Bogotá, de coadjuvante a protagonista no turismo colombiano

Repleta de atrações, segura e com charme próprio, a cidade está cada vez mais em evidência - especialmente com a nova temporada de 'Narcos'

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Por Hyndara Freitas
Atualização:
As fachadas coloridas da Candelaria e os soldados que montam guarda na Casa de Nariño, residência oficial do presidente Foto: Fredy Bulles/Reuters

A Colômbia é um país de muitas faces, muitas culturas, muitos povos e muita história. Entretanto, é atrelado com mais frequência ao narcotráfico, principalmente por ter como cidadão mais conhecido Pablo Escobar, grande chefão do extinto Cartel de Medellín. A série Narcos, que estreou sua terceira temporada em setembro, tem sua trama ficcional calcada na realidade da história da guerra contra as drogas no país. Os novos episódios não contam mais com a presença de Escobar, interpretado impecavelmente por Wagner Moura nas duas primeiras temporadas, mas se comprometem a dissecar outro grande cartel, o de Cali. A nova temporada também conta com Bogotá como protagonista, pois a cidade é pano de fundo de grande parte do planejamento das operações policiais e sede dos órgãos oficiais – a abertura é estampada por seus pontos turísticos. Por isso, não se espante ao ficar interessado pela capital colombiana após assistir à nova fase da série. Visitar Bogotá quase 20 anos depois de toda essa história e o recente acordo de paz com as Farc é uma experiência e tanto. Já no aeroporto, o El Dorado, é possível perceber as mudanças pelas quais a cidade passou nos últimos anos. Entre sua estrutura moderna e impressionantemente grande, a segurança é comprovada em cada setor. O simples ato de trocar reais por pesos torna-se uma tarefa demorada: mostrar documentos, dizer onde mora e onde ficará hospedado, assinar papéis e até colocar digitais em duas vias. Ufa. Dinheiro em mãos, hora de sair do aeroporto – não sem antes passar as bagagens pelo raio X mais uma vez. Ao lado dos agentes de segurança, cães farejadores, identificados com bonés, roupas ou lenços do aeroporto. Não é permitido brincar com os animais, que não latem ou fazem algazarra: estão ali para identificar malas e produtos suspeitos – mais uma herança da guerra às drogas. A presença desses cachorros se repete em toda a cidade, seja em sedes de empresas, bancos, teatros, hotéis ou shoppings: ao lado de um agente quase sempre há um cachorro. Por outro lado, dificilmente você verá um cachorro de rua.  A realidade narrada em Narcos é ferida ainda não cicatrizada para os colombianos. Perguntei a alguns bogotanos se assistiam à série da Netflix, e muitos responderam que não. Alguns disseram que até assistiram a alguns episódios e os acharam fiéis à realidade, mas não tiveram interesse em continuar porque é uma história contada incansavelmente por todo canal de TV do país.  “A Colômbia tem tanto mais para mostrar, por que ficam tão apegados ao passado, como se nosso país se resumisse ao narcotráfico?”, questionou uma jovem com quem conversei nas ruas do centro. Uma guia turística, porém, disse que a série tem seu lado positivo: por ser exibida mundialmente, trouxe mais visibilidade para a Colômbia e aumentou o turismo, principalmente em Bogotá. “As pessoas assistem à série, ficam curiosas pelo país. Quando chegam aqui, percebem que temos muitas belezas e muita riqueza cultural para oferecer.”Trânsito para os fortes 

Bogotá é a terceira maior cidade da América Latina em termos populacionais. De assustar até paulistanos acostumados com os congestionamentos nas marginais às 18 horas de uma sexta-feira, o trânsito parece não ter fim. Além disso, os motoristas bogotanos gostam de abusar da buzina. A cidade tem área de 1.775 m², pouco maior que São Paulo, mas não conta com serviço de trem e metrô, um antigo anseio da população. A questão dos congestionamentos é tão problemática que a cidade tem um rodízio bastante restritivo, portanto quem alugar carro por lá deve ficar atento: nos dias pares, carros com placas de final par não podem andar pela cidade entre as 6h e 8h e das 15h às 19h. Nos dias ímpares, a regra vale para os automóveis com placas de final ímpar. Então, espere ver as ruas já cheias às 5h da manhã, quando os motoristas tentam fugir da restrição antes de chegar ao trabalho.  Sem metrô, a cidade se vira com ônibus, microônibus e o Transmilenio, sistema de corredor de ônibus expresso semelhante ao VLT de Curitiba (PR). Porém, fiquei surpresa com a quantidade de bicicletas nas ruas. Mesmo com poucas vias exclusivas – por lá, chamadas de ciclorrutas – os ciclistas andam entre os carros e ônibus ou na calçada, geralmente alcançando velocidades maiores que os veículos motorizados.