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Caixinhas de som: hit e polêmica do verão

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Cada vez mais as caixinhas estão por toda parte, inclusive na praia. Foto Divulgação/Sony  

Por Felipe Mortara/Especial para O Estado

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Como é tradição na minha vida, na última semana do ano estava na praia. Na companhia de gente querida encarei por vários dias as areias de Ipanema, do Leme e de Grumari, no Rio de Janeiro. Esperava ouvir as ondas, as gaivotas e os já famosos gritos de "alô mate, alô Biscoito Globo!". Mas acabei escutando algo um pouco diferente e, digamos, pouco natural e condizente com aqueles ambientes. Música, muita música.

As caixinhas de som bluetooth invadiram de vez as praias e trouxeram mais animação para grupos de amigos e famílias. A tecnologia não é nenhuma novidade. Mas o que essa evolução trouxe nos últimos anos - e chegou a volumes exponenciais neste verão - é a liberdade de cada pessoa produzir uma pequena festa particular ao seu redor. Cabos, iPods e imensas caixas de som são coisa do passado e hoje basta um celular e um pequeno artefato que cabe na palma da mão para espalhar o prazer (ou o terror) auditivo ao redor.

O problema é que cada guarda-sol ostenta seu ritmo, suas batidas e acaba tentando impor seu volume. Acho que a discussão sobre estilos pouco importa, gosto é gosto, faz parte da liberdade de cada um. Mas, se por um lado a praia é pública e, portanto, cada um tem o direito de se divertir como lhe dá na telha, de outro até que ponto a liberdade de quem quer ouvir música fere a liberdade de quem não quer?

Resolvi ir atrás de respostas, ou melhor, de pontos de vista sobre esse debate. Para André do Val, consultor de comportamento e estilo, o bom senso é a chave de tudo. "O que costumo fazer quando estou num ambiente com desconhecidos é conversar com as pessoas ao redor antes de ligar. Na praia é mais complicado, mas no clube e na piscina vale perguntar", explica do Val.

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O consultor de imagem e estilo André do Val acredita ser possível usar caixinhas com bom senso. Foto Flavia Valsani/Divulgação  

Há cerca de 20 anos o município do Guarujá, no litoral sul de São Paulo, proibiu o uso de caixas de som na praia. Embora pouca gente saiba da lei, várias caixas foram apreendidas já neste verão. Em Balneário Camboriú (SC), as caixinhas têm causado queixas e reclamações na polícia, e vereadores da cidade estão se mobilizando para criar uma legislação própria.

Uso abusivo?

Entusiasta da revolução tecnológica proporcionada pelas caixinhas de som, o bancário Jorge Diaz, de 31 anos, celebra a possibilidade de levar música facilmente para qualquer lugar. Porém, lamenta o uso abusivo dos dispositivos. "A queda do preço das caixinhas fez com que muita gente pudesse comprar. Da mesma forma que há gente razoável, tem gente que não é. Isso é uma coisa bem ruim porque nas praias hoje você tem uma guerra sonora entre guarda-sóis. O som do mar e das ondas hoje está sendo atrapalhado por essa batalha", contextualiza Diaz.

Para o administrador carioca Wagner dos Santos Ramos, de 35 anos, todo lugar é lugar de caixinha de som, mas com parcimônia. Além da praia, ele conta que vai ao supermercado e à farmácia com sua caixinha ligada - segundo ele, em volume baixo. "Muita gente leva som pra praia, vale a regra de que o som não deve extrapolar o seu guarda-sol, que você consiga respeitar o limite do outro. Uma música que não seja invasiva ou ofensiva", acredita Ramos. Ele dá uma dica para estabelecer o volume. "Numa altura em que os outros só tenham contato com ela (a música) caso se aproximem muito de você".

Conectá-las com seu celular e colocar sua playlist favorita em plataformas como Spotify ou Deezer é tarefa fácil.  "Quem está incomodado com isso é quem acha que vai chegar numa praia e não ouvir nenhum barulho. Tem criança, tia dando risada e bêbado gritando. Não pode se incomodar com qualquer ruído", relembra do Val, que mantem um site com dicas de comportamento, cultura e estilo masculino.

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Numa praia lotada como Ipanema no verão, caixinhas podem gerar discórdia. Foto: Marcos de Paula/Estadão

Conflito de gerações

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Existe algo geracional no uso das caixinhas. É o que acredita Marcelo Gonçalves, gerente de marketing e comunicação da Sony Brasil, um dos principais fabricantes do produto. "Em geral, os millennials são o principal público desta categoria. Nossas pesquisas apontam que, a cada 100 pessoas que utilizam uma caixa de som portátil para ouvir música, 31 possuem até vinte anos e, 39, até trinta", revela.

Com tamanhos cada vez menores e potências cada vez mais impressionantes, as caixinhas são vendidas por toda parte, de lojas da internet, ao duty free shop passando pelos ambulantes da praia. Os preços variam de R$ 20 a mais de R$ 1.000 e a potência e qualidade também.

André do Val conta que é importante manter uma distância razoável das outras pessoas e que som muito alto pode até machucar os tímpanos. Mas o que fazer quando se está numa situação incômoda? "O pior que pode acontecer é os dois lados chegarem com pedras na mão. É essencial começar com uma conversa amigável e, na pior das hipóteses, se afastar um pouco", sugere do Val.

Antes de brigar, converse. Esse é o principal mandamento. "'Oi, será que poderia baixar o som?' Diga que está com criança. Peça sempre 'por favor', 'com licença'. Não peça para desligar, mas para abaixar. Tudo é negociável", conclui do Val.

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