Bruna Toni
05 de dezembro de 2018 | 16h57
É inexplicável e, diria, inevitável. Mesmo quem não é de selfies ou quem tenta dispensar fotos clichês em cartões-postais dificilmente resiste ao clique em frente às letras brancas e vermelhas do letreiro onde se lia, até a última segunda-feira, ‘I Amsterdam’. Até segunda porque a escultura, um símbolo da turismo do país desde 2004, foi retirada da Praça dos Museus pela prefeitura.
Segundo a imprensa dos Países Baixos, a justificativa para a retirada da escultura dada pela prefeita da cidade, Femke Halsema, do partido GroenLinks, foi a de que o “I” (eu em inglês) ressaltaria o “individualismo, enquanto Amsterdã quer ser solidária e diversa”. Mas, na verdade, faz parte da estratégia da prefeitura da cidade para diminuir o fluxo de turistas.
Foto: Olaf Kraak/EFEPara além do debate entre individualismo x coletivismo, o que vem sendo discutido por lá (e em outros países da Europa, como Espanha e Itália), são os problemas acarretados pelo turismo de massa e a turismofobia de alguns moradores. É simbólico, portanto, a retirada dos letreiros que, antes de servir de cenário para nossas fotos, serviu para divulgar o destino aos quatro cantos do mundo. O repórter Daniel Nunes Gonçalves, em uma viagem recente a Amsterdã, escreveu sobre o assunto.
O letreiro de 2 metros de altura e 23 metros de largura era, junto com as instituições culturais ao seu redor – Rijksmuseum, Museu Van Gogh, Museu Moco e Museu Stedelijk – um dos mais importantes centros turísticos da capital holandesa.
De acordo com o jornal De Volkskrant, as letras brancas e vermelhas serão reformadas e voltarão à função inicial: decorar eventos específicos. No lugar deles, contudo, a artista Pauline Wirsema colocou, horas depois, novas letras gigantes. ‘HUH’, em tons alaranjados, preencheu parte do espaço vazio. Seria uma espécie de vaia pela retirada das letras – segundo ela, não é isso que vai fazer as multidões desaparecerem. Ou seja, o debate parece longe de acabar.
Se você quiser ainda fazer sua foto com as letras, elas estão também no aeroporto internacional. Mas sem o belo Rijksmuseum ao fundo.
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