Dentre as coisas que mais curto da cultura ganense estão os nomes das pessoas. Gosto na verdade do motivo pelo qual são escolhidos.
Aqui no centro (onde está Kumasi) e no sul (região de Acra), quase todos têm um primeiro nome de acordo com o dia da semana em que nasceram. Segundo a cultura Akan, uma das principais do país, a alma de um recém-nascido está ligada ao dia em que ela veio ao mundo. E a alma, para eles, é a parte de Deus que a criança recebe.
Se eu fosse daqui, então, seria Afia Bruna Tiussu. Pois Afia é o nome feminino referente à sexta-feira. Cada dia da semana tem um nome para eles e outro para elas. Ainda assim, são apenas 14 variações, o que explica eu já ter conhecido vários Kwabena (terça-feira), inúmeras Yaa (quinta-feira) e muitos Kojo (segunda-feira).
Deixo aqui a lista como curiosidade: Domingo: Kwasi (ele); Asi (ela) Segunda: Kojo; Ajao Terça: Kwabena; Abena Quarta: Kwaku; Akua Quinta: Yao; Yaa Sexta: Kofi; Afia Sábado: Kwame; Ama
Este primeiro nome é bastante usado em casa, entre os familiares. Às vezes eles utilizam o segundo, que pode ser um nome inglês ou africano. No caso dos africanos -- como Osei, Osu e Bawa --, existe a tradição de dar ao filho o nome de algum parente já falecido. Acredita-se que desta forma a criança terá as mesmas qualidades que a pessoa homenageada tinha.
Já aqui na escola o que conta mesmo é o nome inglês -- que pode ser o segundo ou o terceiro. Muitos adultos não possuem ou adotaram um depois de velhos, porque a prática se tornou comum recentemente, quando o ensino nas escolas começou mesmo a priorizar o inglês, língua oficial de Gana.
E na hora de batizar seus filhos os pais acabam usando as referências que têm: religiosas ou literárias, em sua maioria. Então temos estudantes aqui que se chamam Blessing (há uma aluna e um aluno), Precious e Confort. O que torna esses pequenos ainda mais insuportavelmente fofos.