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Ele (ainda) é o homem mais viajado do mundo.

Sobre viagens temáticas

Mr. Miles: qual é a sua opinião sobre as viagens temáticas, que parecem ser uma tendência crescente no mundo do turismo? O senhor acha que as pessoas aproveitam alguma coisa dos lugares ou só se dedicam aos assuntos específicos de que vão tratar?

Por Mr. Miles
Atualização:

Osvaldo Cançado Flores, por email

 

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Good question, dear Osvald. De forma geral, considero qualquer tipo de viagem uma bem-vinda ruptura do cotidiano. Não há dúvida, however, que é o espírito do viajante que a torna mais ou menos valiosa. Vou lhe dar um exemplo: alguns anos atrás, em Veneza, vi um transatlântico ancorar para uma dessas visitas de um dia. Observando o desembarque, não pude deixar de reparar em um grupo de senhores que desceu do navio com seu tacos de golfe a tiracolo. Em Veneza? Wasn't it weird? Aonde, raios, eles iriam exercitar seus swings e puts? No Ca' d'Oro? No Canareggio?

Perguntei a um deles que, apressado, me informou que eles já tinham um carro a sua espera para levá-los a um campo de golfe no continente. Ou seja: Veneza, para aqueles golfistas, era apenas um porto mal-localizado. Is it possible?

Nevertheless, não se pode dizer o mesmo da maioria dos assim chamados viajantes-temáticos. Eu mesmo sou um deles, as you know. Com a frequência possível, viajo para praticar birdwatching.

Tenho enorme prazer em avistar pássaros raros e colecionar, na minha cabeça, suas imagens fugidias. Sempre que o faço, porém, aproveito cada momento de minha estadia para explorar os arredores, conversar com as pessoas, provar os sabores e entender as idiossincrasias locais. Trata-se, neste -- como em muitos outros casos --, de uma viagem comum com um hobby acoplado. Suponho que vivam as mesmas sensações aqueles que saem de casa para fazer turismo gastronômico ou que percorrem regiões inteiras de bicicleta. É, a meu ver, uma maneira inteligente de estabelecer limites para uma jornada e tornar mais intensa e qualificada a experiência.

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Exceto no caso das chamadas viagens religiosas, nas quais o interesse pelo destino é quase sempre mitigado pelo ardor da fé, os que optam por roteiros temáticos costumam ser viajantes mais experimentados, que sabem exatamente o que querem. Isso os torna, também, mais exigentes quanto à qualidade dos serviços que estão adquirindo. Assim são os que partem, por exemplo, para cavalgar ou pescar. Dê a um cavaleiro uma montaria inadequada... do you say pangaré?... e ele vai exigir seu dinheiro de volta. O mesmo ocorrerá com adeptos de fly-fishing que forem levados a rios pouco piscosos.

On the other hand, existem temas que provocam viagens, mas é como se não levassem a lugar algum. Tenho um amigo que só sai de sua casa em Cardiff para eventos de numismática. Conheço outros que percorrem o mundo para encontros de heráldica ou hagiologia. Esses, my fellow, não são viajantes temáticos. Seus próprios temas é que são uma viagem. Don't you agree?

 

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