Eu vou bastantes vezes ao aeroporto, e nunca tinha visto tanto policial. O mesmo tem sido habitual em estações de trem - eu sempre uso o trem para ir trabalhar - onde se vão multiplicando as forças policiais, acompanhadas ou não de cachorros bem treinados.
Até os shoppings estão bastante mais policiados, e quando se fala em jogos de futebol então...da última vez que passei perto do estádio de um grande clube aqui de Lisboa, era a loucura em termos de forças de segurança.
Todas essas medidas têm sido tomadas desde que o Daesh se tornou uma ameaça real e próxima - ou seja, depois dos atentados de dia 13 de Novembro, em Paris. Bruxelas e Berlim cancelaram os espetáculos de Ano Novo que geralmente implicam muito fogo de artifício e milhares de pessoas na rua. Eles ganharam, comentava o meu marido quando escutámos as notícias. Houve amigos cancelando viagens para o centro da Europa - eles ganharam, novamente-e as novas ameaças do auto-proclamado estado islâmico agora são dirigidas a Londres - uma cidade onde tenho amigos vivendo e onde tenho ido com alguma regularidade. Além disso, França também manteve o controlo de fronteiras, que é algo a que nós, residentes no espaço Shengen, já não estávamos acostumados.
O Daesh está instalando o medo e a desconfiança em nós, europeus. E sobretudo em nós, portugueses pouco dados a medo de conflitos - é a vantagem de estar numa pequeno pedaço de terra na ponta mais ocidental da Europa, e com metade do país cercado por mar. Não somos um país muito apelativo de conquistar.
Em 2016, minha resolução foi a de tentar não ceder ao medo. Temos uma ou outra viagem marcada que não vamos desmarcar, e temos uma vida que não iremos deixar de viver. O medo pelo medo é algo que me revolta, e precisamos combate-lo com todas as forças. Apesar de ser cada vez mais difícil, tendo que passar por policiais armados até aos dentes todos os dias da nossa vida comum...
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