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A viagem que não vale a pena com criança. Mas se quiser...

Que tal seu bebê cheirando a cinzeiro no fim do dia?

Por Monica Nobrega
Atualização:
A pequena Claire brinca no Fox Hill Park, inaugurado em janeiro. Foto: Camila Moreira/Arquivo pessoal

Defendo com convicção que qualquer destino serve para uma viagem com crianças, basta fazer adaptações. Só Las Vegas que não. Las Vegas é talvez o único lugar no mundo para onde eu acho que você não deveria mesmo levar seus filhos. 

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Las Vegas inteira cheira a cigarro. In-tei-ra. Pode fumar dentro dos cassinos. Carpetes e papéis de parede acumulam anos, décadas de fumaça impregnada. A brisa de bituca amanhecida “vaza” e se espalha pelos outros ambientes dos hotéis-cassino. E os cassinos estão sempre no caminho entre o seu quarto e qualquer outro lugar: o restaurante, o shopping, o outro hotel aonde você quer levar as crianças para ver as fontes dançantes, navegar na gôndola, brincar na montanha-russa ou apreciar a vista na roda-gigante. Sim, tem exaustor por toda parte; não, eles não dão conta. É tanta imersão inescapável – na própria fumaça ou nos vestígios dela – que o resultado são bebês e crianças com o mesmo cheiro de cinzeiro que você ostenta depois de uma balada com baforadas permitidas.

Hotel sem cassino? Tem – Vdara, Four Seasons, Mandarin Oriental, por exemplo. Mas são poucos e o clima neles é bem adulto. 

Tem parque e bicho de monte nos hotéis de Vegas. É a montanha-russa do New York New York (US$ 15). A roda-gigante do The Linq (US$ 9, criança; US$ 22, adulto). O braço mecânico Insanity no topo do Stratosphere (US$ 14, criança; US$ 25, adulto). O aquário Shark Reef (US$ 17, criança; US$ 22, adulto) no Mandalay Bay. Repare: são R$ 215 a R$ 330 por pessoa da família só nestas quatro atrações, que mal enchem dois dias. 

Pensou em escapar para a piscina do hotel? O problema das piscinas de Vegas é que a maioria delas fecha cedo demais, até as cinco da tarde, justo aquela hora em que a família volta cansada de bater pernas e as crianças – os adultos também – adorariam um tchibum para relaxar e brincar. 

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Em Vegas, anda-se muito mais do que as perninhas dos pequenos suportam, porque é isso que se faz na cidade durante o dia: ir de um hotel a outro para visitar a Torre Eiffel de mentirinha, a esfinge fake, o navio pirata. Tudo é gigantesco e longe, até a estação do monotrilho; com crianças, você vai gastar bastante em táxi ou estacionamento.

Ainda por cima, vai perder a noite de Vegas, os shows, os drinques, o sensual espetáculo Zumanity, do Cirque du Soleil, as baladas que ajudam a compor a alma da cidade.

A vida secreta. Contei para uma de minhas amigas mais próximas que escreveria esta coluna. Ela foi morar em Vegas há três anos; foi lá que nasceram suas duas filhas. 

Desde então, como moradora e mãe, ela vem descobrindo a vida secreta de Vegas, aquela que, na Strip, os turistas nem imaginam. A dos moradores. Nos últimos dias, minha amiga me encheu de fotos de passeios deliciosos com suas meninas.

O Discovery Children’s Museum (US$ 14,50), em Downtown Vegas, investe em interatividade para expor conteúdo de ciência, arte e cultura. Inaugurado em janeiro, o Fox Hill Park é um lindo espaço ao ar livre com brinquedões que estimulam a criança a se movimentar, gratuito, a 25 minutos de carro da Strip. 

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A 30 minutos de carro, Red Rock Canyon é uma área de conservação com trilhas entre paredões rochosos, mesma vibe do Grand Canyon. É a única atração que conheço entre as sugestões da minha amiga. É lindíssima, tem trilhas fáceis, banheiros e vários pontos aonde dá para chegar de carro. Um passeio incrível. 

Só não é a Las Vegas que você foi procurar. Aqui entre nós: tudo bem uma vez ou outra deixar as crianças em casa e fazer uma viagem com loucurinhas para maiores. É para isso que existe Vegas.

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