Poucos lugares traduzem a alma do Rio de Janeiro com tanto êxito como os bares. Desde quando a cidade ainda era capital do Brasil, os botequins se firmaram como espaços mais democráticos, abrigando Fla-Flus políticos e cenas dignas de um samba de Noel Rosa.
Com o passar do tempo, porém, alguns bares clássicos foram perdendo clientela e força, fechando as portas em algum momento. Outros, contudo, conseguiram superar adversidades, enfrentaram a concorrência com os bares modernos, e tornaram-se verdadeiros patrimônios culturais da cidade. Selecionamos cinco destes bares centenários, tombados pela prefeitura da capital fluminense e que seguem como pontos de referência do estilo de vida boêmio da Cidade Maravilhosa.
1. Café Lamas (Flamengo)
Na zona sul, o bairro do Flamengo é o reduto do Café Lamas, um dos estabelecimentos gastronômicos mais famosos do Rio de Janeiro, que completou 145 anos em 2019 e acompanhou de perto as mudanças históricas na cidade.
Notabilizado pelo clima informal, o local ganhou notoriedade pelas visitas ilustres que recebeu ao longo do tempo, como Getúlio Vargas, Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek, Dercy Gonçalves, Chacrinha, João Nogueira e Paulinho da Viola.
Antes de funcionar no atual endereço, o Lamas funcionava a poucos metros de distância, no Largo do Machado, no bairro do Catete. Naquela época, fechou somente durante a Revolta da Vacina (1904) e após o suicídio de Vargas, em agosto de 1954. O local também serviu de palco para a criação do Clube de Regatas do Flamengo e do Fluminense Football Club.
Em seu amplo salão, a clientela pede clássicos como o filé à Oswaldo Aranha, acompanhado de arroz, batata frita e farofa (R$ 119, para duas pessoas).
Serviço
Rua Marquês de Abrantes, 18, Flamengo; (21) 2556-0799. Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 9h30 às 2h. Sábado e domingo, das 9h30 às 3h.
2. Nova Capela (Lapa)
Um dos principais berços da boemia carioca, o bairro da Lapa, na região central do Rio, abriga o Nova Capela, inaugurado em 1903 e que em pouco tempo se firmou como ponto de encontro de artistas, políticos, jornalistas e escritores, que tinham como hábito virar a noite do local.
Cercado por boates e casas de show, como o Circo Voador, o estabelecimento ficou famoso por ter sido frequentado assiduamente pelo transformista Madame Satã, icônica figura da cultura marginal carioca que, reza a lenda, teria matado o compositor Geraldo Pereira no antigo endereço do Capela, no Largo da Lapa.
A flexibilidade no horário de serviço do restaurante, que atualmente funciona até 1h (em outros tempos a casa fechava às 4h), sempre foi um trunfo do Nova Capela, acostumado a receber clientes famintos pelo famoso arroz com polvo, uma boa maneira de iniciar o tratamento contra a ressaca.
Com muita influência portuguesa, o cardápio tem pratos como bolinho de bacalhau e o tradicional cabrito assado, presente no cardápio há mais de 50 anos e tido como o melhor da cidade. Ele é servido com arroz de brócolis, batata corada e alho frito (R$ 139, para duas pessoas).
Serviço
Avenida mem de Sá, 98, Lapa; (21) 2252-6228. Horário de funcionamento: segunda a quinta e domingo, das 11h à meia-noite. Sextas e sábados, das 11h às 2h.
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3. Armazém São Thiago (Santa Teresa)
Quem passa por Santa Teresa, famosa pelo passeio de bondinho sob os Arcos da Lapa, tem a oportunidade de conhecer o Armazém São Thiago, parada obrigatória de foliões durante o Bloco das Carmelitas, tradicional no bairro.
Popularmente conhecido como Bar do Gomes, a casa ganhou este apelido em meados de 2003, em referência ao neto do dono do estabelecimento, que veio de Portugal para trabalhar no local. Em setembro deste ano, o bar completou 100 anos de existência.
Com parte da arquitetura original preservada, o Armazém chama atenção pela variedade de vinhos e cervejas, que servem de decoração para o local. O custo-benefício também é um dos chamarizes. A porção de croquete alemão custa R$ 26, enquanto a caipirinha, um dos sucessos do bar, sai por R$ 13.
Serviço
Rua Áurea, 26, Santa Teresa; (21) 2232-0822. Horário de funcionamento: segunda a quinta, de 12h à meia-noite. Sextas e sábados, de 12h à 1h. Domingo, de 12h às 22h.
4. Bar Luiz (Centro)
A Rua da Carioca é onde está o Bar Luiz, um dos botequins mais antigos do centro do Rio. Funcionando desde 1927 no atual endereço, que fica nos arredores do parque Campo de Santana e do Teatro João Caetano, o bar foi inaugurado ainda no final do século 19, com o nome de Zum Schlauch, na Rua da Assembleia, e é facilmente identificado pelo chamativo ‘39’ sobre a entrada.
Tendo o chope como carro-chefe da casa, o bar se diferencia pelo cardápio com pratos alemães, que inclui salsichas, chucrutes e a famosa salada de batatas.
Com clientela em baixa e dívidas, o bar quase fechou as portas em setembro deste ano. Contudo, uma mobilização de amigos e frequentadores fez os donos mudarem de ideia, mantendo o negócio aberto.
A sugestão da casa é o filé à milanesa com salada e batata (R$ 45, para uma pessoa).
Serviço
Rua da Carioca, 39; (21) 2262-6900. Horário de funcionamento: segunda a sábado, 11h30 às 18h.
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5. Casa Paladino (Centro)
Coração do centro histórico da capital fluminense, Rua Uruguaiana é, desde 1906, o endereço da Casa Paladina, com pratos de influência portuguesa. O estabelecimento alterna entre botequim, armazém e mercearia, possuindo uma vasta variedade de vinhos e cervejas, expostas em altas estantes de madeira que servem de decoração para o local.
Entre os pratos mais pedidos da casa está o omelete de bacalhau (R$ 26, porção individual). O sanduíche triplo também é campeão de vendas e pode ser generosamente recheado com ovo, presunto e queijo (R$ 12). Além dos petiscos e bebidas, os clientes também podem comprar frios, pães, e azeites.
Serviço
Rua Uruguaiana, 224; (21) 2263-2094 Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 7h às 20h30.