Aula (e muitos brindes) para entender a tequila

Tradicionalíssima bebida segue parâmetros rigorosos de produção e tem selo de autenticidade - além de copo especial e regras próprias na hora da degustação

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Por Tania Rabello
Atualização:

CABO SAN LUCAS - "Arriba, abajo, al centro, adentro!" Este é o brinde mexicano, que vai ficando cada vez mais empolgado conforme o teor alcoólico aumenta e se dissemina pelo cérebro. Afinal, estamos em uma aula de tequila com o estudioso Oliver Chong, que se autodenomina aficionado na bebida.

 

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Ele começa nos contando a história do drinque mais famoso do México - cujo nome, em espanhol, é substantivo masculino, enquanto em português é feminino - e como identificar, em primeiro lugar, a sua autenticidade.

 

Só pode ser chamado de tequila o destilado produzido exclusivamente com a planta agave azul, extraída de áreas específicas do Estado de Jalisco. Já o mescal, outro destilado mexicano que começa a entrar na moda - já há algumas mezcalerías espalhadas pelo mundo, normalmente localizadas em bairros descolados - também é feito de agave, de outro tipo que não o azul.

 

Chong explica, ainda, que o México dispõe de pelo menos 280 espécies da planta, a maior parte na região de Jalisco. "O agave azul é cultivado e espera sete anos para ser colhido e usado na produção de tequila, que pode ter de 35% a 50% de teor alcoólico", diz ele.

 

Para identificar a bebida autêntica, comece observando, na garrafa, se há o selo do Consejo Regulador del Tequila (Conselho Regulador de Tequila). No http://www.crt.org.mx/ há uma imagem do selo e todas as informações que devem constar no rótulo, além de notícias atualizadas sobre o mercado de tequila, entrevistas, estudos e muitas curiosidades.

 

Ritual. Devidamente munido do copo certo para degustar tequila, pequeno e estreito, chamado por lá de caballito (cavalinho), comece a provar as variedades.

 

A extra añeja passa um período mínimo de cinco anos repousando em barris de carvalho, segundo explica Chong. A añeja fica, em média, de um a três anos descansando nos barris. Outro tipo da bebida, a reposada, espera entre dois meses e um ano; e a tequila branca é destilada e engarrafada logo em seguida.

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"O sal e o limão devem estar a postos", alerta Chong. O ato de beber segue um ritual. Anote o passo a passo: tome um gole de tequila, e em seguida chupe levemente uma fatia de limão com um pouco de sal. "Se quiser, pode-se tomar, em seguida à tequila, suco de tomate, alternadamente", ensina.

 

Quanto às marcas, Chong informa que há 1.250 companhias fabricantes de tequila no México. Ou seja, são inúmeras e os preços variam bastante.

 

Para ilustrar, o instrutor cita um exemplar da marca José Cuervo - bastante conhecida no Brasil - produzida há 150 anos. "Ela ficou sete anos em barris de carvalho e será envasada em breve. A previsão é a de que cada garrafa custe US$ 3 mil."

 

 

ANTES DE BEBER...

 

Tequila

 

Planta: É feita exclusivamente com o agave azul (Agave tequilana) - há cerca de 250 espécies da planta no México. A produção da bebida, para levar o nome tequila, deve seguir as normas do Consejo Regulador del Tequila.

 

Destilação: Destilada duas a três vezes, a tequila resulta menos rústica. Seu teor alcoólico varia de 35% a 50%. O aquecimento da mistura antes da fermentação é feito exclusivamente no vapor.

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Detalhes: Não contém, dentro da garrafa, o verme chamado gusano, que cresce na planta do agave.

 

 

Mescal

 

Planta: Mais rústico, o mescal não está enquadrado nas normas do governo mexicano. Para ser considerada mescal, a bebida não precisa ser produzida somente a partir do agave azul e nem estar dentro da área delimitada para a fabricação da tequila.

 

Destilação: O mescal é destilado apenas uma vez, o que o torna mais rústico, com teor alcoólico entre 30% e 50%. O aquecimento da seiva do agave, antes da fermentação, é feito com lenha, o que modifica o gosto da bebida.

 

Detalhes: Algumas marcas contêm o gusano, que, acreditam os mexicanos, espanta os maus espíritos.

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