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Das sete colinas lisboetas direto para São Paulo

Opinião|Notas soltas de Portugal

Olá, leitores!,

Atualização:

Como há muito tempo não passava aqui, achei por bem trazer um olhar geral do que têm sido os últimos tempos aqui na terrinha. Antes de mais, me desculpem a ausência, que se deveu a uma profunda reflexão sobre o que estava acontecendo no Brasil, e o caminho que comunicação e informação estavam levando após as últimas eleições desse lado. Às vezes, o silêncio é realmente necessário e a melhor forma de pensar serenamente. Seja como for!, estou de volta. Vamos a essas notas soltas ?

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Esse ano haverá três momentos em que os portugueses serão chamados às urnas: para escolher seus representantes no Parlamento Europeu, para escolher o próximo Executivo nacional e para escolher o Governo regional da Madeira. Como em todos os anos eleitorais, o ambiente político tem estado bem aceso, com medidas favoráveis à população sendo anunciadas pelo Governo e com vários escândalos. O mais recente tem a ver com a nomeação de familiares dentro do Executivo: primos, mulheres, maridos que são nomeados para cargos de responsabilidade. O caso é grave, e infelizmente não é apenas um problema dos atuais governantes portugueses. Da esquerda à direita, tem sido fácil provar que os partidos têm dificuldade em ignorar a família na hora de escolher alguém. A questão nem é a competência - há familiares no governo atualmente no poder, e não está em causa a competência de cada um dos ministros ou secretários de estado que são parentes. A questão é que os partidos parecem não saber se abrir à comunidade, escolhendo para as suas fileiras apenas os seus familiares...como é que um partido que não se abre aos outros consegue ser espelho da sociedade? Enfim. As eleições europeias, que acontecem a 26 de maio e que determinarão quem são os 21 deputados europeus que representarão Portugal nos próximos anos deverão funcionar como uma espécie de referendo ao Governo nacional e dar dicas para a estratégia da campanha antes das eleições legislativas. As taxas de aprovação do Executivo liderado pelo socialista António Costa não estão incríveis, mas a oposição (o maior partido é o PSD; de centro-direita, seguido do CDS-PP, ainda mais à direita) não está conseguindo captar os votos dos descontentes. Pelo menos, para já. Vamos ver...

Lisboa continua fervilhando com novos projetos aparecendo: empresas, restaurantes, lojas, mercados transformados, centros culturais. De tal forma que mesmo vivendo aqui eu não consigo acompanhar o que vai acontecendo na capital do País. Mas escolhi quatro lugares para sugerir para alguém que esteja viajando para Portugal em breve: o restaurante Suba, no Verride Palácio de Santa Catarina, bem no centro da cidade, perto do Chiado, tem comida de autor, maravilhosa e com uma vista de cortar a respiração. No final da refeição, peça para subir até ao ponto mais alto do edifício e se encante com o rio Tejo e os prédios antigos a seus pés. O serviço é exemplar e se quiser experimentar um fine dining, pode começar por aí. Também em Santa Catarina, mas num registo bem mais informal (e barato!), pode encontrar o Madame Petisca. Aí encontrará porções para partilhar, num espaço pequeno mas também com vista sobre o Tejo. Convém reservar, porque tem muita gente que trabalha perto e gosta de almoçar por ali. O Palácio Baldaya, no antigo bairro de Benfica, foi recuperado recentemente e no final de 2017 abriu as portas ao público com uma programação cultural intensa, que inclui exposições, música ao vivo, uma biblioteca, e um jardim enorme bem no meio da cidade, para poder descansar um pouco de tudo o que anda fazendo. No antigo palácio onde viveram nobres portugueses há também um espaço de co-work onde pode visitar algumas start-ups. A Bernardo Atelier Lisboa, no Príncipe Real, é uma das novidades do ano e um lugar onde pode encontrar produtos de designers portugueses [e alguns internacionais]. É uma loja com roupa e acessórios para toda a família, incluindo alguns artigos de decoração, e que se orgulha de ser minimalista e acessível para todo o mundo.

A violência doméstica foi o tema que marcou a agenda mediática durante o primeiro trimestre do ano. Só entre janeiro e março morreram mais de 10 pessoas vítimas de violência doméstica (sei que não parece muito, mas tenha em conta que Portugal é um país com 10 milhões de habitantes), e foram conhecidos vários acórdãos do Supremo Tribunal em que as decisões contra homens abusadores e violentos eram de penas bem leves. Muitos deles saíram em liberdade, com juízes a defender a violência praticada, sublinhando que os homens se sentiram ofendidos de alguma forma com o comportamento das mulheres que agrediram. Houve juízes finalmente afastados de casos de violência doméstica, e todo o mundo tem estado mais atento a estes casos, apesar de a justiça continua a falhar em muitos casos.

Praticamente um mês passado desde que o ciclone Idai passou em Moçambique deixando um rastro de destruição no centro do País, os portugueses continuam envolvidos em ações de solidariedade para aquela antiga colónia portuguesa. Toneladas de roupa, alimentos, remédios e material escolar têm saído de Portugal, todas as semanas, para serem entregues à população mais afetada. Há equipes de médicos, nutricionistas, enfermeiros, psicólogos e voluntários com outras valências no terreno para, até pelo menos ao verão, dar apoio a quem perdeu tudo. Várias empresas privadas portugueses se envolveram no processo, também, mostrando que, quando queremos, realmente conseguimos trabalhar todos juntos.

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Hoje mesmo a Casa do Brasil aqui em Portugal fez saber que, na semana em que se celebram os 100 dias da chegada de Jair Bolsonaro ao poder, há cada vez mais brasileiros vindo para cá. Segundo a presidente da Casa do Brasil em declarações á agência Lusa, a vaga de imigração se acentuou no final do ano passado e no início desse. Os aposentados são a grande surpresa no grupo que vai chegando a Portugal: pessoas que querem passar o resto da sua vida aqui, e que têm rendimentos para construir aqui uma vida nova. Seja como for, a maior fatia de gente que está chegando, segundo a Casa do Brasil, são brasileiros com mais qualificação e com idades entre os 30 e os 40 anos. Todos vêm em busca de mais segurança e melhor qualidade de vida. No entanto, também têm aumentado bastante os pedidos de regresso ao País de origem: é que apesar de parecer, pelas fotografias no Instagram e no Facebook, Portugal nem sempre é o El Dorado que parece ser...o desemprego e os salários baixos continuam sendo uma preocupação, mesmo numa altura em que se sentiram melhorias.

E por hoje é só! Podem ir acompanhando o Sambando em Lisboa através do Facebook!

Opinião por Margarida Vaqueiro Lopes
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