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Das sete colinas lisboetas direto para São Paulo

Opinião|Portugal volta a confinar. Número de mortos em níveis recorde

Depois de ter passado relativamente incólume (quando comparado com outros países europeus) na primeira vaga, Portugal enfrenta agora números trágicos de contaminações e mortes por Covid-19

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Atualização:

O premiê de centro esquerda António Costa anunciou essa quarta-feira, 13 de janeiro, que Portugal vai voltar a fechar, durante um mês, e praticamente como aconteceu em março e abril do ano passado: todos os estabelecimentos não essenciais serão encerrados, os restaurantes apenas podem operar em regime de delivery e take-away e poucas coisas diferenciam esse confinamento do primeiro que Portugal viveu. Uma delas é que as escolas se manterão abertas para todos os níveis de ensino, a outra é que as celebrações religiosas são permitidas e a terceira é que serviços públicos - como tribunais - também estarão disponíveis.

De resto, o teletrabalho é obrigatório com pesadas multas para quem não cumprir, a máscara é obrigatório em todo o lugar, e o dever de recolhimento obrigatório foi instaurado. Ou, em linguagem ainda mais simples: todo o mundo deve ficar em casa sempre que possível. As saídas devem ser reservadas às atividades essenciais: ir no mercado, levar os filhos na escola ou ir no médico.

 Foto: Estadão

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Essa mesma quarta-feira Portugal voltou a registrar mais de 10 mil casos de infecção nas últimas 24 horas (num país com 10 milhões de pessoas, o número é bem representativo) e 156 mortes desde o dia anterior. Desde o início do ano que a curva de infecção e morte não baixa, e o aumento da positividade está assustando os especialistas, que atribuem ao Natal - onde houve um relaxamento das regras - e à esperança colocada na vacina, que levou as pessoas a terem menos cuidado, esse aumento de casos e mortes.

O anúncio feito hoje por António Costa foi um duro golpe para os portugueses, que não esperavam outro confinamento total, numa altura em que já estavam esperando mais turistas dinamizando a economia e ocupando as cidades quase desertas. E apesar de as fronteiras não estarem fechadas, o país está exigindo mais testes a quem chega de um monte de países de dentro e fora da União Europeia. E pedindo a quem não tem uma razão muito válida para que não se desloque entre países.

Foi dito que as medidas iam durar um mês, mas há quem acredite que elas poderão se estender até ao final de fevereiro, se não houver uma redução drástica do número de mortes e internamentos. O Serviço Nacional de Saúde (equivalente ao SUS) está perto do colapso, com a maior parte das camas em UTI ocupadas e sem profissionais de saúde com formação para ajudar os doentes Covid. O peso que a pandemia colocou no sistema de saúde está fazendo também com que muitas outras doenças fiquem para trás - os tratamentos de câncer, as cirurgias oftalmológicas, cardíacas, enfim...

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Esse início de 2021 está sendo bem difícil para todo o mundo, sem a esperança com que entrámos nele, mas uma coisa a gente pode dizer com alguma confiança: já estivemos mais longe de vencer esse vírus.

 

 

Opinião por Margarida Vaqueiro Lopes
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