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Por Daniel Ribeiro - Gente comum em viagens extraordinárias

Você tem que ir para Berlim!

"Você tem que ir para Berlim!" Ouvia essa recomendação/ conselho/ ordem desde que consigo me lembrar*.

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Por Daniel Ribeiro
Atualização:

Aos quatro anos vi pela televisão o muro de Berlim cair. Não entendi, naturalmente, o que a cena representava, mas lembro da atenção com que todos na sala assistiam à televisão e sabia que algo importante acontecia.  De 1989 até hoje muita água rolou pelo rio Spree e o surpreendente de Berlim é a capacidade de relacionar-se com suas histórias sempre no tempo presente.

O Parque do Muro (Mauerpark) se tornou um centro de recreação aos fins de semana. No verão tem até karaokê, Foto: Estadão

Nos anos 2000, a capital alemã ganhou a simpatia dos modernos, dos hipsters, dos artistas e todo mundo me dizia que "é a sua cidade". Berlim, no entanto, é blasé. E esses movimentos dos nossos tempos também são. A cidade tem algo maravilhoso que é um culto às liberdades individuais e você pode sair na rua com uma fantasia de pernalonga ao lado de alguém seminu com adornos de couro e tudo bem. Por outro lado, se você passar mal na rua poderão achar que é uma performance e talvez até te joguem umas moedas.

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Berlim é uma cidade maravilhosa, respeitosa e vanguardista, mas é também solitária. E o inverno deixa tudo mais cabisbaixo. Na estação, os dias amenhecem tardem e a luz vai embora cedo. 17h já é noite e muito mais frio. Então, essa é uma desrecomendação para visitar Berlim? Pelo contrário. Vá, mas vá neutro. Berlim é legal exatamente por ser diferente. É preciso fazer um certo exercício difícil de limpar as referências mentais e se abrir para o novo.  É difícil fazer isso quando viajamos, afinal os planos de viagens são alimentados de expectativas.

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O museu Pergamon é um dos maisinteressantes que conheci. Não pelo tamanho do acervo ou do próprio museu. A capital alemã é mestra em provar que tamanho não é documento. Pelo menos quando falamos de cidades turísticas. Apesar disso, é um monumento babilônico gigantesco quefaz a instituição conhecida e impressiona até os mais céticos: a Porta de Ishtar.

Porta de Ishtar no Museu Pergamon, em Berlim. © Staatliche Museen zu Berlin, Vorderasiatisches Museum / Olaf M. Teßmer Foto: Estadão

As portas parecem ser um importante elemento na cidade. O Portão de Brandemburgo talvez seja o cartão postal mais conhecido da cidade e de sua frente partem tours a pé (walking tours) em que você só paga no fim o quanto acha que vale. As gorjetas aos guias variam entre 5 e 15 euros por pessoa. Os tours levam em média duas horas e são um excelente panorama para dar os primeiros passos em Berlim. Outra passagem importante visitada durante a caminhada é o Chekpoint Charlie, um posto militar que funcionava como fronteira entre as Alemanhas Oriental e Ocidental enquanto o muro esteve de pé.

Eastside Gallery, uma parte do que sobrou do muro apropriada por artistas do mundo todo. Foto: Estadão

A cidade é cheia de bons restaurantes e bares com uma diversidade ampla de cervejas. Os teatros e mostras de dança e cinema estão por toda parte, assim como as galerias de arte. Berlim é a cidade do futuro neste sentido, sem nunca esquecer do passado. A visita ao Memorial do Muro de Berlim deixa claro o quanto tudo ali é recente e o quanto nós, seres humanos, temos uma capacidade incrível de nos reinventar.

 

*Fui a Berlim a convite da British Airways e do Visit Berlin.

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