Estou a exatos 78 dias em Gana e com certeza já manuseei mais de 78 sacolinhas plásticas. Elas estão por todos os lados, são embalagens onipresentes e peças-chaves no dia a dia dos ganenses.
Você vai ao mercado e tem suas compras acomodadas nelas. Normal, cena comum no Brasil também, ainda que lá já role um baita esforço para o uso de sacolas retornáveis. Vai comprar arroz com molho, a comida mais tradicional do país, leva a mistura num saquinho plástico fechado com um nó -- que, depois, é embalado numa sacola plástica. Para comer, basta abrir uma pontinha do saquinho com a boca e "sugar" o arroz. Vai comprar sopa, mesmo esquema das múltiplas sacolinhas. Água? Idem.
Se é o caso de comprar algo já embalado, como um refrigerante, um pacote de bolachas ou um chocolate, não se preocupe: o vendedor também vai colocá-lo numa sacolinha. Ainda que você ressalte que o consumirá imediatamente. Os ganenses abrem a garrafa/pacote/tablete dentro da sacola e vão bebendo/comendo o produto.
Todas essas embalagens plásticas, claro, vão parar em algum lugar. Há duas opções: ou são queimadas, como boa parte dos dejetos doméstico; ou vão para as ruas. Com um precário sistema de coleta de lixo, sobretudo nos subúrbios, e um quase inexistente sistema de reciclagem, as cidades e vilarejos de Gana têm as sacolinhas como elemento onipresente em suas paisagens.
Se você é novo por aqui, caminha desviando delas. Se é natural do país, nem repara. A não ser quando cai uma chuva brava, como tem acontecidos nestes dias. A água carrega o plástico, que por sua vez entope todo e qualquer buraco que encontra pela frente. O resultado são ruas completamente enlameadas ou mesmo inundadas. Quando se depara com uma dessas, tem de parar e repensar a rota para seguir caminho. Seja você estrangeiro ou ganense.