O título do comunicado oficial do ministério da Fazanda angolano anunciando o recurso ao FMI foi, no mínimo, curioso. Segundo o governo, Angola está, desta forma, reforçando "a estratégia de diversificação com apoio do FMI" - recorde-se que há vários anos que o executivo liderado por José Eduardo dos Santos inscreve no Orçamento Geral do Estado a necessidade de diversificar a economia para ficar menos dependente do preço do petróleo.Assim, e segundo o ministério, o país quer que o Fundo ajude a diversificar essa entrada de dinheiro na economia, através de uma ajuda financeira que será avaliada entretanto numa reunião em Washington.
Seja qual for o título do documento, o que Angola pediu ao FMI foi um resgate financeiro a três anos. Precisamente cinco anos antes, a 6 de Abril de 2011, Portugal fez um pedido semelhante - pela voz de José Sócrates -, a que o Fundo dirigido por Christine Lagarde respondeu utilizando exatamente o mesmo mecanismo que vai utilizar para Angola.
Ou seja, por um lado o governo angolano afirma que só está pedindo ajuda técnica para relançar a economia - mas claro que isso vem acompanhado de 'investimento' por parte do FMI. Por outro, o FMI confirma que Angola pediu a utilização do Extended Fund Facility, um mecanismo que efetivamente é negociado caso a caso, mas que implica reformas econômicas e aplicação de medidas a serem avaliadas regularmente em troca de empréstimos de dinheiro.
Poderia ser apenas uma questão de semântica ou de tradução mal feita por um dos países, não é mesmo? Mas tudo se torna mais esdrúxulo quando estamos falando - literalmente - a mesma língua.
Resta agora saber se Angola também vai escrever algo sobre a CNN - para dar apenas um exemplo estrangeiro - sobre o título usado na peça 'Angola pede resgate ao FMI'...