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Cimafunk, o artista que está reinventando a música cubana

Cria do coletivo musical Interactivo, o músico viu sua banda estourar em Havana e ganhar vários prêmios com o álbum de estreia, que começa a ganhar o mundo via streaming

Por Shannon Sims
Atualização:
Depois da meia-noite, a performance de Cimafunk em Gibara Foto: Todd Heisler/The new York Times

O show do Interactivo, nas noites de quarta-feira, em Havana, é obrigatório para conhecer os muitos sons de Cuba. O Interactivo é uma banda, mas também um coletivo exclusivamente cubano de artistas se dedicando aos seus próprios projetos. A adesão teve seus altos e baixos durante duas décadas. Cimafunk é um dos seus alunos. O teto baixo e o palco redondo onde o grupo se reúne regularmente, o Centro Cultural Bertold Brecht, é tão pequeno que você pode chegar a tocar os bongôs se não estiver dançando.

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Na noite em que estivemos lá o local estava repleto com uma multidão jovem cheia de energia, os casais se beijavam e balançavam ao som da música, enquanto os turistas dançavam na fila da frente. Os fumantes se reuniam no foyer e a fumaça pairava sobre a multidão.

O Interactivo é um grupo de 12 pessoas, às vezes mais, às vezes menos. Seus membros são jovens e velhos, brancos e pretos, homens e mulheres. O som que fazem desafia qualquer gênero de música particular, mas um rótulo fácil poderia ser “jazz fusion cubano”, com congas, cornetas, bateria e teclado. A história de Cimafunk é típica dos músicos que chegaram a Havana para tentar e vencer. Ele cresceu numa cidade no oeste da ilha, cantava na igreja e tinha intenção de se formar médico.

Depois que se mudou para Havana em 2011 ele rapidamente adotou o estilo de vida de um artista lutando para ter sucesso, lavando carros durante o dia e dormindo na casa de amigos. “Às vezes tocava no parque das 8h da noite até as 6h da manhã e, depois, dormia no Malecón”, disse. Em 2014, finalmente conseguiu um espaço no Interactivo e passou a cantar com o grupo até formar sua banda, também chamada Cimafunk.

A resposta do público foi quase imediata. O álbum Terapia, de 2017, com músicas como Ponte Pa’ Lo Tuyo e Me Voy, recebeu prêmios. Ned Sublette, músico e estudioso de música cubana que comanda turnês musicais pela ilha, diz que Cimafunk “foi o sucesso do ano em Havana com a música Me Voy. É uma música irresistível.”

A banda alcançou um público global por meio do streaming. Assinou contrato com uma gravadora de Miami e a Billboard citou Cimafunk como um dos “10 artistas latinos a serem observados em 2019”. Críticos de música o comparam a James Brown. Mas bebendo um mojito, sentado numa varanda uma noite após o jantar, ele parecia estar vivendo num tempo antes de um artista se tornar celebridade. Deu de ombros quando lhe perguntei sobre seu sucesso vertiginoso. “Acho que sou um sujeito de sorte”, respondeu.

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