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Por Daniel Ribeiro - Gente comum em viagens extraordinárias

Refúgio: a viagem que ninguém quer fazer

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Por Daniel Ribeiro
Atualização:
Refugiada busca familiares por meio do aplicativo da ONG Refugees United. Foto: Reprodução/ RefUnite

Imagine fazer uma viagem sem planos, você deve partir agora. Sem bagagem, levando apenas o que estiver ao alcance de suas mãos.  Sem dinheiro. Sem destino certo. Sem a sua família, ou apenas com parte dela. Sem dizer tchau. Sem saber se vai voltar algum dia. Sem saber sequer se irá chegar.

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Em São Paulo conheci um congolês que chegou com um casal de filhos de 4 e 7 anos por meio da organização Refugees United, da qual sou voluntário. Voltando para casa com os pequenos, ele foi avisado que sua mulher foi morta e que o estavam esperando para matar. Sem alternativas, fugiu. Ele trabalhava em um partido político desempenhado tarefas administrativas.

Aqui também conheci o garoto de 11 anos que fala português, inglês, francês e lingala. Ele chegou ao Brasil com a mãe e a irmã que também são poliglotas.

E o sírio que tinha um negócio rural com seu irmão que foi morto em um ataque a um ônibus.

Cientistas políticos, religiosos conhecedores de filosofia, engenheiros, matemáticos, professores. Todos essas pessoas fizeram a viagem que ninguém quer fazer, mas para muitos é a única saída. A única chance de sobrevivência.

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Milhares de pessoas viajam dessa forma todos os dias. No momento em que vivemos a maior crise de refugiados da nossa história, ainda abunda desconhecimento sobre o tema. Essa viagem que ninguém quer fazer insiste em ocupar as páginas impressas e digitais dos jornais, os minutos do telejornal, a rua, a vida. Não há mais como fugir. Precisamos falar sobre refúgio.

Se você chegou a este texto, não há desculpas para que você não tenha informações sobre esta crise. Hoje, 20 de junho, celebra-se o Dia Mundial do Refugiado. Gostaria de te convidar a um exercício de reflexão.

Os motivos que levam as pessoas a fugirem são os mais diversos. A guerra é apenas um deles. Rixas políticas, perseguição religiosa, orientação sexual, desastres naturais, acidentes nucleares e escravidão são alguns outros.

Poderia ser qualquer um de nós. Um dia poderá ser. Não sabemos.

 

Deixo aqui o vídeo institucional da Cáritas Arquidiocesana, organização que acolhe e colabora nos processos jurídicos para que os solicitantes que chegam a São Paulo conquistem o status de refugiados que lhes garantem mais direitos.

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