Berlim com design

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Por Redação
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"Nossa happy hour começa em meia hora", avisou a recepcionista inglesa ao entregar a chave eletrônica do meu quarto no One80 (foto), em Berlim. No lobby, um folheto anunciava os temas das festas programadas na boate do albergue, enquanto uma música da banda Guns N'Roses reverberava pelo saguão cinzento. Eu devia ter bebido alguma coisa antes de ver meu quarto ( 32 ou R$ 90; one80hostels.com). Praticamente nu, havia ali uma pia, um espelho, duas cadeiras em forma de cubo, quadros kitsch e um beliche - a cama superior estava com os lençóis amarrotados. Não havia toalhas (você pode alugá-las por 2). No piso inferior ficam os banheiros e chuveiros comunitários. Mas o fato é que dois proseccos restauram uma pessoa. Mergulhado numa poltrona de plástico no lobby, observei o menu de bebidas, cujo conselho para evitar ressacas era: "Continue bêbado". Como conciliar a consternação com beliche e banheiros com minha boa avaliação daquele lobby tão social? No último dia cheguei ao Plus Berlin (plushostels.com). Relaxando na sauna depois de uma longa semana, minha fé foi restaurada. Ao que parece, a cadeia italiana Plus Hostels acredita em desintoxicação. Quase todos os seus albergues têm piscina, sauna ou academia. No de Berlim, inaugurado há três anos numa antiga escola de design, um outro ingrediente reforçou essa combinação restauradora: arte. Luminárias decoradas com imagens de telas de Gustav Klimt, fotos digitais de cidades italianas clássicas inseridas no futuro. Antes de retornar ao meu quarto, com duas camas de solteiro confortáveis e banheiro privativo ( 32 ou R$ 90), fui ao estúdio de arte do hostel. Ocorreu-me que um único fator enaltece alguns albergues, que se tornam experiências excepcionais. Aqui e em Lisboa havia algo mais, que faltava aos de Lisboa e Barcelona: alma. Alma e camas de verdade, não beliches.

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