Por Nathalia Molina*
Embarcar em Congonhas, aeroporto dentro da cidade de São Paulo, e duas horas depois estar em Bonito, no Mato Grosso do Sul: o voo direto da Gol agiliza muito a viagem para o destino, um dos mais importantes de ecoturismo no Brasil. A facilidade de conexão com Congonhas também se estende a outras capitais do País, como o Rio de Janeiro, com grande conectividade aérea com São Paulo por meio do Aeroporto de Congonhas. Estive no voo inaugural São Paulo-Bonito, realizado em 2 de dezembro, a convite da Gol.
Há 15 anos eu conheci o destino de ecoturismo, durante uma curta viagem quando eu editava o caderno de Turismo do Jornal da Tarde. Na época, a visita rendeu uma reportagem de capa para o suplemento. Como não havia uma rota aérea direta entre a capital paulista e o destino, desembarquei em Campo Grande e segui quatro horas de carro até o destino turístico final. Portanto, a proposta de voar diretamente para Bonito era tentadora.
Facilidade de acesso ao destino nacional de ecoturismo
Realmente o transporte até lá ficou muito simples. Como eu disse para algumas pessoas, é um luxo embarcar em Congonhas e duas horas depois estar em Bonito. O preço de lançamento da passagem também está convidativo, a partir de R$ 700 por pessoa, mais taxas de embarque. Espero que a Gol mantenha essa tarifa para a praticidade de conexão aérea se tornar de fato acessível a mais gente.
O novo voo deve aumentar o fluxo de visitantes em Bonito, sem ultrapassar a média de 240 mil por ano, limite previsto pelo destino. "Vai aumentar de imediato o público. Minha expectativa para Bonito, antes da pandemia, era de crescer de 5% a 10% ao ano. A projeção do novo voo e saindo de Campo Grande também, que a gente vai encurtar a distância em 60 a 70 quilômetros, essa conjuntura para mim dá que 2021 já bate 10%", afirmou Bruno Wendling, diretor presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur-MS), após a chegada do avião ao destino sul-mato-grossense. "Quando você pega a Gol, saindo de Congonhas, o principal mercado emissor do Brasil, é um marco, o divisor de águas no acesso a Bonito."
Janaina Mainchein, coordenadora do Observatório de Turismo do Bonito Convention & Visitors Bureau (BCVB), contou que a cidade já perdeu a captação de eventos por causa da falta de um voo direto da capital paulista. "Porque às vezes, por exemplo, para um médico pegar um voo, descer em Campo Grande e vir de van ou alugar um carro é complicado. Então a gente já deixou de trazer congressos na baixa temporada, o que vai ter um fluxo de visitantes, importante para garantir o emprego, a renda da população e a receita das empresas. Agora com esse voo da Gol isso muda", disse Janaina.
Segundo Eduardo Rodrigo Calderon, diretor de Controle Operacional e Engenharia da Gol, companhia que completa 20 anos em 2021, os destinos brasileiros vêm se preparando para apresentar as condições necessárias para a abertura de novas rotas. "Cada vez mais a gente está vendo os aeroportos se adequarem para poderem receber uma aeronave como essa, o que é bom para a cidade e para a companhia também", disse.
A Gol tem buscado cada vez mais investir em destinos regionais e voltados para o turismo, explicou Calderon. "A pandemia fez com que a gente acabasse mudando um pouco o foco. Todas as companhias aéreas no Brasil tinham uma parcela significativa de clientes de viagens corporativas e o lazer representava uma parte menor do mercado."
Embora as viagens a trabalho devam demorar mais para voltar, existe uma grande procura por turismo de lazer dentro do País. "As pessoas redescobriram o Brasil de uma certa forma, pelo fato de terem de viajar mais internamente. Isso de alguma maneira nos favoreceu porque a Gol é uma companhia essencialmente brasileira, cuja a maior parte da sua malha está voltada para o mercado nacional. Antes da pandemia, a gente tinha 85% da malha no Brasil."
De acordo com Calderon, a ocupação nos voos da Gol está muito alta e deve continuar assim. "A gente não vê nenhuma possibilidade de mudança. Claro que tem um temor com essas novas variantes, mas, com boa parte da população brasileira vacinada, a gente acha que não deve ter nenhum problema", afirmou.
Dois voos por semana São Paulo-Bonito, saindo de Congonhas
A Gol faz duas frequências semanais de Congonhas (CGH) para o Aeroporto Regional de Bonito (BYO), às quintas e aos domingos. Sem escalas, os voos têm horários bem práticos também, levando em conta o check-in e o check-out no hotel em Bonito.
Com partida de São Paulo às 12h40, o pouso no destino de ecoturismo está previsto para as 13h40 - o deslocamento leva duas horas, mas o relógio deve ser atrasado uma hora para estar de acordo com o horário local no Mato Grosso do Sul. Ou seja, quando o viajante chega ao hotel, distante menos de meia hora do aeroporto, o quarto já está liberado ou perto disso.
No retorno, o avião sai de Bonito às 14h20. O viajante tem de estar no aeroporto até uma hora antes no máximo para despachar bagagem. Então dá para escolher entre: café da manhã e almoço bem cedo; ou a primeira refeição mais tarde e um lanche antes do embarque (já que o serviço de bordo em voos nacionais está suspenso devido à pandemia). Seja qual for a decisão, a saída do hotel será antes do horário máximo estabelecido para deixar o quarto. A previsão de chegada ao Aeroporto de Congonhas é às 17h10.
Para marcar o lançamento do voo direto para Bonito, a Gol deu aos passageiros um nécessaire customizado pela artista plástica indígena Beni Kadiwéu. A ação, realizada com a Phytoervas, incluiu uma seleção de produtos de higiene e beleza veganos. Os grafismos e as cores usadas pela artista sul-mato-grossense, tornaram a lembrança especial.
Segunda rota carbono neutro do Brasil, após Fernando de Noronha
O voo no Boeing 737-700, com capacidade para 138 passageiros, é a segunda rota carbono neutro do Brasil, depois de Recife-Fernando de Noronha desde 1 de setembro de 2021. A neutralização de ambos é realizada pela Gol em parceria com a Moss, empresa internacional de tecnologia para serviços ambientais. Em 2020, ela criou o MCO2, o primeiro token lastreado em crédito de carbono usado para compensação de gases de efeito estufa. Desde março do ano passado, cerca de R$ 100 milhões em transações da Moss já ajudaram a preservar em torno de 735 milhões de árvores na Amazônia em projetos certificados e auditados internacionalmente.
Tanto na rota de Bonito, quanto na de Noronha, a Gol e a Moss doam aos passageiros e à tripulação a compensação individual da pegada de carbono desses voos. Todo mundo ganha um certificado, produzido em papel semente - vou plantar o meu e depois conto o que aconteceu. A companhia aérea não realizou o batismo do avião após o primeiro pouso no destino, para evitar o desperdício de recursos hídricos.
Em qualquer voo da Gol, o viajante pode compensar o carbono gerado com a sua viagem. No trecho de São Paulo para o Rio, por exemplo, isso custa R$ 2,38; de Brasília para o Rio, R$ 5,94; de São Paulo para Salvador, R$ 7,13; de Porto Alegre para Manaus, R$ 20,43.
* Sou jornalista de turismo, escrevo também o Como Viaja e apresento o Como Viaja | podcast de viagem, com dicas e experiências no Brasil e no exterior. Me acompanhe no Instagram @ComoViaja para novidades e curiosidades