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Inhotim inaugura exposição sobre botânica no Google Arts and Culture

Destacadas no tour virtual, espécies como tamboril, jequitibá e embaúba podem ser apreciadas em visita ao espaço ao ar livre, perto de Belo Horizonte

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Por Redação
Atualização:

Por Nathalia Molina*

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Um acervo natural, com uma cuidadosa curadoria botânica. Muito visitado por sua paisagem e obras de arte, o Instituto Inhotim quer cativar o público de turismo também por suas árvores. Na semana em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho, a instituição inaugura a exposição virtual Do Tamboril à Braúna: Conversas com Quem Gosta de Árvores no Google Arts & Culture.

"A maioria das pessoas vem ao Inhotim pela beleza do lugar e pelas obras de arte, mas não sabe desse trabalho que a gente faz com o jardim botânico, em que um dos objetivos é a pesquisa científica, é a educação", contou Juliano Borin, curador botânico do instituto em Minas Gerais, durante visita virtual para a imprensa realizada hoje à tarde. "O Inhotim tem por volta de 140 hectares de áreas de visitação. Desses, 38 hectares são jardins feitos. E há outras áreas de vias, galerias de arte e remanescentes de vegetação."

Tamboril, árvore gigante que fica na área central do Inhotim - Fotos: João Marcos Rosa  

Aprendi diversas curiosidades na visita virtual. O cedro-rosa era o favorito de Aleijadinho para fazer esculturas; ainda hoje vistas nas procissões na cidade histórica de Congonhas do Campo, em Minas Gerais. Aquele prateado que eu sempre vi na subida da serra no Rio é das folhas da embaúba. A árvore serve de casa para formigas, que protegem as folhas da árvore de animais herbívoros, exceto o bicho-preguiça, cujo pelo impede o ataque ardido dos pequenos seres.

Há mais de 5 mil espécies de árvores no Brasil. A jabuticabeira é originária daqui. "A gente tem mais de dez tipos de jabuticaba: branca, vermelha, tigrada, mini, Sabará, olho de boi...", contou Borin. "Já a mangueira é originária da Índia. Foi introduzida aqui pelos portugueses. Nas fazendas coloniais, sempre tem grandes mangueirais, que eram para produção de alimentos para os povos escravizados."

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Árvores de Inhotim na exposição virtual

A exposição no Google Arts & Culture apresenta 13 espécies, e a instituição pretende ampliá-lo futuramente. Entre embaúbas, jequitibás e braúnas, uma das árvores do acervo natural é bem conhecida pelos visitantes: o tamboril, símbolo do instituto. De idade estimada entre 80 e 100 anos e com quase 20 metros de altura, o exemplar fica na área central, onde começou o sítio que deu origem ao Inhotim.

De acordo com Borin, a intenção foi "trazer uma narrativa leve justamente para levar o mundo da botânica para as pessoas". Capturadas por João Marcos Rosa, fotógrafo especializado em natureza, as imagens mostram tanto belas paisagens quanto detalhes, caso do fruto do coité, usado para fazer cuias ou cabaças de berimbau. Completam a mostra textos explicativos e toques de literatura (como o poema Fruta-Furto, em que Carlos Dummond de Andrade fala de jabuticabeiras).

Com participação de convidados e da equipe do Jardim Botânico do Inhotim, a exposição inclui ainda gravações com ensinamentos importantes sobre as espécies. "Há nove anos trabalho no Inhotim, e a gente vem conhecendo cada vez mais essas plantas. A exibição virtual é uma forma que a gente encontrou de levar o Inhotim à casa das pessoas que estão podendo ficar em isolamento. É uma maneira de aliviar a tensão com essas belas imagens e ter um pouquinho de prazer. Nós consideramos as árvores grandes monumentos vivos", afirmou o curador botânico.

Preservação do patrimônio natural

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Conforme o instituto foi crescendo, os espaços e as obras de arte ganharam jardins no entorno. "Só que foram chegando muitos tipos de plantas e algumas começaram a ter problemas de saúde. A gente precisava entender o que tinha aqui e começar a dar nomes. Em 2013, fomos enquadrados como jardim botânico na categoria B. Neste ano, entramos para a Botanic Gardens Conservation International, uma organização mundial importante", explicou Bordin. Uma equipe tem 75 jardineiros se encarrega de plantio, manutenção, viveiros, controle de pragas e jardinagem.

Além da mostra virtual, o Inhotim faz uma parceria com o Instituto Terra pela proteção de espécies presentes na Mata Atlântica e no Cerrado. Durante esta semana, conteúdos serão publicados nos perfis @institutoterraoficial do Instagram. O banco de sementes do Inhotim tem mais de 220 mil, pertencentes a 34 espécies, todas nativas da Mata Atlântica e do Cerrado.

Com suas folhas prateadas, a embaúba serve de abrigo para formigas e é a preferida do bicho-preguiça  

Quanto mais conhecerem as espécies, as pessoas podem contribuir na conservação do patrimônio ambiental brasileiro. "O nosso País é um dos mais biodiversos e nós fomos acostumados a essa abundância. Achamos que a flora vai estar sempre aqui. É triste, mas essa devastação vem acontecendo de muitas maneiras", afirmou. "Isso é cultural, e aqui no Inhotim a gente tenta vencer essa problemática por meio da etno botânica. Com uma informação útil, funcional, aquela planta deixa de ser um mato", explicou o engenheiro agrônomo.

É o que os estudiosos no tema chamam de "cegueira botânica", a incapacidade de perceber as plantas do próprio ambiente. "Aqui no Inhotim a gente também tem essa missão de recuperar o uso das plantas pelos povos tradicionais, pelos indígenas", contou Borin. "A grumixama, por exemplo, não se encontra mais para comer. A gente explica que antes tinha sorvete, era utilizada para doces e geleias." No Jardim Sombra e Água Fresca do Inhotim, há mais de 80 espécies frutíferas para degustação do público. "A maioria delas você não vai encontrar no supermercado", disse o curador botânico.

Visitas virtuais e presenciais ao Inhotim

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A visita virtual Um Olhar sobre o Acervo Botânico está marcada para esta quinta, 3 de junho, às 16h. Educadoras da instituição falam sobre pesquisa, conservação e educação ambiental como parte do programa Inhotim para Todxs, patrocinado via lei Federal pela Localiza e pela Unimed. Não é exigida inscrição prévia, mas a sala é fechada quando o número de participantes for suficiente para uma experiência confortável.

O fruto do coité se transforma em cuias e cabaças de berimbau  

Para visitas presenciais, o Instituto Inhotim abre de sexta a domingo e aos feriados, com um máximo de 500 pessoas (ingressos pelo Sympla). É obrigatório o uso de máscara. A entrada custa R$ 44 e é gratuita na última sexta de cada mês (exceto em feriados).

Neste sábado, 5 de junho, tem visita guiada por Borin, com saída da recepção, para conhecer mais sobre o trabalho de botânica desenvolvido no instituto e visitar estufas de espécies raras. Dura das 10h30 às 12h30.

* Sou jornalista de turismo e apresento o Como Viaja | podcast de viagem, com dicas e experiências no Brasil e no exterior. Me acompanhe também no Instagram @ComoViaja para novidades e curiosidades

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