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Arábia Saudita se abre ao turismo prometendo regras menos rígidas a visitantes

Governo saudita apresentou visto de entrada turística no país pela primeira vez e disse querer promover atrativos históricos e naturais; ideia é reduzir a dependência do reino em relação ao petróleo

Por Megan Specia
Atualização:
Ruínas de sítio arqueológico na cidade de Mada'in Saleh Foto: Tasneem Alsultan/The New York Times

E então, quem quer visitar a Arábia Saudita? O governo do país está prestes a descobrir. Suas autoridades afirmaram recentemente que abririam suas fronteiras para o turismo internacional, anunciando um programa de visto online para cidadãos de 49 países, com a intenção de diversificar a economia do reino e reduzir sua dependência em relação ao petróleo. O Brasil não está incluído nesta lista e, por isso, brasileiros precisam atender a mais exigências para poder visitar o país (saiba quais aqui).  

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Sob o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, a Arábia Saudita tem se mostrado disposta a impulsionar sua posição global e atrair investimentos, mas não está claro o quanto será atraente aos turistas: o país é notoriamente repressivo, provocando críticas negativas em razão de sua austera interpretação do Islã, que inclui rigorosos códigos sociais.

Algumas das regras que regiam o comportamento em público foram relaxadas sob o príncipe Mohammed, mas os visitantes ocidentais encontrarão uma atmosfera muito mais restritiva em relação à que estão acostumados.LEIA MAIS - Viagem à Arábia Saudita: o que você precisa saber

Há pouca tolerância com a dissidência, as alegações de abusos de direitos humanos são comuns e, no ano passado, o país foi objeto de condenações, globalmente, após o assassinato do escritor dissidente Jamal Khashoggi.

Ahmed al-Khateeb, o chefe de turismo do governo saudita, afirmou que a abertura do reino para turistas internacionais é “um momento histórico para o nosso país”.

Os viajantes estariam aptos a solicitar um visto com direito a múltiplas entradas, válido por um ano, que permitiria aos turistas permanecer até 90 dias no país.

Al-Khateeb ressaltou as cinco localidades consideradas Patrimônio da Humanidade no país e “a beleza natural de tirar o fôlego”. À Reuters, afirmou que as abayas - os robes que cobrem todo o corpo, usados pelas mulheres sauditas - não seriam de uso obrigatório para as turistas, mas que trajes discretos seriam exigidos delas, incluindo nas praias públicas. Ele também ressaltou que não haveria consumo de álcool.

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Adam Coogle, da Human Rights Watch, afirmou que o estímulo ao turismo é “parte de uma série de outros passos tomados para tornar o investimento na Arábia Saudita mais palatável”. “Ainda há um longo caminho a ser percorrido, obviamente”, afirmou. Ele também alertou que os visitantes teriam de tomar cuidado ao discutir qualquer assunto que pudesse ser considerado politicamente sensível.

A Arábia Saudita já recebe milhões de religiosos peregrinos todos os anos - mais de 1,8 milhão de pessoas visitou Meca somente em agosto, para realizar o Hajj, a peregrinação anual que constitui um dos rituais mais sagrados do Islã.

O príncipe Mohammed tem conduzido seu país a uma forma mais moderada do Islã. As salas de cinema se proliferaram, e o reino permitiu a realização de concertos e eventos esportivos (como a Fórmula 1) com público misto.

No ano passado, a Arábia Saudita pôs fim à proibição de mulheres ao volante e, este ano, o governo anunciou um relaxamento nas estritas leis de tutela. Várias pessoas que advogavam pelos direitos femininos exigindo o fim da proibição das mulheres dirigindo carros, porém, ainda estão presas - e, segundo relatos, foram torturadas. 

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