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Duas jornalistas caem no mundo unindo duas paixões: viajar e ajudar o próximo. Aqui, elas relatam as alegrias, os perrengues e os aprendizados dessa experiência.

Como eu vim parar no Oriente Médio

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Por Camila Anauate
Atualização:
Amã, capital da Jordânia: meu destino por 30 dias Foto: Estadão

9 de julho de 2017, 20 horas em Istambul, Turquia. Aguardo meu voo para Amã, a capital da Jordânia, no saguão do aeroporto. Ansiosa, curiosa, medrosa. Começo a pensar: 40 dias antes, essa viagem ainda era um sonho. Eu havia dito sim para mim e me dado três meses de presente. Um curto sabático. Que loucura! Naquele momento, ainda não havia traçado roteiro, comprado passagem, reservado hotel, nada. Mas sabia exatamente o que queria.

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Mais do que querer, eu precisava tomar outro rumo. Eu podia ser mais, fazer mais, ajudar mais. Havia chegado a hora. Comecei a procurar programas de turismo voluntário e escolhi passar um mês na Jordânia trabalhando com refugiados iraquianos e sírios. Essa seria a parte mais importante do meu sabático.

Por que refugiados? Por que Oriente Médio?

Porque estamos vivendo uma das piores crises migratórias da atualidade, porque países inteiros estão sendo destruídos e milhões de pessoas fugindo de casa. Porque eles não têm opção e falta ajuda. Porque eu sou descendente de árabe e queria conhecer esses meus familiares, ver de perto a situação, ajudar de alguma forma e tentar entender - se é que é possível entender tanta atrocidade.

"Caramba, é real!", penso. Ali, aguardando meu voo, com frio na barriga, eu sabia e não sabia o que esperar. Fazia e não fazia a menor ideia de como seria essa experiência. Nem como sairia dela.

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Até aquele momento, sabia que iria contribuir com a Organização Não Governamental MAIS (Missão em Apoio à Igreja Sofredora), presente na Jordânia desde 2014, com projetos sociais e humanitários em apoio a refugiados iraquianos cristãos e sírios muçulmanos. Escola para crianças, centro para gerar renda para mulheres, distribuição de mantimentos para famílias...

Fico pensando nas pessoas que vou conhecer, nas histórias que vou ouvir. Será que vou conseguir ajudar nas aulas de inglês? De artes? Como realmente estará a situação hoje?

O alto-falante me traz de volta ao presente. Última chamada para o voo 812 com destino a Amã. Corro.

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