Foto do(a) blog

Das sete colinas lisboetas direto para São Paulo

Opinião|Lisboa volta a confinar. Brasil continua de fora

Aumento de casos de infecção por coronavírus fez o Executivo português voltar a restringir as movimentações em 19 regiões da Grande Lisboa. Entretanto, e segundo o jornal francês Le Monde, a Europa já decidiu quais os catorze países cujos residentes que vão poder voltar a viajar para o 'velho continente' a partir de 1 de julho, mas o Brasil parece ficar de fora. Tal como os EUA ou a Rússia, lugares onde as infeções têm estado descontroladas.

PUBLICIDADE

Atualização:

Os números de infecção são elevados, mas felizmente a gente tem conseguido manter os internamentos e os internamentos em UTI bem abaixo do que seria dramático. Ainda assim, o facto de não estarmos entendendo de onde surgem tantas cadeias de transmissão tem estado a preocupar as autoridades de saúde portuguesas.

Medidas de confinamento esvaziam ruas da cidade de Lisboa. Foto: Estadão

PUBLICIDADE

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou no final dessa semana que 19 freguesias (uma espécie de bairros) da região da Grande Lisboa voltam agora a viver sobre apertadas medidas de confinamento: o recolhimento é obrigatório exceto para trabalho, compras de bens essenciais e exercício. Apesar de essas medidas não se aplicarem à cidade de Lisboa (excepto em uma freguesia), os estabelecimentos comerciais, com exceção dos restaurantes e supermercados voltam a fechar às 20h. Também ficou proibida a venda de álcool depois dessa hora, e voltaram a ser proibidos os encontros com mais de 10 pessoas.

E quem desrespeitar as medidas, pode mesmo ser obrigado a pagar multas que começam nos 500 euros.

Só para a gente se contextualizar, aqui, Portugal registrou até agora 41 189 casos confirmados e 1561 mortes por Covid-19. No entanto, a gente já tem 26 864 pessoas recuperadas, e os números de internados desceram entre essa sexta-feira, 26 de junho e sábado, quando estou escrevendo esse texto, em 15 pessoas. Hoje, a gente tem 442 pessoas internadas (70 das quais em UTI), bem abaixo do pico de internamentos, quando chegámos a ter 1 302 camas ocupadas.

As medidas mais restritivas de socialização, que António Costa continua repetindo que poderá agravar se a gente não controlar a proliferação da doença, têm como objetivo travar um pouco as cadeias de contágio e tentar entender como elas estão surgindo. E a verdade é que não parece haver evidências que tenham algo a ver com turistas, por exemplo - apesar de já estarem entrando no País, ainda são em número bastante reduzido. E ainda bem, porque o problema é a falta de capacidade do SUS para responder a uma eventual segunda vaga de infecções.

Publicidade

Na verdade, a Europa está gradualmente abrindo suas fronteiras - entre os Estados-membros já é possível viajar desde o início de junho, ainda que com medidas restritivas em alguns casos (mesmo para Portugal) - tal como fez saber esse sábado o jornal francês Le Monde. Turistas da Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Japão, Nova Zelândia, Ruanda, Tailânia, Uruguai, Argélia, Marrocos, Tunísia, Geórgia, Montenegro e Sérvia estarão liberados a partir de dia 1 de julho.

Visitantes do Brasil, Estados Unidos, Arábia Saudita ou Israel continuam a não poder entrar na Europa, devido ao elevado número de infeções e ao aparente descontrolo da pandemia nesses países. A verdade é que, mesmo para os países que estão liberados, a vida não está assim tão fácil, tendo em conta que há pouquíssimos aviões levantando voo de e para qualquer lugar do mundo.

Por isso, infelizmente, a gente vai ter que continuar a se visitar apenas via Intagram, Facebook ou blogues. Com esperança de que em breve possamos nos encantar com os lugares novos que poderemos conhecer.

Opinião por Margarida Vaqueiro Lopes
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.