Pois os japoneses, sempre tão criativos, descobriram outra maneira de transformar o arroz, a base de sua culinária, em obras de arte. E antes de ser colhido. Os imensos arrozais, do tamanho de campos de futebol, se transformaram em telas brancas gigantes. As tintas e os pincéis são as próprias mudas.
Ele ficou semanas quebrando a cabeça, até que um dia, viu crianças plantando variedades de mudas de arroz para um projeto da escola. Eles usaram duas cores de talos: um de tom púrpura escura e outro, verde-claro. E teve um estalo: por que não plantar variedades coloridas para formar palavras e figuras?
A ideia deu tão certo que a pequena Inakadate, com menos de 10 mil moradores, recebeu mais de 170 mil turistas no ano passado que invadiram suas ruas estreitas. Além do perfeccionismo apurado, é claro que os japoneses usam e abusam da tecnologia.
Para criar o desenho de um samurai que combate um guerreiro chinês, os moradores usaram um modelo de computação para fincar mais de oito mil estacas, que orientam a formar a figura. As mudas de arroz foram geneticamente planejadas para produzir três cores: vermelho escuro, amarelo e branco.
A cada ano, os moradores produzem desenhos cada vez mais intricados para que os turistas voltem no próximo verão. E toda a população se mobiliza. Se no começo eram apenas 20 voluntários, hoje já são cerca de 1.200. E o projeto está fazendo escola: outros seis vilarejos começaram a criar arte viva nos arrozais.