A emoção de alcançar a cidadela pela Trilha Inca

Depois de quatro dias de caminhada e 42 quilômetros entre montanhas que chegam a 4 mil metros de altitude, surge a recompensa: a cobiçada Porta do Sol

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Por Fábio Vendrame - O Estado de S. Paulo
Atualização:

MACHU PICCHU - A chegada à Porta do Sol é pura emoção. Dali avista-se pela primeira vez Machu Picchu. Difícil conter as lágrimas. Elas brotam sem que você se dê conta. Diante de olhos marejados uma viagem de sonhos converte-se em realidade e se materializa bem ali a sua frente, numa cidade de pedra. Recompensa para quem encara os 42 quilômetros de sobe e desce em zigue-zague nos Andes. Caminho que costura montanhas a altitudes que ultrapassam os 4 mil metros. Fazer a Trilha Inca é o tipo de experiência que costumamos classificar de conquista pessoal.

 

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O trajeto completo dura quatro dias, com saída do quilômetro 88 da ferrovia que liga Cuzco a Águas Calientes. A opção é fazê-lo na metade disso, em dois dias, a partir do km 104. Seja qual for a escolha, é preciso agendar com antecedência, com agências e operadores credenciados.

 

As novas regras impostas pela direção do Parque Arqueológico Nacional de Machu Picchu estipulam um limite no número de andarilhos, e a espera pode alcançar até seis meses. Apenas 500 pessoas, entre turistas, carregadores, guias e cozinheiros, podem ingressar na trilha ao mesmo tempo. Postos de controle e orientação pontuam todo o percurso. O custo médio é de US$ 350 por pessoa, valor que inclui camping e alimentação.

 

Razoável preparo físico e, sobretudo, disposição mental ajudam no caminho. O trajeto que se convencionou chamar de Trilha Inca faz parte do Qhapaq Ñan, extensa rede de caminhos que entrelaçava todo o Império Inca, algo em torno de 40 mil quilômetros - contempla os territórios hoje ocupados por Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina.

 

Também é fundamental carregar na mochila apenas aquilo que você vai realmente precisar. Apesar de a trilha permanecer acessível o ano todo, a melhor época para fazê-la é no inverno, quando não chove na região. Por isso, um bom casaco é importante. Mas saiba que será usado apenas ao anoitecer. De dia, você estará empenhado em vencer o irregular calçamento do percurso.

 

No primeiro dia de trilha, são sete horas de pernada até alcançar a área de camping situada em Huayllabamba. O tempo todo acompanhado por visuais espetaculares, com sequências de montanhas e o Rio Urubamba tronando forte no fundo do vale.

 

O segundo dia é bem mais puxado, exige esforços e fôlego extras para cumprir seus 16 quilômetros. Você há de superar o ponto mais elevado da trilha, o Warmi Wañusca, a 4,2 mil metros sobre o nível do mar. A jornada termina em Pacaymayo.

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Depois da pauleira do dia anterior, o terceiro é até suave. São apenas mais 11 quilômetros de caminhada, e a maior parte do trajeto é plana, com poucas subidas e muitas descidas. Visita-se os sítios arqueológicos de Phuyupatamarca, Intipata e Wiñaywayna - um aperitivo para Machu Picchu.

 

O pernoite ocorre no acampamento-base, com direito a confraternização entre os viajantes. É quando gente do mundo inteiro se reúne e relata suas experiências até ali, a poucas horas de atingir o grande objetivo.

 

A saída do quarto dia é bem cedinho, antes de o sol nascer. Até porque a ideia é chegar à Porta do Sol (Intipunku, na língua incaica), a antiga entrada da área de acesso restrita a Machu Picchu, antes da aurora. Somente assim os viajantes acompanham a cidade ser paulatinamente iluminada pelos primeiros raios de sol. Dali em diante, apenas mais uma hora de caminhada antes de entrar na cidadela.

 

Alternativa. Menos procurada, a Trilha do Salkantay é uma opção à sempre concorrida Trilha Inca. São 50 quilômetros de percurso, entre o povoado de Mollepata e o vale do Rio Vilnacota, em Águas Calientes. Os aventureiros partem de 3.800 metros de altitude e chegam a 4.650 metros, em um caminho onde se observa a transição entre o clima seco dos Andes e o início da Amazônia.

 

Diversas empresas operam o trajeto, que, ao contrário da Trilha Inca, não tem limite de visitantes. Além do acampamento tradicional, há também o conforto dos lodges. O pacote com guias e refeições, cinco noites nos lodges e mais uma em Águas Calientes custa US$ 2.850 por pessoa na alta temporada. Informações: www.mountainlodgesofperu.com./ COLABOROU ADRIANA MOREIRA

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