Danielle Yessenhart, por email
Well, my dear: eu teria uma ótima solução para todos os seus problemas mas, unfortunately, acabei de consultar minha agenda e descobri, que, devido a compromissos anteriormente assumidos, não vou poder, pessoalmente, acompanhá-la em sua american journey. Seria delightful.Anyway, darling, não vejo motivo para preocupações. Se você tivesse programado suas ferias para o Tajiquistão, que é um dos países mais pobres e primitivos da Ásia Central, eu certamente recomendaria que você contratasse uma dupla de vigorosos guarda-costas. Mas, embora a Califórnia seja governada por Conan, o Bárbaro (também reconhecido como o Exterminador do Futuro), trata-se de um estado de pessoas civilizadas -- a não ser, é claro, que você acenda um cigarro, situação que as transforma em uma horda de hunos. Viajar sozinho, as I do, oferece algumas vantagens preciosas. A primeira delas é o total domínio que você terá sobre sua agenda, podendo manipulá-la do jeito que preferir, sem aquelas crises de relacionamento que se observam quando o seu (ou sua) colega de jornada manifesta interesses divergentes. Não sou poucos -- I can testify --, os amigos do peito que, no decorrer de uma viagem, transformaram-se em inimigos mortais em virtude do acúmulo de pequenas desavenças no dia-a-dia de suas férias. A outra regalia oriunda de uma viagem solitária é a extraordinária possibilidade que você terá de fazer novos amigos. Verifico, em suas linhas, que essa é a questão que a preocupa. Pois fique tranquila, darling. A não ser que você sofra de algum tipo patológico de timidez, como meu falecido amigo Jerome (N.da R: J.D. Salinger, escritor Americano, autor de O Apanhador no Campo de Centeio, célebre por sua permanente reclusão), suas chances de conhecer gente com quem compartilhar as emoções da jornada são remarkable. Para isso, of course, você terá de fazer tours (haverá outros estrangeiros na mesma situação que a sua), frequentar bares e baladas adequados à sua idade e, eventualmente, dormir em albergues. Haverá chatos pelo caminho.That's unavoidable. Mas não se preocupe: os da Califórnia são iguais aos de São Paulo. Em Los Angeles, desde que você não se perca naquelas intermináveis alças de viaduto em que um único erro pode levá-la diretamente à Tijuana, no México, eu diria que você tem boas chances de encontrar alguém à espera de uma vaga como figurante em um filme B de uma produtora independente -- que, claro, um dia talvez venha a tornar-se Tom Hanks. Em San Diego, conforme o swell, os surfistas são sua melhor chance. Já em San Francisco, well, você pode até achar um chinês divertido, mas, estatisticamente, suas maiores oportunidades são os hippies velhos do Height-Ashbury ou os gays do Castro. Vai ser igualmente divertido, don't you agree?