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'Um navio de cruzeiros que não parecesse navio': o novo Norwegian Prima

Foi o que a NCL pediu para a Fincantieri projetar na embarcação que inaugura uma classe na empresa. Estivemos a bordo em primeira mão, na viagem inaugural na Europa

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Por Redação
Atualização:

Por Nathalia Molina*

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O novo Norwegian Prima não dá a sensação de ser um grande navio. Mas é. Com 294 metros de comprimento, tem uma capacidade total de cerca de 3.100 passageiros. No entanto, a embarcação, que inaugura classe premium na Norwegian Cruise Line (NCL), possui tantos ambientes espalhados para você escolher que não tem aquela impressão de estar sempre cercado por um monte de gente, algo comum num grande navio de cruzeiro.

Detalhes de design do chão ao teto no navio da NCL - Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja  

Me senti assim, fosse relaxando na jacuzzi quentinha ao lado da piscina principal, tomando um drink no The Local Bar & Grill, escorregando com boia na água no Wave Waterslide, pilotando na pista de kart de três andares do Norwegian Prima, apreciando a paisagem a partir de uma espreguiçadeira no privativo Vibe Beach Club (só para adultos), vendo o musical sobre a Donna Summer e o teatro virando uma discoteca, curtindo um rock no Syd Norman's Pour House, dando umas tacadas campos temáticos de golfe do Tee Time, suando com infravermelho na sauna no Mandara Spa ou olhando as ondas no mar durante a navegação numa cadeira na área interna ao lado do Starbucks.

Pude experimentar um pouco de tudo isso e mais durante o cruzeiro inaugural do navio na Europa, numa semana de navegação em agosto, entre a Islândia e a Holanda, que começou com batismo e show da Katy Perry no Norwegian Prima. E entendi o que Harry Sommer, presidente e CEO da NCL, quis dizer quando explicou o que a companhia americana pediu à construtora naval italiana Fincantieri, durante a coletiva à imprensa internacional concedida a bordo do Norwegian Prima.

"Nós queríamos um navio de cruzeiros que não se parecesse com um navio de cruzeiros. Foi o que pedimos. Algo que, quando você estivesse a bordo, pensasse estar num lugar bonito em qualquer lugar no mundo. Não queríamos aqueles ambientes enormes, aquela decoração exagerada", afirmou na coletiva durante o cruzeiro na Europa. "Queríamos criar algo que realmente fosse acima do nível e desafiamos a Fincantieri: 'nos mostrem um desenho que seja assim'. E eles retornaram com um, que não foi exatamente como este aqui, nós aperfeiçoamos ao longo da fase de design-building (de construção do desenho do projeto), mas ficamos muito impressionados e pensamos que podíamos construir algo assim", contou.

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Átrio inspirado nas curvas do Museu Guggenheim de Nova York  

Estela Farina, diretora da NCL para o Brasil, destaca a importância do visual e dos acabamentos da nova embarcação, que tem o átrio inspirado nas curvas do Museu Guggenheim de Nova York. "Vale lembrar que o navio foi construído na Itália. O Prima é o primeiro de seis que foram contratados do estaleiro na Itália, com uso de design. As cabines, os móveis, tem todo um conceito, uma preocupação com a decoração", me disse Estela durante a viagem inaugural.

Do chão do teto, todo detalhe parece pensado para não escapar ao conjunto. "Cada designer foi responsável por uma área. Tem o artista que criou o jardim das esculturas (com peças de Alexander Krivosheiw), outro que fez o The Haven (a área vip da NCL)", explicou Estela.

Decoração da cabine do novo Norwegian Prima  

As cabines, de acordo com ela, mantêm os mesmos temas e a tonalidade predominantemente azul, mas podem ter um toque diferente de uma categoria para outra. Existem cabines internas, com escotilha e com varanda. "As escotilhas são maiores para entrar mais luminosidade", disse a diretora da NCL. "As cabines têm uma variedade de tamanho também. Tanto da varanda em si como da cabine também. Podem variar de 21 a 30 metros quadrados. É um ótimo tamanho."

NCL no Brasil e viajantes brasileiros nos navios da empresa

Após a coletiva, perguntei ao CEO da NCL se a companhia tinha planos de voltar a trazer um navio para o litoral brasileiro. No próximo verão, o Norwegian Star passa por aqui, na navegação do Rio a Buenos Aires, mas a empresa não irá participar da temporada 2022/2023 de cruzeiros no Brasil.

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"O governo do Brasil torna muito difícil operar navios lá regularmente. Tem muitas regulamentações, o que se torna um desafio para nós. Até que eles reconsiderem isso, será muito difícil levar um navio para lá", respondeu Sommer, referindo-se a taxas de porto e legislações trabalhistas para a tripulação, reclamações frequentes na indústria em relação às exigências brasileiras.

O presidente da companhia reforçou que o Brasil é considerado um mercado-chave pela NCL. "Já estive no Brasil uma meia dúzia de vezes, para apoiar o trabalho feito pela Estela", lembrou. "Durante a covid, como em todo lugar, a procura caiu, claro. Mas, desde junho, vimos as reservas crescerem de forma consistente no Brasil, incluindo viagens no Prima, mas não só para ele."

Para até 3.100 passageiros, Norwergian Prima inaugura outra classe na NCL  

De acordo com a diretora da NCL para o Brasil, o brasileiro "gosta muito de novidade", o que leva o Prima a ser o mais vendido entre os brasileiros atualmente, em especial para viagens futuras. "Em abril de 2023, ele volta ao litoral europeu. A gente já tem muita procura. O Prima vai fazer roteiros também a partir de Reykjavik e um pouco do norte da Europa", explica Estela. Antes, até março, os roteiros são pelo Caribe.

Em agosto do próximo ano, o Viva, navio-irmão do Prima, será lançado na Europa. "Ele vai ter saídas de Lisboa. Vão ser roteiros lindos, de Mediterrâneo. E, quando ele for para o Caribe, vai oferecer roteiros desde San Juan, em Porto Rico", diz Estela.

Segundo a diretora da NCL, o brasileiro em geral começa a fazer cruzeiros no exterior pelo Caribe, mas o interesse por destinos na Europa vem crescendo nesse mercado. "É uma outra descoberta. A porta de entrada comum para quem vem para a Europa é o Mediterrâneo ou o Báltico. Esta temporada foi meio prejudicada por conta da Rússia, mas ainda assim roteiros que envolviam outros países do Báltico tiveram uma boa procura", contou. "Isso não é uma regra: o brasileiro faz o Caribe primeiro. Mas, se a gente for tentar traçar uma rota no exterior, poderia ser Brasil-Caribe-Mediterrâneo", afirmou Estela.

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* Sou jornalista de turismo há mais de 20 anos. Escrevo o Como Viaja | podcast de viagem

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