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Guia para mulheres viajantes é lançado por ONG feminista e plataforma de viagem

"Um taxista me apalpou quando fui sair do carro". "Fui seguida por um homem depois de pedir que ele tirasse uma foto minha num ponto turístico"."Um taxista começou a fazer o caminho errado comigo e minha irmã". "Estava andando sozinha na praia e um homem se aproximou perguntando onde estava o meu marido". "Estava de saia no aeroporto, em pleno verão europeu, e fui chamada atenção por uma agente policial por causa da minha roupa".

Por Bruna Toni
Atualização:

Todos esses relatos foram compartilhados por mulheres profissionais de viagem na manhã desta quarta-feira, 21, durante o debate de lançamento do guia Mulheres pelo mundo: um guia para viajar em sua própria companhia, fruto de uma parceria da Booking.com, plataforma de viagens, com a ONG feminista Think Olga.

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Com foco no público feminino e viajante, as duas instituições se uniram para criar um conteúdo que incentivasse "mulheres a fazer as malas e explorar novos destinos, experiências e, principalmente, a si mesmas", mesmo desacompanhadas. Segundo Juliana de Faria, fundadora da Think Olga, e Luiz Cegato, gerente de comunicação da Booking.com para a América Latina, uma das ideias do guia é contribuir para o empoderamento feminino, ampliando o acesso da mulher aos espaços públicos, ou seja, garantindo o direito de todas à mobilidade com segurança.

Think Olga e Booking.com lançam guia para mulheres viajantes  

Outro objetivo da cartilha é desmistificar a figura da mulher que viaja sozinha. Primeiro porque mulheres viajantes sempre existiram. Segundo porque "queremos que a mulher que viaja são seja vista com estranhamento ou como heroína, mas de forma natural", disse Juliana. Afinal, quando um homem viaja sozinho, ninguém pensa que ele é louco ou herói.

Com 20 páginas, linguagem jovem e visual descontraído (elaborado pela artista Eva Uviedo), o guia - que pode ser baixado no site mulherespelomundo.com - traz dicas práticas, desenvolvidas pela ONG e pela empresa a partir de uma pesquisa realizada no início deste ano com 4 mil pessoas do Brasil, México, Colômbia e Argentina, acima dos 18 anos e com, no mínimo, dois carimbos internacionais no passaporte.

SEGURANÇA É PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO DAS MULHERES

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Segundo a pesquisa realizada pela Booking.com, 62% das mulheres entrevistadas disseram já ter feito ao menos uma viagem internacional sozinha. Entre homens, a porcentagem aumenta para 72%. Há muitos fatores estruturais que explicam essa diferença, e um dos mais citados é falta de infraestrutura e segurança de alguns destinos - 17% das mulheres admitiram não viajar sozinha por medo.

Por outro lado, 100% delas disseram que viajariam em grupos só de mulheres por se sentirem, assim, mais seguras. Por isso, Chile, Uruguai e Argentina, países com mais segurança, estão na lista de preferidos das viajantes na América Latina.

Mas existem lugares mais seguros que outros para mulheres? Há, claro, destinos cuja cultura é, oficialmente, mais opressiva às mulheres. Mas tanto Juliana de Faria quanto Luiz Cegato reforçaram o fato de que também é preciso desmistificar essa ideia, pois a violência contra as mulheres ocorre em todas as partes, inclusive nos países tidos como liberais nos costumes. Os relatos das viajantes presentes no evento desta quarta também reforçaram essa opinião - os casos citados do início deste texto ocorreram na França, na Espanha, na Rússia, no Brasil.

Juliana de Faria, da Think Olga, Luiz Cegato, gerente de comunicação da Booking.com para a América Latina, e Rosana Jatobá, jornalista e mediadora do evento  

Além disso, a pesquisa ainda mostra uma contradição interessante em relação às percepções que os latino-americanos têm sobre mulheres que viajam sozinhas. Se 60% dos entrevistados disseram haver preconceito com o público, a maioria dos entrevistados diz considerá-las independentes (65%); aventureiras (54%), seguras de si (51%) e corajosas (40%) - em meio aos viajantes brasileiros, os números sobem para 71%, 52%, 53% e 49%, respectivamente.

DICAS PRÁTICAS

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Uma das dicas elaboradas pela Think Olga e pela Booking.com no guia tem a ver com hospedagem, especialidade da segunda. Ler os comentários de quem já utilizou um serviço é sempre uma boa forma de saber se o que se oferece vale mesmo a pena. E exatamente por isso é importante que nós, mulheres viajantes, também compartilhemos nossas impressões nos espaços de feedback. Assim, outras mulheres terão referências e poderão se sentir mais seguras.

Para quem ainda não está acostumada a viajar sozinha, um caminho é procurar lugares próximos à cidade onde mora. O Viagem tem diversas dicas de passeio perto de São Paulo e bons para se fazer também sozinha. E também uma reportagem com outras muitas dicas de mulheres que há anos têm driblado o machismo para seguir viajando pelo mundo: bit.ly/lugardemulherviajante.

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