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Aconcágua: como entrar no clima e chegar ao pico dos Andes

No frio ou no calor, as condições atmosféricas determinam se vai ser possível completar o tour ao parque que abriga montanha argentina

Por Marcelo Lima
Atualização:
Puente del Inca. As águas do rio escavaram a rocha e criaram a escultura natural em forma de ponte Foto: Divulgação

MENDOZA - A Cordilheira dos Andes é a maior cadeia do mundo em extensão. Atravessa sete países latinos, mas é na Argentina que alcança seu ponto culminante, o Cerro Aconcágua. Conhecido como tour Alta Montanha, o passeio que leva o turista da cidade de Mendonza ao parque provincial que abriga o monte é oferecido por quase todas as empresas de turismo locais. E, tanto quanto degustar um bom malbec, não pode ficar de fora de seu roteiro. Para os amantes dos esportes radicais, então, o percurso pode reservar gratas surpresas. Rafting, cavalgada ou tirolesa, oferecidos em diferentes graus de dificuldade por entre paisagens de sonhos, são algumas das opções de lazer ao ar livre à disposição dos mais ousados. Antes mesmo de viajar, é essencial checar as condições climáticas e a necessidade de agendamento prévio: a maioria das atividades ocorre apenas em datas ou períodos específicos. Ao contrário deles, no entanto, o tour Alta Montanha pode ser feito o ano inteiro. Com relevantes variações de cor e luminosidade, a paisagem se mostra exuberante em todas as estações. No inverno, quem pretende chegar ao destino final da jornada precisa conferir se o parque está mesmo aberto na data pretendida, pois é grande o risco de nevascas e avalanches. LEIA MAIS: Confira 4 lugares para degustar vinhos em Mendoza Em geral, o circuito de ida e volta dura um dia inteiro e nele se percorre cerca de 200 quilômetros. Mas, mesmo que você não pretenda – ou o clima não permita – chegar ao ponto de destino, percorrer ao menos um trecho do caminho que leva ao Aconcágua é uma experiência para lá de recomendável. A grandiosidade e os acentuados contrastes da paisagem, em todas as etapas do percurso, são de impressionar.  De um lado, imensidões áridas, de areia e pedra, remetendo a um deserto ardendo ao sol. De outro, picos nevados, alguns permanentemente, sugerindo uma tardia era glacial. Em meio a eles, muitas lagoas e cursos d’água, de aparência gélida e azul profundo, que lhe servem de espelho e determinam pequenos oásis ao longo do caminho.  Dadas as circunstâncias climáticas, para o nosso grupo o trajeto foi mais curto. Partimos do hotel por volta das 9 horas, em direção à antiga estrada que interligava Mendoza ao Chile, refazendo a rota do libertador argentino San Martín, rumo à sua heroica travessia dos Andes, em 1817. Quase despercebida no meio do caminho, uma pequena capela demarca seu ponto de partida.LEIA MAIS: O que fazer na charmosa Vale do Uco Alguns quilômetros dali, já no sopé da cordilheira, nossa primeira parada para abastecimento. A locação não poderia ser mais ilustre: as antigas instalações do Hotel Termas Villavicencio, antigo ponto de encontro da elite argentina, hoje desativado, que dá nome à marca de água mineral mais popular do país. A partir daí, a cordilheira se impõe e, à medida em que avança em altitude, o frio aumenta, o vento começa a se fazer notar, o tira e põe de roupas diante das bruscas variações de temperatura se torna inevitável. Tanto quanto um agasalho tipo corta vento, munido de zíper.  Até Cruz de Pamarillo, a 3 mil metros de altitude, que nos proporcionou a primeira vista do Aconcágua, são mais de 300 curvas, em terreno íngreme e acidentado. Uspallata, um pequeno oásis com cerca de 4 mil habitantes, foi a próxima parada. Célebre por ter servido de cenário ao filme Sete Anos no Tibet (1997), com Brad Pitt, oferece boa estrutura turística. Além de um café quentinho, não deixe de saborear as empanadas (em média, 10 pesos argentinos ou R$ 3,90).  Chegamos à nevada Puente del Inca. Localidade famosa pela formação rochosa em forma de ponte, criada pela força da águas do Rio Las Cuevas. O local preserva as ruínas de um antigo hotel de águas termais, além de muitas barraquinhas de artesanato. Poucos quilômetros adiante, porém, fomos informados da impossibilidade de prosseguir viagem. No caminho de volta, uma parada para almoçar na estrada, em clima geral de satisfação. *O repórter viajou a convite do Ministério do Turismo de Mendoza e Gol.

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