabilidade ambiental e social daqui pra frente - um baita exemplo que esperamos que inspire outros países e regiões também. 

A sustentabilidade foi tão importante nesta edição da WTM Latin America que foi criada inclusive a premiação WTM GLOBAL RESPONSABILE TOURISM, lançada durante o evento, para destacar projetos de turismo sustentável e responsável em toda a América Latina, divididos em seis categorias diferentes.

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 Foto: Mari Campos

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O TURISMO SUSTENTÁVEL E RESPONSÁVEL É URGENTE

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Marília Borges, da Euromonitor (empresa de inteligência de negócios e análise estratégica de mercado), afirmou durante painel do evento que a recuperação do turismo deve acontecer de forma consistente somente em um período de 3 a 5 anos, dependendo também dos avanços globais de vacinação. E reforçou que sustentabilidade, saúde, foco no consumidor e digitalização são os quatro grandes pilares para a recuperação bem sucedida no setor.  

Marília enfatizou também que nós, turistas, independente do perfil e das nossas preferências de viagem, precisamos exigir constante e efusivamente uma cadeia turística (destinos, hospedagens, companhias aéreas, operadores, receptivos etc) realmente mais equilibrada."Vimos os problemas do modo como o turismo funcionava pré-pandemia e hoje temos novas prioridades e novas necessidades também", disse. Não podemos voltar exatamente ao modo como fazíamos turismo antes.

A transformação de mentalidade de empresas e turistas acontece bem lentamente, mas está em curso. O relatório do IPCC deixou claro que as mudanças ambientais serão cada vez mais severas e dramáticas e interferirão de maneira incontornável não apenas na nossa vida cotidiana quanto na nossa forma de fazer turismo. "As pessoas não querem mais saber se a empresa faz o que fala. A gente tem que realmente fazer e ponto. O cliente vai optar por uma empresa ou outra dependendo do que você fizer de fato", afirmou Loraine Ricino, da Gol Linhas Aéreas, durante um dos painéis.  

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Sustentabilidade e turismo regenerativo são a tônica do Anavilhanas Jungle Lodge. Foto: Mari Campos

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NÃO EXISTE TURISMO SUSTENTÁVEL SEM DIVERSIDADE E INCLUSÃO REAIS

As palestras e painéis promovidos pela WTM Latin America deixaram claro que a diversidade e a inclusão real precisam sair urgentemente do escopo do marketing e tornar-se realidade nos destinos e também nas empresas que gerem produtos turísticos. Não dá mais para, em pleno 2021, ainda termos parte tão significativa do setor investindo vergonhosamente em greenwashing e pink money, menosprezando a inteligência do turista. 

Hubber Clemente, do Afroturismo HUB, defendeu que o primeiro passo para que inclusão e diversidade sejam reais é falar aberta e constantemente sobre o tema. E emendou: "Não somos ainda, mas podemos ser mais diversos e inclusivos no turismo, sim".

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Mas não adianta dizer que é diverso; é preciso mostrar no dia-a-dia como a diversidade da sua empresa gera de fato inclusão de turistas e staff. Enquanto as iniciativas públicas neste sentido são ínfimas, é fundamental que a iniciativa privada aja para que diversidade gere real inclusão no turismo. Felizmente, parte do setor no Brasil começa a se organizar para trabalhar ativamente nesse sentido. 

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Eduardo Murad, diretor do Grupo R1, por exemplo, contou que está montando um comitê de diversidade no turismo com outros profissionais do setor (incluindo o próprio Hubber) para que a diversidade e a inclusão no turismo brasileiro passem da "fachada" às práticas reais cotidianas. "Queremos mostrar que o turismo é realmente diverso e, mais ainda, o tamanho dessa nossa diversidade. É urgente levar essa mensagem para os líderes do turismo que ainda não olham para essa questão", disse Murad.

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Integração e capacitação da população local, diversidade e inclusão no Maui Maresias. Crédito: Mari Campos  

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TURISMO RESPONSÁVEL É TAREFA DE TODOS

Integrar o turismo à população local, investir constantemente em capacitação regional e regeneração sócio-econômica, e fazer com que parte significativa da renda gerada realmente permaneça no destino é fundamental.  

Além, é claro, de trabalhar constante e incansavelmente pela conscientização de todos - turistas, moradores, trabalhadores do setor, alto escalão da indústria turística - sobre todas as esferas da sustentabilidade no turismo. Campanhas de conscientização social são tão importantes quanto as de conscientização ambiental!

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E é nosso dever como turistas fazer as escolhas certas. Demanda tempo, leitura, pesquisa. Mas é imprescindível que façamos todas as nossas escolhas de viagem - que trajeto fazer, que companhia voar, quando ir, em qual hotel ou pousada ficar, que tours contratar etc - buscando sempre a opção mais responsável. 

Sem responsabilidade nos negócios do setor, conscientização dos viajantes e dos trabalhadores, práticas regenerativas, diversidade e inclusão real não existirá turismo verdadeiramente sustentável. 

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