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Blog do Viagem & Aventura

Como tirar do papel sua viagem dos sonhos em 2019

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Por Redação
Atualização:
Pôr do sol em Fernando de Noronha está no topo da lista de desejos no Brasil. Foto Felipe Mortara  

Por Felipe Mortara, especial para O Estado

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Os sonhos de viagem se renovam a cada ano, mas como transformá-los em realidade? Mesmo numa era em que companhias áreas e hotéis fazem promoções regularmente e na qual há cada vez mais possibilidades de acumular milhas e parcelar os gastos a perder de vista, muita gente acaba deixando os planos de lado. E nem sempre o motivo é a falta de dinheiro, mas a falta de  disciplina e organização. Como se organizar então para ter o dinheiro necessário para aquelas férias dos sonhos?

Uma pesquisa realizada no fim de 2018 pelo aplicativo Guiabolso indicou que apenas 22% dos brasileiros tiraram do papel as metas previstas para o ano passado. Entre os principais objetivos financeiros citados pelos participantes, viajar foi o segundo mais citado (29%), perdendo apenas para a compra de um automóvel ou moto (31%) e à frente da aquisição de casa ou apartamento (18%).

Outro estudo, realizado pelo Ibope a pedido do comparador de passagens Skyscanner indicou que Fernando de Noronha (62%) lidera a lista de destino dos sonhos no Brasil. Na sequência aparecem Lençóis Maranhenses (40%), Recife e Porto de Galinhas (38%), Fortaleza (38%) e Foz do Iguaçu (33%).

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Para alguns brasileiros o grande sonho é viver o Mar do Caribe, como em St. Barth. Foto Felipe Mortara  

Os mil respondentes da pesquisa online Skyscanner/Ibope, entre 18 e 55 anos, indicaram ainda sua lista de experiências internacionais para realizar ao menos uma vez na vida. No topo da lista, "visitar o Caribe" (48%) supera "fazer uma visita a uma grande cidade europeia" como Paris, Londres e Roma (43%) e "conhecer as Ilhas Gregas"(38%). Completam as cinco principais aspirações dos brasileiros no exterior "ver as praias de Cancún" (38%) e "ver a aurora boreal" (34%).

Como tirar os sonhos do papel?

Querer é fácil, o difícil é realizar. O importante é controlar os gastos do dia a dia para não gastar com "coisas" e poupar para ter "experiências" - pelo menos na opinião do professor Marcos Silvestre, economista pela USP com MBA em Bancos e Finanças e educador focado em "sabedoria, transformação e prosperidade". Ele também é apresentador da Rádio BandNews FM e autor de best-sellers como Os 10 Mandamentos da Prosperidade A Virada na Carreira, e nos deu a entrevista a seguir.

O que é essencial ter em mente para poupar para viajar?

Quem deseja nesta vida ter mais "experiências" deve aprender a se desengajar e também a desengajar seu dinheiro, ou seja, seu poder de compra das "coisas" (materiais). A ideia é se controlar no dia a dia para não gastar dinheiro com coisas, que sempre têm apelo de compra mais imediato, e poupar para experiências, como experiências de viagem. Como viajante frequente, posso assegurar: viagens estão entre as vivências mais gratificantes da vida!

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Mas como colocar essa mudança em prática?

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Neste processo de refocagem, a mente pode nos trair, e temos de nos colocar desafios para nós mesmos. Pegue o orçamento total da sua próxima viagem e divida em "cotas" de R$ 100. Por exemplo, se planeja gastar R$ 5 mil, isso dá 50 cotas de R$ 100. Toda vez que for comprar algo próximo de R$ 100,00, pense: "Vou queimar uma cota da minha viagem... vale mesmo a pena o sacrifício"? Frequentemente, você descobrirá que o "crime do consumismo" não compensa. Então, com disciplina, deposite na poupança os R$ 100 que não gastou com a compra. Resultado: a verba para sua viagem virá muito mais rápido do que você imagina. Se você vai virar um mão de vaca com esta estratégia? Deixe que digam e que falem: apenas siga focado no seu desejo maior de ter dinheiro para viajar. Os críticos de hoje (de sua sovinice) serão os invejosos de amanhã (de suas viagens maravilhosas).

Marcos Silvestre é economista e consultor financeiro Foto: Estadão

O que o viajante deve levar em consideração na hora de escolher um investimento para viajar?

O melhor investimento é o FIF: Faça Investimentos Frequentes! O que mais vai garantir que você tenha realmente acumulado a reserva necessária para viajar, será sua capacidade de investir um pouco todos os meses, com regularidade. Persistência é quase tudo no planejamento financeiro.

Comece com a boa e velha caderneta de poupança. Divida o valor total do orçamento da sua viagem pelo número de meses que existem entre hoje e eu momento em que você pretende viajar. Por exemplo: se você pretende fazer uma viagem de aproximadamente R$ 5 mil, dividindo isso por 24 meses você terá de poupar e aplicar aproximadamente R$ 200 por mês. Este é seu plano, somente ele levará você para Nova York, Paris, Atacama ou Patagônia.

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É mais importante escolher a aplicação ou desenvolver o habito de poupar?

No princípio, tanto faz se este dinheiro será aplicado na caderneta de poupança ou em algum outro investimento mais avançado. O mais importante será estabelecer o hábito de poupar e aplicar com perseverança. Depois, tem o seguinte: por questões tributárias, você só conseguirá investimentos realmente mais rentáveis do que a poupança se puder aplicar por um período superior a dois anos. Isso é coisa rara em se tratando de planejamento de viagem. Então, desencane: vá mesmo de caderneta... mas , hein, porque o seu dinheiro tem de ir à frente, abrindo as portas do mundo pelas quais você pretende passar!

Se for uma viagem para daqui dois ou três anos, ou apenas um ano, como as Olimpíadas de Tóquio, o que considerar como investimento?

Para facilitar, faça o orçamento total da sua viagem internacional na moeda do país de origem. Acompanhe desde já a cotação desta moeda. Feche tudo o que puder fechar antecipadamente, como passagens e hospedagem, pagando em reais (inclusive com bons descontos de antecipação), para ancorar em moeda nacional o seu orçamento de internacional. A grande preocupação é mesmo com a variação surpresa do câmbio, e planejando-se assim você minimizará os riscos de uma repentina valorização muito forte na moeda estrangeira.

Mas nem todos os gastos de uma viagem são previsíveis com precisão, certo?

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Ainda resta aquela parte dos gastos que você não pode antecipar, justamente porque terá de dispor da grana quando estiver em viagem. Por exemplo, passeios locais, shows, alimentação, transporte, compras e, dependendo do estilo de viagem, até mesmo hospedagem. Foque agora nessa parte do orçamento, que pode ser expressiva e representar metade ou mais dos gastos totais com a viagem. Então, disponha-se a acumular um tanto todos os meses, juntando uma pequena bolada de seis em seis meses, e daí faça pequenas compras parciais de moeda estrangeira.

Como se proteger de grandes variações nas cotações do dólar e do euro?

Para fazer um câmbio médio e minimizar os riscos de disparada nas cotações, vá comprando aos poucos, fazendo cargas em um cartão de débito internacional. No entanto, faça isso com apenas metade do seu orçamento de gastos durante a viagem: a outra metade, deixe mesmo para o cartão de crédito. E deixe o dinheiro aplicado em reais para quando chegar "a grande fatura" na volta das férias. A partir de 2020, as compras de todos os cartões internacionais serão fechadas pela cotação do câmbio do dia da compra, embora diversos cartões já ofereçam esta conveniência para o viajante.

Qual a importância e como manter a disciplina de poupar para viajar?

Muita disciplina antes, para poder juntar a quantia necessária, e manter a disciplina durante, para poder ficar dentro do orçamento planejado. Nada de "viagen$$$ na viagem"! Quando estamos em viagem - no modo turista "on" -, a tendência natural é mesmo de empolgação. Tendemos a imaginar que talvez nunca mais tenhamos a possibilidade de estar naquele lugar de novo, o que então justificaria "afundar o bolso" com todos os passeios, todos os shows, e todos os programas especiais que couberem nas 24 horas do dia. O mesmo costuma acontecer com relação às compras: "Ah, se eu não comprar agora, não compro mais". Então... dá-lhe cartão de crédito a descoberto e o que era para ficar em US$ 1 mil, vai fácil para US$ 2 ou 3 mil...

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Como evitar o risco de ter dor de cabeça na volta das férias?

O perigo de extrapolar o orçamento é concreto: contenha-se e evite fazer esta bobagem, para não ter uma ressaca financeira na volta da viagem, estragando boa parte do prazer que ela terá proporcionado. Faça um bom orçamento antes, pesquisando tudo que puder na internet, colhendo referências de guias e aproveitando a experiência de amigos viajantes. Esforce-se para acumular a máximo que puder antes da viagem. A partir daí, assim que embarcar, é relaxar e aproveitar, sem medo de ser feliz na viagem... sabendo que não será financeiramente infeliz na volta.

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