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Caminho de Santiago: dicas para ir de bike ou a cavalo

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Por Adriana Moreira
Atualização:

 

Por Flavia Alemi

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Todo mundo conhece as dificuldades de se percorrer os caminhos de Santiago a pé. Bolhas nos pés, dores nos joelhos e nos músculos das coxas são só alguns dos obstáculos que fazem os peregrinos se questionarem se era melhor ter escolhido outra opção de transporte. A compostela, documento que comprova a peregrinação a Santiago, além de ser concedida a quem percorrer ao menos os últimos 100 quilômetros do Caminho a pé, também é dada a quem o fizer em outros dois meios: a cavalo ou de bicicleta. Mas será que é mais fácil?

Antes de responder a essa questão, vamos a alguns dados que podem dar algum esclarecimento. Segundo a Oficina de Acogida al Peregrino, 237.886 peregrinos chegaram a Santiago de Compostela em 2014. Desses, só 1.520 estavam a cavalo, ou seja, apenas 0,64%. De bicicleta, essa porcentagem pedala para 10,65%, mas fica evidente que a enorme maioria escolhe ir a pé. A seguir, vamos explicar os prós e contras de se escolher fazer o Caminho pelos meios de transporte alternativos. E já adiantamos: sai mais caro.

Leia maisESPECIAL - Tudo sobre o Caminho de SantiagoVocê no Caminho - Peregrinos contam experiências de vida

  • A cavalo

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A agropecuarista e guia de cavalgada Laura Rossetti contratou um pacote da Cavalgadas Brasil para percorrer o Caminho de Santiago em 2013, no seu aniversário de 50 anos, e, segundo ela, foi bastante confortável. "Eu descia para tomar café às 9 horas da manhã e os cavalos já estavam prontos. Parávamos a cada duas horas para descansar. É super tranquilo", conta. Apesar dessas facilidades, Laura destaca: "Sem condicionamento físico, não dá pra aguentar nem 5 dias de cavalgada".

Além de contratar uma agência, também é possível fazer o Caminho a cavalo por conta própria, com sua montaria de confiança ou alugando uma lá. Porém, em ambos os casos há ressalvas a serem feitas. Para levar seu cavalo até a Espanha, os custos são altíssimos e podem chegar a R$ 60 mil só em taxas alfandegários e de quarentena. Já para alugar um cavalo na Espanha, é preciso pesquisar com bastante afinco antes e depois de chegar para evitar problemas com a montaria. Muitos peregrinos a pé já relataram que os cavalos disponíveis para alugar no meio do Caminho são visivelmente maltratados.

Acha que dá pra encarar?

Prós

  • Caso contrate um pacote com uma agência de viagem, eles cuidarão do cavalo para você. "Não sei se é cultural, mas os cuidadores não deixavam a gente nem mexer nos cavalos depois que desmontávamos. Eu não precisei nem colocar a sela no meu", conta Laura.
  • Não carrega peso. Enquanto a pé você leva todos os seus poucos pertences numa mochila e os carrega nas costas, a cavalo há um serviço de vans que transporta a bagagem até seu próximo destino. Claro, isso depende da agência que você contrata. Se resolver ir por conta própria, ou terá de alocar suas coisas em alforges específicos para montaria, ou precisará usar o serviço de despacho de pertences.
  • Não cansa tanto. Não é preciso acordar tão cedo, como os peregrinos que estão a pé. Eles costumam sair do albergue antes do sol nascer, pois precisam chegar cedo no próximo albergue - ou correm risco de ficar sem cama. A média de 26 quilômetros que quem está a pé caminha é feita em bem menos tempo a cavalo, o que dá aos cavaleiros mais tempo para descansar e conhecer as cidades.

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Contras

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

  • É mais caro do que ir a pé. Quem vai andando tem preferência para conseguir lugar para dormir nos albergues públicos do Caminho, que funcionam a base de doações. Assim, os gastos diários diminuem, já que não se paga (ou se paga pouco) pela estadia e, às vezes, há até uma refeição incluída. Já quem está a cavalo precisa procurar um local que tenha uma área apropriada para que o bichinho seja tratado e descanse no fim do dia e, geralmente, eles são fora de mão, em ranchos longe dos centros das cidades. As empresas que fecham pacotes já incluem a estadia nesses lugares. Um roteiro de 10 dias, partindo de Astorga, pode custar mais de 2.500 euros (algo em torno de R$ 10.700).
  • Não se percorre o Caminho inteiro. O Caminho Francês, de 800 quilômetros, não é usualmente feito em sua completude a cavalo. Geralmente é só um trecho menor. A Cavalgadas Brasil, por exemplo, tem rotas partindo de Logroño, Astorga e do Cebreiro. O tempo de viagem vai de 5 a 21 dias.
  • Precisa ter experiência. Montou num cavalo pela primeira e única vez quando foi naquela excursão com o colégio na quinta série e acha que é suficiente? Não é. A administradora de empresas Denise Sahione monta a cavalo de vez em quando e conta que ficou cansada quando fez o caminho partindo do Cebreiro. "Teve um dia que minha perna estava super inchada. A gente sofre também", conta.

Recomendações

  • Use roupa apropriada. Calça, bota e chapéu são itens dos quais não é possível fugir quando se faz o Caminho a cavalo.
  • Filtro solar. Nem precisa dizer nada, né? Use sem moderação.
  • Como não há a pressa do peregrino a pé, aproveite para conhecer melhor as cidades e as pessoas.

Denise Sahione ficou com a perna inchada, mesmo tendo experiência em cavalgada. Reparou na roupa dela? Mesmo com o sol que fazia naquele dia, a calça e a bota não foram dispensados. Foto: Arquivo pessoal

 

  • De bicicleta

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Se percorrer o Caminho a cavalo exige condicionamento físico, o que dizer da empreitada de bicicleta? Esqueça as aulas de spinning e os 40 minutos diários na bicicleta ergométrica. Para fazer o Caminho de Santiago de bike é preciso muita habilidade na magrela e, principalmente, prática com circuitos mais radicais.

"Não basta só saber andar de bicicleta. É preciso estar bem treinado", explica Paulo de Tarso, organizador do grupo de ciclistas Sampa Bikers. Ele já pedalou pelo Caminho oito vezes e, apesar de já ter quase decorado o trajeto, recomenda levar um guia para 'bicigrinos'.

Essa modalidade é pra você?

Prós

  • É rápido. Enquanto os peregrinos a pé levam pelo menos 30 dias para ir de Saint-Jean-Pied-de-Port a Santiago de Compostela (no Caminho Francês), de bicicleta esse tempo cai pela metade. "Em 15 dias dá para pedalar sem pressa e ainda curtir as cidades", diz Paulo. A quilometragem pedalada depende do trecho da rota. "Nos pedaços em que não há muitos obstáculos, dá para percorrer até 90 quilômetros em um dia", exemplifica.
  • Não precisa ir com agência. Segundo Paulo, o Caminho é muito bem sinalizado e não faz a presença de um guia pago ser necessária.
  • Não é necessário acordar tão cedo. Assim como nas dicas para ir a cavalo, ir de bicicleta também proporciona esse benefício.

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Contras

  • É rápido. Ué, mas isso não está na lista de prós? Sim. Mas depende do seu ponto de vista. Há quem prefira fazer o Caminho com mais calma, sentindo cada dor e emoção, encontrando outros peregrinos pelo trajeto.

  • Albergues dão prioridade para quem está a pé. Portanto, se você chegou na hospedagem com a sua magrela, vai precisar esperar dar o horário de entrar - e corre o risco de ficar sem cama. Paulo preferiu, na maioria dos dias, pagar um hotel, pois, além de querer ter um descanso garantido, poderia dormir até a hora que quisesse. "Como os horários de quem está a pé são diferentes, logo cedo eles já fazem muito barulho", detalha.

  • Precisa de habilidade. Ficou claro lá em cima que a experiência com a bike da academia não é suficiente pra fazer o Caminho, né? Se você não tem esse preparo, mas quer muito ir de bicicleta, é melhor começar a treinar. Há vários grupos de ciclistas aventureiros que se reúnem para fazer trilhas. Contate os da sua cidade.

Recomendações

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  • A bicicleta ideal para fazer o Caminho de Santiago é uma mountain bike.
  • Onde vai a bagagem? Em alforges acoplados na garupa. Paulo de Tarso recomenda não economizar nisso. Afinal, é onde estarão todos os seus pertences. Quer terror maior do que pegar uma chuva no Caminho, chegar no albergue e descobrir que todas as suas roupas estão ensopadas?

Para ir de bicicleta, o preparo físico é indispensável Foto: Sampa Bikers

E aí, decidiu o que é melhor pra você? Então Buen Camino!

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