Mas o início das celebrações estava marcado para as 5 horas e havia muita gente circulando diante da fachada do Parlamento, às margens do Rio Spree, nas calçadas da Friedrichstrasse. Irresistível sair para um passeio, sentir o clima, ver as peças do dominó-Muro que estavam mais longe daquele epicentro do evento. Fui.
Na hora de voltar, o susto: o número de grades havia aumentado muito e já não se podia fazer o caminho mais curto. E, depois de percorrer o mais comprido e chegar a uma nova barreira, soube que ninguém mais tinha autorização para se aproximar da festa. "Tem gente demais", disse o policial.
A credencial de jornalista e as devidas explicações liberaram a minha passagem, mas não a de milhares de outras pessoas que tiveram de ficar ali, a quatro quadras do palco onde, protegidos da chuva forte, Angela Merkel, Nicolas Sarkozy, Hillary Clinton, Silvio Berlusconi e várias outras autoridades já discursavam. Quando caiu a primeira sequência de dominós, nós não vimos.
Havia ainda uma segunda barreira, a duas quadras do Portão, e dessa eu não fui autorizada a passar. Naquele ponto, parte do público ensaiava um protesto com o refrão "derrubem o Muro", que não chegou a formar um coro.
Lá pelas 9 horas, quando o frio e a chuva já serviam de pretexto para muita gente decidir ir embora e faltava apenas uma fileira de pedras de dominó para ser derrubada, os policiais retiraram algumas grades. Os resistentes da turma dos sem-Portão avançaram e ouviram-se comentários de "antes que fechem de novo", outra paródia histórica.
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Uma última fileira do dominó gigante, um show em playback sofrível do cantor Bon Jovi e o espetáculo pirotécnico formaram a parte que nos coube da solenidade.
Encerrado o evento no lado leste do Portão de Brandemburgo, Berlim se dirigiu para o oeste sem ninguém para impedir, como há 20 anos. Lá, diante de um novo palco, os berlinenses foram se dedicar a outra coisa que sabem fazer muito bem: dançar ao som de música eletrônica, com o DJ Paul van Dyk, natural da cidade, no comando.