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Duas jornalistas caem no mundo unindo duas paixões: viajar e ajudar o próximo. Aqui, elas relatam as alegrias, os perrengues e os aprendizados dessa experiência.

Em um passe de...bola!

Por Camila Anauate
Atualização:

A vida mudou no pequeno vilarejo de Mahes, há pouco mais de um ano, com a chegada daquele menino de sorriso maroto, cabelo moderno e pinta de craque, que com toda sua ginga brasileira conseguiu realizar um sonho, o seu, e criar outros tantos nos corações de crianças e adolescentes sírios, iraquianos e jordanianos.

Rafael, 25, ex-jogador profissional de futebol, é o missionário que idealiza e desenvolve o projeto Futebol Tocar nos rincões da Jordânia com refugiados, para refugiados. Ele chegou ajudando em diferentes projetos da MAIS Oriente Médio, mas nunca desistiu de tocar o seu. Conseguiu o aval da prefeitura para usar o campinho municipal, doações de materiais e uniformes, o apoio de outros jogadores brasileiros... E hoje comanda com seu apito treinos para meninos e meninas.

 Foto: Estadão

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Mais do que ensinar futebol, o projeto pretende resgatar princípios e valores como respeito, cidadania e tolerância. "No futebol você não vai ser campeão sozinho, é preciso tocar a bola. Você pode ser o camisa 10, mas não joga pelos 10", explica Rafael sobre o nome do projeto. "Aqui, muçulmanos e cristãos vão precisar tocar para serem campeões".

Todas as tardes, Rafael e Fabrício, o outro missionário que coordena o Futebol Tocar, carregam para o campinho cones, bolas, uniformes, apitos e um amor incondicional pelo projeto, pelas crianças. De repente, o campo lota, tem até plateia, e vira o lugar mais legal para se estar - e onde todos estão. Lazer gratuito, ambiente de verdadeira paz. Eles falam poucas palavras de árabe, os alunos, poucas de inglês, mas todo mundo se entende.

 Foto: Estadão

Outro dia o pai de uma criança, muçulmano, apertou as mãos de Rafael agradecendo por ele ter trazido paz e alegria ao vilarejo. "É emocionante poder mostrar o amor para pessoas que até então só conheceram a guerra", conta Rafael. "Já criamos um ambiente de tanta confiança que algumas crianças até se abrem comigo".

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E tem craque sendo formado - com sua boa vontade e seus bons contatos, Rafael conseguiu promover um campeonato e levar um dos meninos para fazer um teste em um clube profissional da Jordânia.

Ali, todos querem bater a bola com Rafael, como Rafael. Ou Rafaiel, como pronunciam as crianças. Pelo menos o corte de cabelo igual ao dele muitos já têm.

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