A crise faz o viajante

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Por Redação
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Com a proximidade do verão no Brasil, voltam a avolumar-se, na caixa postal de nosso grande viajante, as consultas de leitores quanto a hotéis e a pousadas por ele recomendados. Mr. Miles agradece a atenção, mas volta a esclarecer que, embora tenha suas preferências, não considera ético manifestá-las em público. "Besides, my friends, a escolha de algumas em detrimento de outras ofenderia a muitos de meus amigos, compadres e afilhados, já que, como vocês sabem, tenho a felicidade de privar da amizade de muita gente around the world." A seguir, a pergunta da semana: Caro Mr. Miles: Cá estamos, de novo, mergulhados em uma crise financeira de grandes dimensões. As pessoas estão perdidas e eu sou uma delas. O que o senhor teria a nos dizer, do alto de sua vasta experiência? João Carlos Maranhão, por e-mail "Well, my friend, as crises revelam primeiro os ratos. São eles que fogem antes dos navios abalroados, embora não tenham como nadar. E são do mesmo barro os que se trancam em casa, abandonam planos, desistem de sonhar. Em alguns idiomas, fellow, o mesmo ideograma que define a palavra caos significa oportunidade. Eis, em minha modesta visão, uma maneira inversa e positiva de se lidar com situações that are beyond of our control. Minha amiga Caron Wank, que faz chover no deserto do Saara e tira o viço dos Jardins de Versalhes quando decide visitá-lo na primavera, julga-me otimista como uma Polyana. Não tenho, in fact, como desmentir sua perspectiva catastrofista em qualquer tipo de situação, mas atrevo-me a supor que reagir positivamente vale uma boa quantidade de pontos em qualquer bolsa de valores do planeta. Como viajante e inspirador de viajantes, prevejo preços melhores a curto prazo. That?s opportunity! O petróleo custa menos e a demanda, vítima dos roedores supramencionados, começa a baixar. O mundo, however, continua o mesmo. Veja bem, my dear Johnny: crashes like this one diminuem ativos, mercados, moedas e preços. Mas não diminuem o esplendor do Taj Mahal ou o fascínio do Templo de Karnak. Em meio a esse pânico súbito - ainda que aguardado - , tenho percebido a angústia de honestos cidadãos quanto às suas reservas financeiras. Que fazer? Aplicar em imóveis, os silenciosos causadores dessa crise? Confiar em bancos que se revelaram frágeis como cascas de ovo? Buscar ações em um momento em que o próprio capitalismo está sendo rediscutido? It?s unbelievable! Ninguém aí pensou em viajar? Aproveitar a oportunidade, juntar a família, os amigos e, at last, realizar aquela grande expedição de descoberta e emoção que, ao fim e ao cabo, é própria vida? Ora, ora, my friends. Que outra utilidade teriam essas debacles senão a de nos incitar a rever valores, desapegar de ativos que, por alguma barbeiragem ou algum ato de ganância em um escritório qualquer, estão sujeitos a virar pó de qualquer maneira? Aos que preferem desprezar minhas sugestões desejo, anyway, muita sorte em suas escolhas. E lembro que há ótimos negócios na Islândia a preço de banana?" * Mr. Miles é o homem mais viajado do mundo. Ele já esteve em 132 países e 7 territórios ultramarinos. É colunista e conselheiro editorial da revista ?Próxima Viagem?

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