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Atrações no centro histórico da Cidade do México

É no e a partir do Zócalo que o intenso movimento da capital tem origem - e caminhar pela região é essencial

Por Bruna Toni
Atualização:
Catedral Metropolitana da Cidade do México no Zócalo Foto: Alex Cruz/Estadão

Entre erros e acertos em meio a um ainda desconhecido cruzar de ruas e avenidas com nomes de heróis ou datas nacionais, chegamos ao centro da quarta maior praça do mundo. O intenso movimento de pessoas para qualquer direção que se olhasse a partir daquele espaço cercado por construções claramente antigas nos traços arquitetônicos e na cor do envelhecimento indicava que ali estava o lugar que, há quase 700 anos, pulsa como coração do território chamado Cidade do México desde 1521. Seu nome oficial é Praça da Constituição, mas não há um só mexicano que a chame assim. Para encontrá-la de maneira certeira, melhor perguntar por seu nome popular, Zócalo, uma referência à base que foi erguida na praça para receber um monumento à independência do país - monumento este que jamais chegou a ficar pronto, restando apenas a base.  Se não soubéssemos das dimensões da Cidade do México, seria até crível dizer que toda a vida da capital está concentrada em seu centro. Seu espírito comercial está nas lojas de redes famosas e em barracas mais modestas. Ambas oferecem de tudo um pouco: há livrarias, engraxates, casas de câmbio, produtos esportivos, sapatos de noiva, restaurantes, bolos com a bandeira mexicana e mais uma enorme variedade de símbolos nacionalistas que surpreendem.  

Restaurante do centro decorado com a temática nacional, algo comum em todas as partes da capital Foto: Bruna Toni/Estadão

Outra característica que chama a atenção são seus pisos desnivelados e suas construções inclinadas, que escancaram o velho problema de afundamento da cidade, erguida sobre o Lago de Texcoco. Apesar do processo de drenagem, a pressão sobre terrenos arenosos e a desmedida extração de água para atender uma das cidades mais populosas do mundo agravaram a situação, principalmente no centro. Tortuosa assim é Catedral Metropolitana, que junto com o Palácio Nacional, sede da presidência, forma a dupla de edifícios mais importante do Zócalo. Ali, a primeira coisa que você vai aprender (se é que não foi exatamente isso que o levou até lá) é que, desde 1325, dois séculos antes de os espanhóis chegarem, a praça já era o centro político e religioso de Tenochtitlán, a capital do Império Asteca. Motivo pelo qual eles, os espanhóis, decidiram manter seu centro de poder no mesmo local. Assim, a Catedral Metropolitana foi erguida sobre os escombros do templo adjacente ao Templo Mayor, cujas ruínas estão preservadas e podem ser vistas bem ao lado da praça (leia mais abaixo), enquanto o Palácio Nacional está sobre o que um dia foi o palácio de Moctezuma, ou imperador asteca.   

As ruínas do Templo Mayor e dos edifícios que o rodeavam Foto: Bruna Toni/Estadão

Multicultural. Um dos maiores símbolos do domínio espanhol no México, a Catedral Metropolitana levou 200 anos para ser concluída desde que Hernán Cortez, chefe da primeira expedição espanhola ao país, ordenou sua construção, em 1573. Por isso, sua composição é uma mescla curiosa dos estilos gótico, barroco e neoclássico.  E não só de influências europeias sobrevive o Zócalo. Dentro do Palácio Nacional, a principal atração é algo demasiado mexicano: os murais de Diego Rivera. Cobertas pela arte colorida e provocativa do pintor, as paredes dos corredores do edifício hipnotizam, tamanha a expressividade das cenas produzidas entre 1929 e 1951.  Para vê-las sem custo algum, basta ir de terça a domingo, quando também há visitas guiadas às 10h (120 pesos ou R$ 20).  

Monolito pré-hispânico de 8,5 toneladas encontrado nas escavações do Templo Mayor Foto: Bruna Toni/Estadão

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WALKING TOURS O coletivo Estación México faz diariamente, a partir das 11h, walking tour pelo centro histórico – é gratuito, você colabora se e com quanto quiser. Parte da Catedral Metropolitana e vale para começar a conhecer a cidade. GASTRONOMIA O lado gastronômico do centro é imperdível e impressiona pela qualidade e pelo preço. Passe numa padaria para levar pães doces e em um de seus restaurantes onde o lombo do porco que recheia os tacos é assado na rua. Peça pelos típicos taco al pastor e pela sopa pozolo.

Também é possível almoçar em resturantes mais sofisticados pelo equivalente a R$ 80. Um deles é o Azul Moderno, localizado no centro histórico. O restaurante fica no pátio central de um prédio antigo, muitíssimo bem conservado, onde há lojas de artesato, decoração e roupas. Prepare-se para se perder pelos corredores. Árvores de tronco retorcido cobrem o teto do restaurante e velas iluminam o salão, lindamente decorado com cerâmicas e toalhas coloridas. Renda-se ao peixe com banana da terra e guacamole e invista, se tiver coragem, nos grilos como entrada. Para almoços no fim de semana, convém fazer reserva.

Taco al pastor, um dos tipos favoritos dos mexicanos Foto: Bruna Toni/Estadão

VÁ A PARTIR DO ZÓCALO ​1. Templo Mayorbit.ly/tmayor​ As ruínas do mais importante templo asteca foram descobertas em escavações que se intensificaram anos 1970 e ficam a poucos metros da Praça da Constituição. Os pesquisadores observaram que o templo foi ampliado ao menos sete vezes até alcançar os 45 metros de altura que tinha à época da chegada dos espanhóis ao México - as marcas dessa impressionante engenharia estão visíveis nas várias camadas de pedra sobrepostas. Algumas das peças encontradas, como um monólito pré-hispânico de 8,5 toneladas, estão no museu anexo ao sítio arqueológico, aberto de terça a domingo, das 9h às 17h (65 pesos ou R$ 11).  

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Área interna do Museu de Belas Artes; ao fundo, seus murais permanentes Foto: Bruna Toni/Estadão

2. Palácio de Belas Artesbit.ly/belasartesmx​ Sede do Balé Folclórico e dos museus de Belas Artes e de Arquitetura, já recebeu orquestras do mundo todo e nomes como Placido Domingos e Luciano Pavarotti. Também foi o local escolhido para receber os funerais de Frida Kahlo e Juan Gabriel, cantor nacional que é para os mexicanos o que Roberto Carlos é para nós, brasileiros. Em seu interior, exposições de artistas nacionais e murais de Diego Rivera, José Orozco, David Siqueiros e Rufino Tamayo.   

Casa dos Azulejos chama a atenção pela fachada do século 18 Foto: Bruna Toni/Estadão

3. Casa dos Azulejos Chama a atenção a fachada azulada do edifício barroco de 1793, coberta de azulejos espanhóis da região de Tavelera de ka Reyna. Monumento nacional, o antigo Palácio dos Condes de Orizaba pertenceu a muitas famílias, foi sede do Jockey Club e, desde 1919, abriga uma loja de departamento da rede Sanborns. Tem café e restaurante no pátio.4. Casa Churra casachurra.com.mx​ Há várias casas que vendem churros, um legado dos ibéricos que se tornou bem popular entre latinos - sim, é impossível não recordar do seriado Chaves. Sem tentar resistir, experimentei a versão de avelã da Casa Churra (27 pesos ou R$ 4,50). Há também opções com amora, caramelo, morango, acompanhadas de sorvete, e até porções dos doces compridinhos.   

No centro, o quarteirão decorado do Barrio Chino, ou bairro chinês mexicano Foto: Bruna Toni/Estadão

5. Barrio Chino  O cantinho chinês do México começou a se formar no fim do século 19. Apesar de ter ‘bairro’ no nome, limita-se a um quarteirão. É decorado com luminárias vermelhas e douradas. Com mesas na rua, os restaurantes têm opções à la carte e por quilo. Lá, repare na ruelinha Callejón D las Damas, cuja história, contada por nosso guia do walking tour, é bastante curiosa. Nela, anos atrás, algumas mulheres ficavam à espera de homens para levá-los aos subsolos das casas. Mas, ao contrário do que faziam parecer, o objetivo não era o sexo, e sim encobrir os jogos ilegais que ocorriam ali.6. Museu de Desenhomumedi.mx​ Sua entrada no número 74 da Avenida Francisco Madero é discretíssima. Como seus vizinhos, ocupa um prédio antigo, e, o que parece ser só um café, se transforma num espaço descolado onde cabem exposições de ilustrações, desenhos e cartazes e uma lojinha com produtos originais (e caros).7. Secretaria de Educação gob.mx/sep​ O edifício na Calle República de Argentina é obrigatório a quem quer conferir mais do legado artístico de Diego Rivera. Atual sede da Secretaria de Educação e antiga escola onde Frida Kahlo estudou, preserva murais do pintor de 1922 que retratam as raízes pré-colombianas e lutas nacionais. Entrada gratuita. / BRUNA TONI

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