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Ele (ainda) é o homem mais viajado do mundo.

O destino das malas perdidas

Querido mr. Miles: tive a minha mala extraviada há 20 dias e até agora não tenho noticias sobre o seu paradeiro. Já é a segunda vez que isso me acontece e, no caso anterior, o máximo que consegui foi uma indenização irrisória que não cobria o valor de meus pertences. Imagino que o senhor também já tenha vivido situações semelhantes. Quais são os seus conselhos?

Por Mr. Miles
Atualização:

Maria Amélia Cerqueira Neves, por email

 

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Well, my dear, lamento sinceramente o seu infortúnio. Unfortunately, enquanto passageiros e malas viajarem separadamente, a única alternativa que nos resta é orar para que, de um jeito ou de outro, com mais ou menos tecnologia, a jornada termine com um feliz reencontro na esteira de recolhimento de bagagens. No ano passado, darling, nada menos que 33 milhões de malas desapareceram durante viagens aéreas em todo o mundo. Para efeito de melhor compreensão, é como se quase toda a população da Argentina tivesse viajado e retornado sem seus pertences. Surprising, isn't it?

Meu velho amigo Lucien, muito espiritualizado, acredita que todas elas foram levadas para uma espécie de paraíso dos objetos pessoais de onde ressucitarão, some day, para voltar a servir aos corpos reencarnados de seus antigos proprietários.

Eu, particularmente, fico imaginando que muitas delas viajarão para destinos fantásticos e acabarão repousando nas prateleiras empoeiradas de algum departamento de achados e perdidos. Outras, of course, serão simplesmente surrupiadas.

É claro que eu já passei por várias experiências do gênero. Na primeira delas, quando perdi, oh, my God, uma garrafa de whisky Brora envelhecida por 30 anos e o melhor dicionário de farsi que jamais possui, aprendi a primeira regra básica sobre bagagens. Jamais despachar qualquer item de valor, seja ele pecuniário -- jóias, dinheiro e aparelhos eletrônicos for instance, --, seja ele emocional -- velhas fotografias, cartas de amor ou a camiseta da sorte de seu time. Mais que isso: aprendi, quando minha segunda mala foi extraviada, que a única forma de viajar longe de sua bagagem sem qualquer paranoia é ter a certeza de que ela só carrega itens que podem ser substituidos imediatamente.

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Os quais, by the way, podem variar de pessoa para pessoa. My beloved Nathalie, for instance considera insubstituíveis todos os sapatos que embala em sua valise. Por isso costuma pendurar quatro ou cinco tags de identificação em sua bagagem, além de identificar, um a um, todos os seus calçados.

Há uma outra lição importante para quem não suporta a idéia de chegar em seu destino com a roupa amarrotada, mal-cheirosa e ser obrigado a reutilizá-la após a ducha. No hurry. A pressa é aliada das malas que teimam em sumir. Oito em cada dez eventos de bagagem perdida ocorrem em conexões curtas. Se você chegar a um aeroporto de conexão com atraso e for obrigado a pegar um vôo diferente do previsto, é muito provável que sua mala escolha outra companhia e outro destino.

Segundo Captain Scott, um aeronauta de tempos mais românticos, as companhias aéreas odeiam bagagens -- e odeiam ainda mais perdê-las. O custo anual de rastreamento e reembolsos chega a 3 bilhões de dólares, valor que, convenhamos, ninguém gosta de perder. Don't you agree?

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