Lisboa implementou um programa que nasceu da idéia de quatro pessoas - e com muitos apoios, contatos e vontade conseguiu o apoio da prefeitura - para integrar refugiados, dando a conhecer parte da sua cultura ao país. A Associação Pão a Pão começou por organizar uns brunches esporádicos com comida típica da Síria, do Iraque ou da Eritreia e preparados por pessoas vindas de um desses países. Mas entretanto o projeto cresceu. Uma das famílias, vinda da Síria, gostaria de ter um restaurante - que funciona também como um regresso à normalidade, a uma vida digna que lhes dá sustento. A Assoicação ajudou, e depois de um crowd funding e de muita solidariedade, o Mezze abriu as portas num dos bairros do centro de Lisboa,
Antes disso, o grupo de pessoas responsável pelo espaço fez formação na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, e um dos chefs responsáveis pelo projeto fez um estágio no restaurante do famoso chef José Avillez - que tem duas estrelas Michelin.
Neste espaço, o Mezze, você pode escolher entre cinco menus que incluem vários pratos tradicionais do Oriente Médio - são praticamente todos para partilhar - e eu prometo que não vai se desiludir. O projeto que no início vivia de curiosos, hoje vive de apaixonados pelo conceito e pela comida. Você vai ser recebido com um sorriso -e um português nem sempre perfeito - e com o olhar de quem realmente aprecia sua visita. A comida é maravilhosa e os preços são muito justos.
Atualmente, o restaurante já garante uns 10 postos de trabalho, e poderá vir a crescer, se fizer sentido. Por mim, que ela cresça muito e que permita que essas pessoas, tão sofridas de uma guerra que não parece ter fim, possam finalmente recuperar alguma alegria, alguma paz e acima de tudo, a vontade de viver. Viver com letra maiúscula.
Se vier a Lisboa, não deixe de passar no Mezze. Fica bem no Mercado de Arroios (perto da estação de metrô de Arroios ou da Alameda - a caminhada é agradável, até lá). É uma forma de ajudar provando uma cultura super diferente, e sem defraudar as expetativas de uma experiência bem portuguesa. Afinal, Portugal também é isso: acolhimento e integração. Ou pelo menos, assim esperamos.