Com exceção do horário da missa, sábado e domingo também são dias de trabalho duro. Pelo menos para os ugandenses que vivem aqui na região rural do Lake Bunyonyi.
Homens e mulheres acordam cedo para cuidar de suas lavouras como sempre. E as crianças também entram na dança: ajudam a lidar com a terra com ferramentas e facões que chegam a assustar.
Os pequenos ainda usam o fim de semana para buscar lenha, usadas para cozinhar; madeiras, quando a família têm de construir/arrumar algo na casa; e papiro, planta que serve de matéria-prima para o artesanato local. Daí vale a máxima africana: eles equilibram tudo na cabeça e seguem seu caminho.
A arte de transformar o papiro em cestas, bandejas e peneiras é reservada principalmente para as senhoras mais idosas -- ainda que garotas por volta dos 15 anos já dominem a técnica. Muitas delas dão um jeito de vender seus produtos a turistas que aparecem no lago ou no mercado de Muko, realizado aos sábados. É uma forma de incrementar o orçamento familiar.
Outros moradores dedicam-se a um trabalho ainda mais duro: quebrar pedras. Você percorre a estrada principal da região, em qualquer dia da semana, e lá estão eles sentados nas beiradas, com o martelo em punho.
Quando no tamanho ideal, as pedras são reunidas por ali mesmo, até que algum interessado apareça -- elas são usadas em construções. Cobra-se cerca de 100 shillings (ou R$ 90) por uma tonelada de material.
Na manhã de um sábado qualquer, parei num destes pontos onde mulheres, homens e algumas crianças estavam trabalhando. Pedi para uma senhora me ensinar como se faz, e testei umas marteladas.
Mais tarde, fiquei tentando imaginar quantos dias de trabalho são necessários para que uma pessoa junte uma tonelada de pedras. Pelas ranhuras e machucados que vi em suas mãos, devem ser semanas e mais semanas. Sem tempo para descanso nos sábados e domingos.