Já ninguém aguenta vestir a mesma roupa. Em Portugal, não queremos mais casacos de frio, bota, blusas enormes e não aguentamos mais resfriados. Queremos as árvores cheias de flores, uma Melissa no pé - e por que não uma Havaiana? - e poder sair de casa de camiseta sem casacos atrás. Queremos a pele a ganhar as primeiras sardas do sol e queremos esquecer que o nosso sistema financeiro continua uma confusão, que o nosso governo parece meio perdido; no Brasil, o frio talvez acalmasse as pessoas que pedem a destituição de Dilma Rousseff por todos os motivos menos aqueles que realmente deveriam apresentar. Talvez fosse bom para congelar um pouco o processo e fazer as pessoas pensarem efetivamente o que querem que aconteça no país após todos esses acontecimentos que, claramente, vão mudar a vida política de um Brasil que é hoje muito diferente de há trinta anos: o frio talvez fosse bom para fazer as novas gerações entenderem a responsabilidade que têm entre mãos e aquilo que lhes vai ser pedido nos próximos anos. E numa visão menos política, todo o mundo quer já sentir menos calor, tomar menos água gelada e pegar menos chuva!
A verdade é que o mundo, meteorologicamente falando, está louco. E isso, inevitavelmente, afeta a nossa disposição. E com tanta coisa acontecendo, até o tempo tinha que nos fazer sentir que há algo de errado com esse ano de 2016?
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